Eu estava em meu quarto, me recuperando da queda da glicose, quando recebi a ligação. Li "Omma" na tela do meu celular. Atendi como qualquer outra ligação de minha mãe, sempre animado e carinhoso, mas tudo que eu pude ouvir era o choro do outro lado da linha, e quando finalmente ela conseguiu me dar a notícia, eu desabei.
Taehyung me perguntou por que eu estava chorando, respondi entre soluços e ele me abraçou forte. Disse que iria comigo até Busan e me acompanharia, mas eu disse que não precisava, não queria incomodar ninguém. Mesmo assim ele insistiu, fracassando logo depois. Fomos juntos até a estação de trem e nos despedimos com um abraço.
— Taehyung... — disse hesitante.
— Sim, Jiminie hyung. — ele respondeu com o rosto enterrado em nosso abraço.
— Promete que vai cuidar do Jungkook? — me desvencilhei de seus braços e olhei dentro de seus olhos.
— Claro hyung, cuidarem muito bem dele. Não tenha pressa para voltar, fique o tempo que precisar, ele vai entender. — Taehyung dizia com convicção, eu confiaria a minha vida a ele.
— Mas por favor não fale do que aconteceu, diga que eu apenas fui visitar os meus pais. Eu mesmo conto para ele quando voltar. Muito obrigado Tae, eu não sei como agradecer. — eu disse logo antes de ouvir o meu trem chegando.
— Não precisa agradecer. — ele me envolveu em outro abraço, ainda mais intenso que o anterior, porém mais rápido. — É o seu trem. Tchau hyung, eu te amo. Tudo vai ficar bem com o tempo. — o mais alto disse com carinho.
— Tchau Tae, também te amo. — nos olhamos pela última vez e eu entrei em meu vagão.
Coloquei minha mochila no bagageiro acima de minha cabeça e fiquei apenas com meu celular e o fone de ouvido em mãos. Olhei para os meus contatos recentes no aplicativo de mensagens:
Omma: off-line
Namjoonie: online
Appa: off-line
Kookie: off-lineAquilo doía demais. Coloquei os fones e selecionei minha playlist favorita: "Sad songs". Encostei a cabeça no encosto do banco e fechei os olhos. Foquei minha mente apenas nas músicas, tentando esquecer todo o desastre à minha volta. De tanto cansaço, acabei adormecendo. Após algum tempo, pude ouvir a voz de uma garotinha em um banco próximo sussurrando para sua mãe:
— Mamãe, aquele não é o Jimin do BTS? É sim, é ele olha!!! — ela falava com muita animação.
— Fale baixo querida, não podemos incomodar ele. — a mãe disse com calma enquanto arrumava o laço no cabelo de sua filha.
Olhei em sua direção e então vi seu rosto triste, não queria fazer mais ninguém sofrer.
— Ei, mocinha, quer tirar uma foto comigo? — eu disse com a voz baixa.
— Vai filha, ele está te chamando. Seja educada! — a mulher aconselhou.
— Tudo bem mamãe. — a garota respondeu obediente enquanto caminhava até o assento vazio ao meu lado.
— Qual é o seu nome? — perguntei a ela.
— Meu nome é Moon SunHee.
— Que nome lindo! Sabe o que mais é lindo? Esse laço no seu cabelo, faz você parecer uma princesa. — eu adorava crianças e sempre soube como lidar com elas.
— Sério? Muito obrigada Jimin oppa. Eu gosto muito de você!
— Eu também gosto de você SunHee! Quantos anos você tem?
— Eu tenho 7 anos, mas já sou gente grande, sabia? Eu já ajudo a mamãe com as tarefas da casa e o papai com os papéis do escritório. — ela fez uma pequena pausa e me observou com atenção. — Ei, você parece triste. Alguma coisa triste aconteceu com você, oppa? — crianças sempre percebem, elas têm o dom de perceber coisas que ninguém mais nota.
— Aconteceu sim uma coisa triste comigo. Mas é melhor não falarmos sobre isso. Que tal tirarmos a nossa foto? — tentei mudar de assunto já pegando o celular das mãos de SunHee.
— Espera oppa. — ela me surpreendeu com sua expressão preocupada. Soltei o celular e olhei para seus olhos, esperando o que ela iria me dizer. — Eu não quero ver o oppa triste. Coisas tristes vão passar, e um dia você nem vai lembrar mais por que estava triste. Uma vez meu peixinho Nemo morreu, eu fiquei muito triste e chorei bastante, mas depois eu parei de ficar triste e agora eu só sinto saudade. Não fica triste por favor, oppa. Eu te amo. — SunHee me abraçou fortemente, ela era uma criança adorável. No fundo eu via sua mãe sorrindo. Lágrimas ameaçaram rolar pelas minhas bochechas mas eu me contive a tempo.
— Muito obrigado SunHee. O oppa não vai mais se sentir triste. Mas não conta para ninguém que algo aconteceu comigo okay? Pode ser nosso segredo? — segurei suas pequenas mãos.
— Claro Jimin oppa! É o nosso segredo. Agora podemos tirar a foto. — ela disse me entregando o celular, que por sinal, era de sua mãe.
— Claro! Sorria! — a foto ficou linda, a garota era realmente fotogênica.
— Obrigada por gastar o seu tempo comigo, oppa. Desculpa ter te incomodado. — a menina falou já se afastando de mim.
— Foi um prazer te conhecer, princesa SunHee! — fiz um fingerheart para ela e a mesma retribuiu sorrindo.
Ouvi a mãe perguntar sobre o que tínhamos conversado e a garotinha respondeu que era segredo. Se um dia eu tivesse uma filha, gostaria que fosse como SunHee.
Acabei por adormecer novamente e apenas acordei quando já estava em minha cidade natal, Busan. Olhei meu celular novamente e haviam algumas notificações, resolvi dar uma olhada. Uma mensagem em especial me chamou a atenção.
Kookie: O que aconteceu? Você está bem? Jin me disse que você passou mal. Responda assim que ler isso, estou preocupado.
Resolvi não responder. Não abri o aplicativo de mensagens, então Jungkook não saberia que eu tinha lido. Desliguei meu celular, precisava de um tempo.
Depois de pegar um táxi, lá estava eu novamente em frente à minha boa e velha casa. Local de muitas memórias felizes, mas que agora só fazia me lembrar dele. Um frio correu pelo meu corpo, tudo que eu queria era sair correndo dali, mas não podia. Segui o caminho de pedras que levava até a porta da frente. Toquei a campainha e minha mãe logo saiu, me abraçando.
— Oi mãe. Vai ficar tudo bem. — eu tentava a acalmar.
— Filho... Obrigada por vir tão rápido, eu sei que tem uma agenda lotada e é difícil arrumar tempo. — ela fez uma pausa, percebi que estava receosa de falar as próximas palavras. — O velório começa daqui uma hora. Entre um pouco, descanse.
— Tudo bem. — nos soltamos e adentrei a casa.
Subi as escadas e fui ao meu antigo quarto. Pôsteres de grupos da época da minha infância e adolescência cobriam uma das paredes. Abri o guarda-roupa e peguei o velho álbum de fotos da família. Folheei as páginas e senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto, imediatamente fechei o álbum e o guardei. Não estava pronto para isso.
Após algum tempo, minha mãe avisou que era melhor irmos logo. O choque de ver meu pai sem vida dentro de um caixão foi demais para mim. Sempre fui o filho único, dessa forma, recebia toda a atenção de meus pais, por isso éramos muito próximos. Resolvi ficar o tempo que fosse necessário para cuidar de minha mãe, já que minha tia estava viajando e voltaria logo para ficar com ela.
De repente minha mente se voltou para Jungkook. Será que aquele beijo foi um erro? Ele não gosta de mim da mesma maneira que gosto dele, por que gostaria? Daqui alguns dias ele terá alta do hospital e eu não vou estar lá.
Jeon Jungkook, se você estivesse aqui comigo, talvez não seria tão difícil.
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Oi gente! Desculpa pela demora. Espero que estejam gostando da fic. Comentem o que acharam!
Muito obrigada pelo apoio❤️
- Mah
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Lie - Jikook
FanfictionJeon Jungkook se envolve com bebidas e prostituição, se perde completamente de tudo e todos, mantém as aparências nos palcos com a ajuda da empresa, que cobre seus rastros descuidados, e Park Jimin é o único que pode salvá-lo de si mesmo. ...