Terceiro

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No meio da tarde voltei com Jinhwan e Junhoe para meu lar, pois nossas aulas se estenderam até às 15h para adiantar matérias. Andando lado a lado, em alguns momentos, eu podia ver a mão do loiro segurar o pulso do menor e isso me fazia deixar sorrisos bobos escaparem dos lábios. Isso era o mínimo que podiam fazer fora dos portões da faculdade.

Lá dentro tudo tendia a acontecer, os adolescentes de hoje em dia não eram em tanto preconceituosos, todos ali estavam sendo educados a não agirem como estúpidos conservadores igualmente aos mais velhos de suas famílias e mesmo ainda recebendo olhares enviesados, eram em minoria.

Jinhwan hyung começar a namorar, no início, não era algo que eu conseguia engolir. Eu admito que também sentia ciúme de si, não queria perder o único amigo que tinha para alguém que eu sequer conhecia. Ele falava de um garoto alto, loiro e muito atraente que dançava a algumas salas após a sua; isso era extremamente irritante de escutar todo o santo dia.

Os namoradinhos demoraram um pouco para assumir seja lá o que eles tinham na época, meu melhor amigo e Junhoe se falaram uma ou duas vezes por meio de comentários aleatórios e depois ficaram apenas nos olhares nos meses que passaram.

Pareciam dois pré-adolescentes apaixonados.

Tudo isso resultou numa manhã pacata quando fui abordado com um beijo daqueles bem em minha frente, simplesmente assim, um beijo e as mãos entrelaçadas.
Bonitinho, mas enjoado.

— Tchau, baby. Tome cuidado para não dormir abraçado ao seu mais novo acessório. — Disse o menor. Como se Deus não estivesse satisfeito em ter me dado uma mãe irônica, Ele fez com que Jinhwan e eu nos tornássemos amigos.

E agora eu também tinha um Kim Bobby que nem precisava fazer audição para ser selecionado ao meu grupo de amizades.

++

Eu tinha passado duas horas da minha tarde recheada de trabalhos para colocar em dia escutando uma playlist engraçada que encontrei na internet. Não tinha sido qualquer tipo de música, ah, estava longe de ser qualquer tipo.

Eu havia gostado dos gritos e da rapidez de algumas delas e as vozes femininas – e por algumas vezes masculinas também – traziam uma harmonia bonita àquele monte de palavras ditas de um jeito embolado.

Mad Clown tinha uma voz anasalada gostosa e o jeito que colocava para fora todo o seu talento havia me conquistado. E ele era muito fofo. Nochang era realmente um gênio, Bobby hyung deveria ser louco por ele, pois eu fiquei. G-Dragon era um rei, pelo jeito fantástico de cantar, se comportar e também pela multidão de pessoas que lhe acompanhavam, dizendo-se seus fãs. Confesso que salvei boa parte de fotos para seguir seu estilo.

Eu não estava conseguindo mais parar de escutar aquele estilo de música e as pessoas que faziam parte dele. Em menos de vinte e quatro horas as baladas foram parar em um pendrive que eu usava apenas para emergências e o hip-hop tomou conta de metade da memória do meu celular.
Estou culpando inteiramente o garoto das estatísticas por isso.

Ele não me mandou escutá-los, mas sou curioso – não quanto ele – e não iria sossegar até estar totalmente imerso naquele mundo. Tantas coisas para uma semana só!

Anti do Vasco soava pelos meus fones de ouvido às seis da manhã depois dos incontáveis gritos da minha mãe me avisando que iria à casa de meus tios lhes encher o saco.

eyes, nose, lips ✧ double bOnde histórias criam vida. Descubra agora