2. Os Demônios Escarlate

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Antes de o ser humano ser a raça dominante, antes das armas de fogo serem os mais poderosos apetrechos de destruição em massa, antes da era das tecnologias, meios de comunicações por satélites, meios de transporte motorizados, existiu um mundo sombrio e vil.

Era por volta do ano 7400 a.C., uma era das trevas e repleta de batalhas e guerras incessantes, seres miraculosos, animais gigantes e incríveis. Uns de instintos assassinos, outros dóceis como um gatinho. Construções mirabolantes como a dos grandes engenheiros e arquitetos da atualidade.

Obras fantásticas como as dos grandes artistas do renascentismo, obras colossais pintadas ou esculpidas em ouro, encravadas com pedras preciosas, lindas peças de seda adornadas com fios de ouro. Um mundo fantástico, sem dúvidas, porém um mundo cruel e maligno, um local onde uma alma pura e doce não tem muitas chances de existir.


- Este mundo está uma bagunça mesmo, hein Zeul? - Alguém havia falado comigo, porém andava tão displicente...


- Desculpe, Crio. Estou lembrando de algumas coisas do meu passado. - Respondi, um tanto distraído.


- Você está lembrando do seu passado, ou do passado do nosso povo? - Fiz um longo silêncio, assenti e baixei a cabeça. - Parece que o mundo continua o mesmo: as trevas ainda estão sobre a face da Terra e o sangue continua a banhar o solo.

Um mundo cheio de maldade que não era proveniente apenas da ganância humana, onde os mortos também tinham influência sobre os vivos. Um mundo onde os elementos naturais podiam ser mensurados e usados como armas. Um mundo que deu origem à arquitetura e a vários costumes que temos hoje. Nesse mundo, a disputa por poder é incessante, pois, a única garantia de sobrevivência, é ser o mais forte.

Esse mundo foi chamado de Kurayami no Tochi - Terra das Trevas - uma denominação mais do que justa, tendo em vista que a luz era muito escassa nesse mundo ancestral e repleto de perigos.

Nesse mundo sombrio e impiedoso, existiram seres poderosos, nascidos das sombras e do desespero daqueles que viviam na dor que o mundo lhe impusera, os Cradles, seres com força sobre-humana, resistência inigualável e longevidade inquestionável.


A sala α


Enquanto caminhávamos à Sala α, eu, Marcus, Anny, os irmãos A, Crio, Kyle e sua equipe, vários sentimentos tomavam conta do meu coração. Senti uma angústia sem igual, meu coração acelerado e adrenalina a mil. Tudo dará certo, esse era o meu pensamento durante todo o percurso até o enorme complexo de dispersão α.


- Zeul, temos todos os dados referentes ao nosso inimigo bem aqui. Mapeamos todas as vias, todas as entradas e saídas da fortaleza dos Carnages. Já sabemos cada ponto que devemos atacar, cada local de detenção. - Disse Marcus, segurando firme um tablet gerando vários hologramas.


- Eles são poderosos, não é verdade, Marcus Rich? - Senti um aperto no coração, uma gota de suor descendo de minha testa.


- Zeul, você não confia em nossas forças? - O silêncio tomou conta de mim e minhas mãos tremeram um pouco.

Forças...

Alguns Cradles dominavam magia negra, utilizavam forças elementais e a energia natural, assim como a energia fundamental da vida que os chineses chamam de Chi.

Alguns mais hábeis, utilizavam a necromancia e até conjuravam espíritos ancestrais, invocando-os para suas batalhas sangrentas.


Fantásticos.

Os Cradles estavam acima de quase todas as outras espécies, se tratando de poder. Por esse motivo, tenderam a se tornar a espécie dominante, algo que trouxe muita dor a todo o Mundo das trevas. A soberba, o sentimento de superioridade, o orgulho... esses eram traços marcantes destes seres surpreendentes.

Reinos da Lua de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora