Needed me

68 5 0
                                    

Finalmente a fila começou a andar e assim que ele ia dar a sua resposta fui-me embora, mas antes disso só ouvi um dos amigos dele a dizer.
-Não te metas com aquela miúda, ela é fogo.
E foi assim que os amiguinhos dele se riram incluindo ele, a única coisa que me preocupou foi eles saberem o meu nome e tinha sido mesmo esse gajo que tinha dito coisas sobre mim.
"Heat" era o meu nome, mas só a minha melhor amiga o sabia, depois de tudo o que tinha passado heat era a melhor palavra porque todo o sofrimento só me deu mais calor ou fogo para continuar ou fazer melhor e mesmo nas alturas mais frias e tristes graffitar aquecia-me sempre, a ultima altura que tinha graffitado tinha sido á uma semana, numa parede abandonada ao pé de minha casa onde normalmente as pessoas iam lá mas nunca tinha visto ninguém da escola lá, pensei que era seguro, naquela noite estava lá os típicos rapazes que fumavam os seus charros e os que andavam de skate ás altas horas da matina, nada mais...estranho.
Continuei a andar em direção á saída porque de repente senti-me claustrofóbica como se a luz começasse a desaparecer e a minha pele começasse a arder e o espaço era tão pequeno que parecia que não conseguia respirar mas assim que consegui sair dali tudo melhorou o ar voltou aos meus pulmões mas andei rápido até á saída estava com medo de olhar para trás e ver o meu passado, lembrar-me de todos os momentos... naquele momento a Lily não importou, nem a Riley nem a Maria, era só eu e o passado, era por isto que tinha começado a graffitar porque estava num buraco tão escuro e tão fundo que precisava de alguma coisa para me ver fazer sentir a luz mas e agora? Se ficasse sem graffitar porque todos descobriram? Como ia ser? Ia voltar ao espaço fundo sem luz onde toda a gente parecia que me puxava para mais para baixo e naquela altura o graffiti fez-me ver a vida e agarra-la mas se descobrissem acabava tudo.
Assim que cheguei á porta da escola estava lá a Briana e nessa altura só tive tempo de a abraçar e dizer ao ouvido "descobriram" ela provavelmente deve ter ficado ás moscas mas foi tudo o que precisei para ela me dar um abraço mais apertado. A briana era transexual e por mais que isso seja um choque para muita gente eu já a conhecia á 7 anos, 7 anos com mais amor, dedicação e expressividade que alguém me deu foi ela que deu tudo quando eu mais precisava e eu também sempre lhe dei tudo de mim mais escuros de sempre e era isso que nos fazia assim, sempre unidas e juntas.
A Briana tinha carro por isso assim que vi o Stilo na porta da escola para sair eu disse á Briana para nós entrarmos no carro para lhe explicar o que se tinha passado.
Depois de entrarmos consegui ver ele do canto do meu olho a afastar-se.
-O Stilo descobriu tudo, tem andado a mandar mensagens desde cedo, eu não faço ideia quem lhe foi dizer mas ouvi o Beckam a dizer qualquer coisa com fogo e isso já é uma pista, não sei Bri, como vai ser?
Ela olhou para o volante do carro, ela tinha um dos melhores carros que eu já tinha visto para quem tinha tirado a carta á um mês.
-O Stilo? Mas vocês conhecem-se?
-É complicado, eu sabia quem ele era mas nunca falamos muito, mas trocamos olhares, mas sim posso dizer que o conheço mas não é como pensas. –Disse eu, a melhor forma de tirar este problema da minha cabeça era uma garrafa de vodka mas não podia resolver todos os meus problemas assim, isso já sabia eu á muito tempo.
-Broke já passaste por coisas tão piores isto não é nada, se alguém souber sabem, mudas de nome vais a lugares mais resguardados á Sempre solução Broke,- menos que o Stilo ande a espalhar isso o que acho que é difícil, sinceramente acho que estás a dramatizar. –Disse ela olhando para mim, era verdade a Briana tinha razão ela tinha sempre razão mesmo nas coisas mais difíceis.
Ficamos um bocado em silencio e depois eu disse:
-E Tu como tens andado ?-Perguntei eu olhando para ela, tinha mudado de assunto porque sabia que ela tinha razão mas também achava que isto não ia acabar por aqui... não achava, tinha a certeza.
Ela suspirou e olhou para mim, ultimamente a Briana parecia que andava desesperada por ter alguém, ela sempre foi o tipo de amiga que apoiava uma boa foda de vez em quando mas também dizia que para ser namorado era preciso muito mais do que uma boa foda de um desconhecido, sempre tinha sido a rapariga de ONE night stand mas agora parecia que queria mais e estava a pensar se não foi ninguém especial que a fez pensar assim.
-O Nicholas pediu um date...-Disse ela olhando para o vidro do carro, aquela voz monótona dizia tudo, virou-se para mim e continuou: -Mas sabes que mais? Apesar de o sexo ser ótimo ele não é a pessoa certa não sinto mais nada do que um amigo que fode bem.
Aquilo fez me sorrir, ser transexual fazia com que não houvesse muitas escolhas porque nem sempre as pessoas aceitavam como nós eramos e eu sabia que isso a magoava mas agora ela tinha percebido que não era só as opções que haviam mas o que ela sentia por eles.
-Fico feliz, ele é um bom rapaz mas se os sentimentos não são mútuos não podemos fazer nada quanto a isso alem de que assim deixas o caminho livre para mim. -Disse eu depois rindo, ela também se riu.
-És tão puta. –Disse ela com um sorriso estúpido.
-Olha, hoje vai haver uma festa na casa de alguém ao pé da escola. –Disse eu olhando para o telemóvel para ver se tinha alguma mensagem indesejada... nada, o que me fazia sentir triste e feliz ao mesmo tempo, que raio de merda era esta? Triste? Ele não podia fazer tanta merda apenas com duas ou três mensagens, eu não era assim e não era agora que ia começar a ser.
-Ok, podemos ir, mas amanha não tens de trabalhar? –Perguntou ela ligando o carro e indo para sua casa, esqueci o telemóvel e olhei para ela.
-Como se isso me impedisse de me embebedar até aos cornos. –Disse eu rindo-me.

Graffiti girl Onde histórias criam vida. Descubra agora