CAPÍTULO SETE

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Após sentarmos na mesa para o jantar, percebo que as coisas não vão acontecer como eu esperava

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Após sentarmos na mesa para o jantar, percebo que as coisas não vão acontecer como eu esperava.


Theodor puxou a cadeira para mim, e a lógica seria que eu me sentasse ao seu lado. Mas, em vez disso, ele se acomodou do outro lado da mesa, como se as montanhas de comida entre nós fossem uma barreira intransponível. Senti uma pontada de solidão, cercada por estranhos.


A mesa estava tão cheia que parecia que a cidade inteira estava ali. Era preciso juntar quatro mesas para acomodar todos.


"Será que vai dar toda a comida?" penso, mas logo ouço um garoto loiro ao meu lado direito, talvez uns dezessete anos, sorrindo amargamente. A raiva contida em seus olhos castanhos não passa despercebida por mim.


"Se acontecer, é bem provável que minha mãe tire de nossa boca e dê a eles," ele resmunga em voz baixa.


"É..." Tentei fazer uma piada, mas fui interrompida.


"Eu a conheço. Não tente defender ela só porque é mais um cachorrinho dela e quer receber um tapinha na cabeça por boa ação!" O garoto sai emburrado, e eu não posso deixar de pensar que ele é ignorante.


Nunca fui de engolir e ficar quieta, então decido seguir o garoto.


Viro-me e vou para os fundos da casa, onde não há ninguém, exceto nós dois. Aqui a música não é tão alta, e consigo ouvir seus passos.


"Está me seguindo?" Ele se senta em um banco.


"Por que eu iria fazer isso? Nem sabia que estava aqui," defendo-me, embora uma parte de mim saiba que estou mentindo. Cruzar os braços é um reflexo da minha mania idiota sempre que minto.


"Então prove me mostrando os dedos. Quero ver se não sabia mesmo."


"Como você..."


"Sabia? Olá, Pinóquia! Você é casada com meu irmão, que ficou falando de você toda vez que alguém tentava consolar ele." Ele acende um cigarro estranho.


"Consolar? Espera, isso é maconha?" Pego o cigarro e jogo no chão, tentando apagar com o pé.


"Ei! Paguei caro nisso aqui. Você acha que encontro meu dinheiro no lixo?" Ele empurra o cigarro e o acende de novo.


"Seus pais sabem que você fuma isso?"


"Por que vai contar? Se eu fosse você, ficaria esperta com minha mãe. Enquanto você nem conseguia respirar direito, Dona Sarah não perdia tempo e ainda não perde." Ele aponta para o alto da sacada, onde Theodor está com uma mulher muito bonita. De repente, sinto uma dor no coração.


"Para que serve a maconha?" pergunto, curiosa.


"Quer dar um grau? Ela vai te deixar nas nuvens!" Ele me entrega o cigarro. Um pouquinho não vai fazer mal, né?


Não, melhor não.


Quando começo a devolver o troço, meu olhar volta para a sacada. Os dois parecem tão íntimos. Nem com ela, que é minha, Theodor sorriu assim.


A dor no meu coração se transforma em fogo, queimando de raiva.


Pego de volta o cigarro e dou uma tragada, que vai direto ao meu cérebro, fazendo-me tossir.


"É assim mesmo no começo. Pega um pouco de uísque," ele tenta colocar em um copo, mas eu pego a garrafa do líquido marrom e bebo direto do gargalho.


"Isto queima, garoto." Faço careta, mas continuo a beber.


"É Davi. Me dá isso aqui. Era só um pouco, não a garrafa inteira." Ele tenta pegar, mas eu corro para longe, rindo.


"Theodor vai nos matar. Melhor ligar para ele antes que piore. Você está bebendo como se fosse água," Davi tagarela, mas não me importo. Continuo olhando para o casal lá em cima, enquanto bebo da garrafa.


A felicidade não dura muito para ele. Atendendo o celular, Theodor olha para baixo. Aproveito a chance e mostro o dedo do meio em petulância.


Ele fica exasperado, falando ao telefone, e sai de perto da mulher, desaparecendo.


"Por que não vem aqui rir? Quero ver se você tem coragem, sua... Água de salsicha!" grito para ele, jogando a garrafa quase vazia, mas a porcaria nem chega perto.


"Rosana, o que está acontecendo?" Theodor pega meu braço, tentando me parar. Posso sentir sua vergonha por causa das pessoas que saem da casa de sua mãe para nos assistir.


"Vou te mostrar o que está acontecendo com a minha mão na sua cara, seu traíra!" Não consigo me conter. Nunca me intimidei com multidões.


"Do que você está falando?"


"Quer saber mesmo? Ou quer voltar para sua Água de salsicha? Que neste momento já te trocou por outro." Aponto para a sacada, onde um homem de terno abraça a ruiva por trás.


"Trocar? Ele é meu irmão e a Sheila."


"Não quero saber quem é quem!" grito nervosa, tentando me distrair dele.


"Amor, escuta..."


"Não me chame disso, seu cafajeste! Se você me trai quando estou perto, imagina quando estava desacordada. Você fez a festa, não é?" Saio de perto dele antes que dê um soco no cara de pau.


"Me escuta, caramba! E pare de falar merda!" Ele pega meus braços, me impedindo de me soltar, mas paro quando ele diz:


"Ela é esposa do meu irmão! Estávamos conversando sobre nosso sobrinho que ela está grávida!"


Olho atônita para os dois lá em cima e percebo que, de fato, a ruiva está grávida.


"Me desculpa." As palavras saem entre lágrimas, envergonhada por todos olharem para mim como se eu fosse lunática.


"Da próxima vez, tenha certeza antes de falar merda. Saiba que eu odeio quando duvidam de mim." Theodor solta meu braço, emburrado, e começa a se afastar. Ele vai me deixar?


"Theodor, estou me desculpando com você." Corro até ele, chorando.


"Vamos embora. Esta festa já deu para mim." Ele se vira e para quando vê Lunna chorando.

Theodor faz menção de ir até ela para consolar, mas é até mim que ela corre. Com remorso, me abaixo abraçando Lunna apertado, percebendo que ela estava vendo tudo assustada, encaramos um ao outro, aborrecidos.

Com certeza, não era o que esperávamos desta noite.

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