Passamos a tarde a ver filmes de romance tristes e a comer gelados, podia ser muito cheesy mas eu amava estas tardes onde ficávamos só as duas onde parecia que não havia problema se ficássemos a ver mais um filme e comer mais um pacote de gelado, amava como cada vez que vinha cá e ia para casa com mais um quilo, apesar disso sabia que Bri era a melhor pessoa que alguma vez ia ter, confiava nela para tudo e apesar de todas as merdas que se tinham passado continuávamos fortes.
Olhei para o relógio, 7 da noite, olhei para a Bri a dormir, tirei o telemóvel do bolso, nada nem uma mensagem, se calhar ele tinha percebido que não queria nada ou que não lhe ia dizer nada, se fosse antigamente tinha ficado horas acordada a pensar nisso, mas agora depois de muitos anos a ser magoada por muitos gajos que só queriam saber exatamente disso uma boa queca, eu tinha mudado completamente, ao longo dos tempos todos tínhamos mudado... até a Bri que antes tinha sido a mais extrovertida do grupo agora era a que era mais racional mas ainda continuava doida á sua maneira.
Assim que ia a desligar o telemóvel recebi uma mensagem do John "hoje vêm há festa?", o John era o meu melhor amigo, éramos normalmente um grupo de três, eu a Bri e o John, sempre fomos, mesmo depois de tudo, mesmo depois da transformação da Bri, tivemos sempre lá não importava quantas horas de cirurgia no hospital se ela ficava lá a passar a noite nós ficávamos lá, é assim se passou noites a fio preocupados com ela porque nem sempre tinha sido fácil, o John antes era infantil não pensava muito em miúdas, dizia que isso um dia quando tivesse de acontecer acontecia e aconteceu, agora namorava com a Emily uma rapariga cinco estrelas, se não fosse a ganza dizia que era a miúda dos sonhos do John, no inicio até ele ficou recetivo mas agora era tão normal, apesar de ele não beber e não fumar ele confiava nela e era isso que achava lindo e que apesar de todas as coisas que ele tinha regras ela quebrava-as.
Mandei uma mensagem a dizer "sim" ,entretanto a Bri acordou e nós fomo-nos vestir, nem sabia porque o John e a Emily iam a festas porque literalmente ficavam a comer-se a festa toda e faziam tudo um ao lado do outro, se calhar um dia ia chegar a minha vez, mas tinha perdido esse pensamento á muito. Agora olhava para a televisão que mostrava um casal feliz com uma filha linda que sorria ao ver os pais, antes era só isso que me fazia chorar, fazia-me lembrar tudo o que o David me fez, o quão estávamos perto de ter isso tudo apesar de todas as merdas e depois, depois ele deixou-me, com uma simples mensagem, pensando bem nisso fiquei feliz por isso acontecer porque se fosse diferente tinha sofrido muito mais, só de pensar naquele bastardo o quanto ele me fez sofrer só de pensar que em dias tinha gostado dele arrepiou-me.
Estávamos as duas prontas ás nove e meia, tinha feito a maquilhagem dela e a minha, uma coisa que amava, e ela tinha escolhido o meu vestido, vestíamos o mesmo numero por isso ás vezes nem sabíamos de quem era a roupa, ela tinha o cabelo cor de avelã, por isso o vestido preto de renda com alguns toques dourados ficava lindo nela, a sua pele morena dela complementava tudo, enquanto que a minha pele branquinha e meu cabelo ruivo escuro era difícil combinar alguma coisa, mas ia levar um vestido preto mas muito diferente do da Bri enquanto o da Bri era arriscado no ponto de ser de renda apesar de ter uma coisa por baixo que tapava quase tudo o meu era um tecido fino e era muito curto, tinha um decote gigante atrás e um cote v há frente um pouco mais pequeno que o outro, a Bri levava uns sapatos creme Louis Vuitton e uma bolsa Marc Jacobs dourada, eu levava os Louis Vuitton mas pretos, e levava uma mala igual mas em vez de dourada era prateada. Podíamos estar lindas mas daqui a umas horas a Bri não se ia lembrar se tinha preservativos na mala e provavelmente ia me pedir e dizer que era urgente que era basicamente "vou apanhar gonorreia se não me deres essa merda" e eu ia estar tão bêbeda que ia tirar os sapatos e dizer que tinha frio.
Saímos de casa a rir e gozar com o nosso estado bêbeda/psicótica daqui a algumas horas, íamos chegar lá daqui a quinze minutos mas já sentia a minha pele quente com antecipação, a maioria das festas de pessoas de escola acabavam cedo porque a maioria das pessoas ou passava a festa a foder nos quartos ou ficavam a beber até cair para o lado.
Quando chegamos já estava imensas pessoas, encontramos logo uma mesa com amigos e decidimos ficar lá, a casa era grande tinha piscina e algumas divisões mas passar o tempo com amigos a beber e a se divertir para mim contava muito mais do que apenas alguns momentos de pura loucura, ao menos sabia que o Stilo não ia estar cá, ele não vinha muito a este tipo de festas, mas porque ainda pensava nele? Hoje era eu e as minhas amigas e acho que ás vezes já me esquecia disso vezes suficientes, os dias em que me esquecia que eu merecia muito mais do que as pessoas que estava a pensar, porque a única família que escolhemos são os nossos amigos e as memórias que nunca vamos esquecer são os momentos que criamos com eles, olhei para a Bri e sorri, nada seria o mesmo sem ela e hoje era para beber e esquecer mesmo.
Olhei para o copo que tinha na mão, era cerveja e por mais que odiasse sabia que ia amar sentir o efeito do álcool na minha garganta, bebi tudo de uma vez e fechei os olhos enquanto o fazia só ouvi as palmas e gritos dos meus amigos, abri os olhos e vi que todos estavam a rir e disse:
-Acho que a festa vai começar.
Todos se riram e foi ai que começou, o Mikael foi buscar bebida para todos e começamos a fazer jogos e a dançar.
A noite foi longa, estávamos quase todos podres de bêbedos e preparados para ir para casa mas eu tinha que ir á casa de banho, assim que me levantei da cadeira e senti como se a minha cabeça tivesse a rodar, já tinha tirado os sapatos e tava com eles na mão porque as minhas pernas já nem aguentavam com todo este peso, a minha cabeça parecia que pesava o dobro do meu corpo, olhei para a frente e comecei a sentir náuseas e fui há procura da casa de banho, quando encontrei estava trancada fiquei á espera encostada á parede, quando comecei a ouvir barulhos de gemidos e cintos a serem apertados comecei a ficar com curiosidade a ver quem saía da casa de banho, fiquei chocada quando vi quem era, era o Clark, um dos amigos do Stilo, já tinha visto alguns dos trabalhos dele mas nunca pensei que ele fosse assim porque das vezes que tinha falado com ele, ele parecia ser um tipo honesto, mas isso não me chocou muito era a pessoa que estava atrás que me chocou mais, a rapariga que estava a ajeitar as mamas e que á poucos minutos estava a gemer era a Stephanie supostamente uma das gajas mais populares, eu não desgostava dela, na verdade não sei se era da bebida ou se realmente estava a enlouquecer mas eles faziam um bom casal, ela tinha o cabelo preto até metade das costas e um valente par de tetas que gostava de mostrar com os decotes que usava, era magra mas tinha algumas curvas e ele era mais gordinho mas tinha uma cara muito linda de um modo... estranho, tinha uns olhos azuis mas que andavam sempre vermelhos mesmo quando não era altura de ter alergias... tinha uns lábios grandes mas o que fazia dele único era mesmo a cicatriz ao pé da sobrancelha que marcava o seu rosto, tinham me contado que tinha sido um acidente de mota mas ele uma vez numa noite com os copos tinha confessado que tinha caído na piscina quando era mais novo.
Não sei se era da bebida mas eles não ignoraram o meu olhar, em vez disso o Clark que tinha os olhos mais vermelhos que o habitual sorriu e acenou, a Stephanie foi diferente o olhar dela era desafiante mas eles foram rapidamente embora, eu entrei e rezei para não ver nenhum preservativo cheio no chão, não estava lá nada então fiz rapidamente o que tinha que ser feito e quando acabei fiquei a olhar me ao espelho, se não fosse a maquilhagem eu lavava a cara com água para ver se a minha cabeça parava de andar há roda mas o rímel deixar-me-ia num estado mais decadente do que já estava.
Ouvi paços mas antes que pudesse dizer que estava gente a porta abriu-se e quando eu vi quem era desejei enfiar-me no buraco mais fundo mais próximo possível, olhei para o Stilo a fechar a porta de costas para mim, tava sozinho, ainda bem, mas ele ainda não tinha reparado em mim e lá estava eu com as mãos na ponta do lavatório nem me mexia só olhava para ele para ver quando é que se apercebia que eu estava lá. Ele virou-se e olhou me olhos nos olhos, nem se assustou, foi dos momentos mais estranhos. Eu não largava o olhar dele e ele não largava o meu, mas os olhos dele diziam tudo o que os dois não precisávamos de dizer...
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Graffiti girl
Teen FictionBroke é uma rapariga de 17 anos que vive entre dois mundos o graffiti, e a sua vida escolar. Tem uma vida estável e longe de problemas até uma pessoa aparecer e tentar desvendar todos os seus segredos... até os mais profundos tudo se vai desmoronar...