Não acredito que ele teve a lata de me mandar mensagem, como é que ele tem o meu número sequer? Não tinha nenhum amigo ou amiga que lhe fosse dizê-lo assim de mão beijada.
A mensagem dizia uma simples coisa "qual é o teu nome?" Uma pessoa normal se calhar não ia entender mas eu sabia demasiado bem, como é que ele tinha descoberto? Só uma pessoa sabia, a minha melhor amiga mas ultimamente tinha andando muito descuidada com as coisas e provavelmente ou ele me tinha visto ou os amigos deles, a verdade é que ele sabia e agora não podia mentir, tinha tentando ignorar a mensagem durante horas, mas era impossível.
Era estranho uma miúda graffitar se calhar por isso é que ele queria saber, mesmo assim ele não podia saber.
Ele sempre tinha sido uma mera pessoa na escola até os olhares se começarem a trocar e até saber que ele também graffitava, foi aí que tudo se desmoronou, passei a vê-lo com outros olhos, ele chama-se Rodrigo. Tinha olhos azuis cor do oceano e cabelo castanho escuro o que quase nem dava para ver porque andava sempre com capucho, ele andava sempre com amigos e quase nunca falávamos mas os olhos por vezes diziam mais do que palavras.
A minha próxima aula era no auditório , iam juntar algumas turmas de anos diferentes para fazer uma apresentação que não sabia muito bem do que era, fui ter ao bar que era onde a Riley e a Lily estavam, sentei-me na mesa delas, a Riley estava com a namorada, nunca ninguém diria que depois de mudar de escola e de tudo mudar a Riley ia se confessar como lésbica, ela tinha sido sempre o tipo de pessoa que era tímida e mesmo eu que era uma das suas melhores amigas ela não contava nada, mas agora era diferente e estava feliz por ela, porque sabia que ela teve que passar por muito para ser feliz, a Lily estava a beber um sumo detox, assim que me viu ficou com um sorriso de orelha a orelha porque eu sabia como era secante estar com duas pessoas que a única coisa que fazem com a boca é junta-las, eu ri-me coma reação, apontei para o sumo e disse.
-Outra vez nessas dietas malucas?
-Não é uma dieta, eu gosto. –Disse ela e depois deu mais um gole como se aquilo fosse a vida dela, ela podia mentir o que quisesse mas eu sabia que aquilo não sabia bem, a Lily por vezes preocupava-me, ela não era gorda por mais que o dissesse vinte vezes ao dia para as pessoas lhe darem elogios.
Eu apontei para a Riley e a namorada e disse.
-Elas estão nisto há muito tempo?
-Desde que chegamos o que já foi a algum tempo, tu nem sabes, o stor que nos vai dar a aula sobre drogas é lindo, vi-o a preparar as coisas no auditório e acho que prestar mais atenção a ele do que ao que ele está a mostrar. –disse ela sorrindo, eu ri-me e quando ela percebeu o que disse riu-se também.
-Acho que não, depende do que ele te mostrar no fim da aula. -Disse eu e ri-me, a Lily era a rapariga mais atiradiça que conhecia, e ela conseguia sempre o que queria, por mais difícil que fosse.
A Riley e a Maria pararam finalmente de se beijar e riram-se.
-Nós sabemos que ela vai preferir mil vezes o que ele lhe vai mostrar no fim da aula, quer dizer esperemos que seja melhor que o do ano passado. –Disse a Riley.
Eu continuei a rir como uma parvinha, ela fez uma cara de nojo.
-Sim tenho a certeza que sim, nada era pior que aquilo. -Disse a Lily em sua defesa.
Tocou e eu finalmente parei de rir.
-Bem vamos lá ver se o professor é assim tao bom como tu dizes. –Disse eu pegando na minha mala e pondo o meu telemóvel no bolso do casaco.
-Acredita que sim, quando vires até vais querer partilhar.
Fomos até ao auditório que era do outro lado da escola, á medida que íamos andando e que a Riley e a Maria iam namorando e a Lily bebia a sua bebida nojenta eu tirei o telemóvel do bolso e vi outra vez a mensagem, mordi o lábio, foda-se será que mais alguém sabia? Ele era bem capaz de contar a mais alguém e dizer mentiras mas ele não parecia muito desse estilo de rapaz.
Isto tinha sido uma coisa só minha durante muito tempo, onde eu podia fugir da realidade do meu dia a dia e agora, agora não sabia como ia ser...
O auditório estava cheio de pessoas e uma professora na entrada que estava a mandar as pessoas para cada lugar, nós fomos mandadas para a ponta de uma das últimas filas de um lado, estava imenso barulho, eu fiquei no meio da Lily e da Riley.
-Aqui vai ser difícil veres o teu stor favorito. –Disse eu sorrindo para a Lily, ela pôs a língua para fora e rapidamente me deu uma resposta.
-Deixa estar que ele daqui a bocado vai estar bem perto de mim e eu vou conseguir ver ele em grande plano. –Disse ela ao meu ouvido, assim que ela disse isto eu desatei-me a rir.
Tapei a boca por que si que tinha sido muito alto, sei que quase ninguém reparou ou quis saber até uma pessoa duas filas abaixo da nossa olhou para cima e os nossos olhares focaram-se um no outro, porra eu não sabia que ele ia estar cá.
Baixei a cabeça, e quando a levantei ele já não estava a olhar para mim, era pior, estava no telemóvel.. E assim que ele desligou o ecrã eu recebi uma mensagem.
Ele começou a falar com o colega do lado, eu fui ver a mensagem e era dele, outra vez.
"Eu sei que viste a mensagem", parecia uma ameaça que me devia fazer sentir mal, mas não fazia e por isso eu só disse "Para que é que queres tanto saber Stilo?"
Stilo era o nome dele dos graffitis, sabia disso porque uma vez tinha-o visto, nunca percebi a ligação no nome.
Assim que mandei a mensagem as luzes desligaram-se e uma luz embateu no professor e um ecrã gigante iluminou-se, sabia que as piadinhas sobre as drogas iam começar, metade das pessoas neste auditório já tinham fumado mais do que um charro, não era uma coisa tão má como pensávamos á uns anos atrás ou mesmo como ainda algumas pessoas pensavam, era simplesmente uma coisa normal da adolescência, os tempos tinham mudado e as pessoas também assim como as suas mentes.
-Drogas. –Disse o professor começando assim a sua apresentação. –Quem aqui já fumou? E vá vamos ser sinceros eu quero essas mãos no ar de quem já deu uma assopradela.
O professor levantou a mão e assim as mãos começaram a subir, eu levantei a mão e a Lily riu-se pondo a mão no ar, a Lily era uma pessoa muito ativa não só na vida sexual mas como nas drogas, vivia mais como uma rock star do que muitas delas hoje em dia.
Mais de 50% das pessoas tinham a mão no ar e a pessoa que eu nem precisava de olhar para saber que já tinha fumado pôs a mão no ar, foi um segundo a olhar mas mesmo assim eu sabia que não o devia ter feito, até o nosso professor de filosofia pôs o braço no ar, o auditório inteiro riu-se.
-Exato, a maior parte de nós já fumou, o que não é uma coisa má se pensarmos pouco nisso, poucos fazem-no mais do que uma vez mas se pensarmos bem, vocês sabem as consequências de uma pequena assopradela?
Assim continuou a apresentação, uma hora onde ele explicou os vários efeitos de drogas e as suas causas, e depois chegou a parte das perguntas, eu levantei logo a mão, mas assim que o fiz o meu telemóvel vibrou no meu bolso.
O professor escolheu-me para ser a primeira pessoa para fazer a pergunta, a Lily deu-me uma cotovelada.
-Diz menina lá do fundo. -Diz ele olhando para mim.
-Porque é que dão-nos palestras de mais de uma hora sobre drogas mas nunca falam dos cigarros ou do álcool que são a 3ª droga mais viciante do mundo? –O auditório inteiro ficou a olhar para mim.
-Como é que te chamas?-Perguntou ele com um sorriso na cara.
-Broke. –Disse eu um bocado alto.
-Ok Broke, podíamos falar de todas as drogas que existem, até mesmo das que causam menos danos mas cada vicio é um vicio e como disse aqui depois do primeiro precisamos sempre de uma coisa mais potente. –Disse ele, e não sabia muito bem o que ele queria dizer com aquilo mas ficou na minha mente "cada vicio é um vicio".
Assim que ele disse isso eu recebi outra mensagem, a Lily ficou a olhar para mim e eu escolhi os ombros, fui ver as mensagens e diziam "já que tens tanta vontade de fazer uma pergunta responde então há minha" era a ultima que me tinha enviado mas a primeira dizia "para dizer há tua mãe" cabrão, se era assim que pensava que me ia fazer dizer estava muito engando.
-Quem é? –Perguntou a Lily olhando para o telemóvel que ainda tinha as mensagens eu desliguei imediatamente o telemóvel e alguém que eu sabia muito bem quem era fungou como se soubesse o que se passava.
-Sei la, era engano –Disse eu como resposta rápida, ela não caiu muito conseguia ver no olhar dela mas assim que o professor seguiu em frente e começou a responder a mais perguntas ela prestou mais atenção a ele.
Liguei outra vez o telemóvel e mandei uma mensagem rápida "como tens o meu numero? Como sabes que eu graffito"
-Bem ficamos assim por hoje, espero que tenham gostado vejo-vos no futuro. – Disse o professor e assim as luzes voltaram-se a ligar e o ecrã desligou-se as pessoas começaram a sair muito rapidamente das suas cadeiras e assim que vi a Lily a olhar para o professor e a levantar-se eu disse:
-Vai la antes que te venhas aqui.
Ela riu-se mas pôs a mala ás costas e foi ter com o professor que aliás assim que a viu a descer as escadas sorriu.
Eu levantei-me e fiquei na fila para me ir embora, estava uma grande fila no corredor para sair porque ao que parecia estava a chover e estava uma grande multidão, já não sabia onde andava Riley ou Maria que passaram a peça toda aos marmelanços e em mais coisas mas elas lá sabiam da sua vida provavelmente por este andar estava na casa de banho mais próxima, quando olhei para ver quem estava ao meu lado no corredor era ele e não fiquei espantada simplesmente fiquei com mais vontade de sair dali.
-Diz-me.
Foi a única coisa que me disse ao ouvido.
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Graffiti girl
Teen FictionBroke é uma rapariga de 17 anos que vive entre dois mundos o graffiti, e a sua vida escolar. Tem uma vida estável e longe de problemas até uma pessoa aparecer e tentar desvendar todos os seus segredos... até os mais profundos tudo se vai desmoronar...