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Eu estava cheio.

Abastecido por álcool até a tampa, desligado do mundo como sob os efeitos das pílulas de veronal, caindo e erguendo ao mesmo tempo.

Precisava estacionar.

Parar no meio do mundo e esperar que a lua me esmague, dormir por cem anos até que o céu desabe, abrir os olhos no apse do fim da Terra e gritar para que tudo retroceda.

Era difícil.

Flores murcham rápido se não estiverem dentro de vasos cheios de água, peixes morrem em aquários vazios, carros não andam sem combustível.

Então voltei.

Os faróis piscam como luzes de Natal, as ruas só acabam quando tento atravessar as paredes, o tempo é vago e inconsciente.

O tempo.

Ele foi o grande responsável pela minha queda, arrastou-me até suas entranhas e me manteve lá até que passasse, eu estava perdido em seu corpo senil e extasiado até a borda.

Ode Aos Corações InflamáveisOnde histórias criam vida. Descubra agora