R U Still

17 3 0
                                    

Antes que pudesse só pensar no que tinha acontecido antes daquela foto ser tirada o meu chefe, Carlos, estava mesmo atrás de mim e lembrou.se de gritar ao meu ouvido:
-Já disse nada de telemóveis Broke. –Antes que ele pudesse tirar-me o telemóvel eu guardei-o no bolso de trás e murmurei um "desculpe chefe" e voltei ao trabalho,
Quando acabei o trabalho só queria ir para casa mas tinha de graffitar, já não o fazia á algum tempo e sentia falta, era isso que precisava para trazer um pouco de equilíbrio, tinha alguns desenhos planeados na minha mente, algo novo, que nunca tinha feito e que sabia que ia ficar brutal, eram duas caras uma sobreposta na outra para mostrar que podemos esconder o que vai realmente na nossa cabeça e ás vezes eramos demasiado bons nisso, fui buscar o meu café e fui ter a uns prédios abandonados ao pé de minha casa onde amava grafitar porque um pouco longe de tudo não era algo onde qualquer pessoa me podia ver, este trabalho podia demorar meses mas ao menos sabia que nesse processo ninguém ia fazer nenhuma alteração, abri a mochila e posei as latas no chão assim como o desenho amarrotado no chão, ia ter alguns detalhes de rosas por baixo para mostrar como no fim por mais que doesse ia ficar tudo mais bonito. Eram 9 horas quando comecei a pintar na parede e a fazer algumas alterações no desenho e decidi parar á uma da manhã porque depois disso normalmente vinha um grupo de rapazes e rapariga beber e fumar para aqui, o pior era mesmo quando saia do prédio e a escuridão me engolia, o caminho até casa era curto, quando cheguei estava vazia como sempre, os meus pais viviam em casas diferentes da minha, o meu pai estava sempre nas empresas por isso já não sabia se estava em NY ou em Chicago mas a minha mãe era diferente amava vir-me visitar mas sabia que depois de tudo era difícil, então o meu pai achou por bem contratar uma empregada que limpasse toda a merda que fazia e deu me uma casa só para mim mas... era diferente, sentia-me sozinha esta casa estava vazia apesar de gostar de ter o meu espaço acabava por passar mais tempo na casa da Bri porque ao menos tinha lá alguém, não estava completamente sozinha.
Já estava deitada na minha cama, pus musica a dar, musica que me fazia pensar, o que estava aqui a fazer? Olhei para o teto porque depois de tudo o que tinha passado com tanta gente e com tantas coisas ainda me sentia sozinha, sabia que se mandasse mensagem a alguém iam responder em 1 minuto mas não era esse tipo de sozinha, era aquele de ninguém ver como tu és, parece que ninguém olhava para mim como se me quisesse conhecer, olhavam para o meu passado e tiravam as suas próprias conclusões, não era popular mas também não era um zé ninguém mas ainda assim quando punha os fones nos ouvidos e fechava-me do mundo ninguém queria saber, porque já toda a gente tinha a sua vida, e eu parece que não passava disto, a Bri era feliz, tinha conquistado coisas que muitas pessoas ainda duvidavam, a sua transição não foi fácil e foi preciso ser muito egoísta para o seu próprio bem mas tudo correu bem, o John... Esse era um dos que tinha mais orgulho porque tinha crescido tanto nestes últimos anos, tinha sido o rapaz que dizia que ia ter um Porsche e que ia ser tudo prefeito agora ele sabia que as coisas não eram assim, tinha crescido muito com a Emily e agora estava a estagiar num dos centros de reportagem mais importantes da cidade. E depois havia eu, a que tinha sido sempre a maluca e que apesar de a cabeça andar na lua os pés estavam sempre no chão, pelo menos era o que ainda queria pensar, a ansiedade ainda estava lá os problemas familiares ainda estavam lá e sobretudo a puta dos problemas amorosos, por mais estupido que fosse tinha sido sempre o meu ponto fraco e agora... agora nem sabia o que devia fazer ou pensar, continuava com o meu emprego na biblioteca, continuava a graffitar e continuava a tentar tirar uma área que não era e todo o que queria... Tinha perdido o rumo que tinha ganho á tão pouco tempo.
Adormeci com a música a dar e os meus pensamentos que ainda continuavam a navegar na minha mente.

Graffiti girl Onde histórias criam vida. Descubra agora