Era estranho estar na mesma casa que Theodor. Durante anos, foi somente eu e minha mãe. Não conhecia meu pai.
Haviam pessoas da vizinhança dizendo que ele nunca assumiu como filha porque era casado. Mas minha mãe falava que era apenas boatos e que ele era um viajante que acabou falecendo antes de descobrir sobre mim.
Eu preferia a versão dela, nunca mais a questionei mais sobre isso. A ideia de rejeição era angustiante.
Porque eu vi de perto a luta de minha mãe, com minha família materna. Ela havia sido prometida virgem para um velho rico. Mas havia engravidado, de mim.
Sim, eu era o motivo de ela ter sido deserdada pela família e ter saído da escola para trabalhar.
Por isso que desde sempre tentei recompensar seguindo seu sonho. Tentando ser perfeita aos seus olhos, por mais que odiasse a atenção de ser líder de torcida.
E esse mesmo medo de desapontar Theodor e Lunna. Me paralisava em nosso quarto que eu usava como um casulo. Era um espaço que eu havia transformado em um abrigo, afastando-os de mim.
A lembrança do que um dia tivemos parecia um eco distante na minha cabeça, uma história que eu não conseguia mais conectar.
A ideia de que eles poderiam amar alguém que mal lembrava de nós me deixava angustiada.
“Papai? Você e a mamãe ainda se amam?” A pergunta de Lunna que vinha do outro lado da por em que eu estava encostada, cortou meus pensamentos.
Eu sabia que ela estava confusa, testemunhando o que acontecia entre nós. Era doloroso ver a inocência dela sendo afetada.
“É claro.” Theodor respondeu, mas seu tom vacilante me fez perceber que ele duvidava da sinceridade de sua resposta.
Um estremecimento percorreu meu corpo ao imaginar que ele poderia estar certo.
“Por que o papai não dorme no mesmo com a mamãe?” Sua pergunta era ingênua, mas cortante.
“É complicado, filha. Crianças não conseguem entender.” – ele tentou ser evasivo,
A verdade era que não queria que Lunna entendesse a dor que nos cercava.
“Então não quero ser adulta! Se não pode dormir com quem se ama.” A relutância que Lunna fez, me lembrou de como ela ainda via o amor de forma pura, sem complicações.
“Vai ser difícil.” Theodor falou tão baixo que tive que pressionar minha orelha na porta para ouvir melhor.
“Não é difícil, os adultos é que complicam demais. Já perguntou se pode dormir lá? Nunca vai saber se não perguntar, é como os legumes que você me obriga a comer.” A sabedoria da pequena era surpreendente, me fazendo refletir sobre minhas próprias escolhas.
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Como Te Amei?
RomanceDizem que o primeiro amor nunca é esquecido. Para Rosana Alves, essa verdade se torna um mistério. Entre os quinze e os vinte e seis anos, a vida lhe trouxe mudanças inesperadas, mas a lembrança de momentos cruciais permanece apagada em sua mente. C...