Caio

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Caio era um porre. Do tipo de cara que você se pergunta o que esse porra faz em casa quando não está bajulando os professores. Eu não tinha problemas com ele. Ninguém teria, era um notário. Até ele 9.1 de média. Eu tirei 8.9. Isso não era impossível. Qualquer um aqui deveria saber que ficar aos meus pés era a regra da boa vizinhança. Pode estar me achando imbecil agora, mas eu não seria tão inteligente se merdas como você me compreendessem.

Chamei o cara para jogar vídeo game aqui em casa. Ninguém recusaria um convite meu, ainda depois de inventar uma qualquer sobre uma maconha boa que eu recebi durante a semana. Fácil. Fechado.

Ele chegou lá casa e logo estranhou alguns moveis cobertos com plástico. Eu não poderia dizer que era por causa dele, disse que minha mãe era fanática por limpeza, também não poderia dizer que ela estava morta.

Ascendi o baseado, jogamos algumas bastidas. O papo era um saco. O tipo de garoto que nem deveria ligar num pornozão quando estivesse sozinho. Só falava de responsabilidades, emprego, luta de classe e o caralho. Um inferno dessa merda de gente que gosta de pobre. Desci um pouco de whisky, gelo e fui até o armário. Ele já estava bem legal nessa hora. Peguei o machado e voltei para sala, lá estava ele, doidoão e bem feliz com jogo, nem sentira a martelada. E com um só golpe e ele caiu e ficou lá tremendo, assim como em O Massacre da Serra Elétrica o primeiro otário caiu com o machado na cabeça. Foi uma cena linda. O sangue espirrou certeiro em vários moveis, inteligentemente, cobertos com plástico.

Eu precisava resolver umas coisas antes. O celular dele destravava por digital. Fácil. Mandei mensagem para mim mesmo falando sobre entregar um casaco amanhã na aula. Mandei mensagem para uma pessoa qualquer falando que havia saído lá de casa e já estava na cama. Pronto.

Me dei conta de nunca havia queimado um corpo antes. Caio teria alguma utilidade. Enrolei o corpo nos plásticos que cobriam os moveis. Troquei a camisa sujar e arrastei o corpo até o carro. Dirigi até um parque que costuma ficar deserto a noite. Gasolina, fogo. Um espetáculo.

Em casa eu toquei umazinha até cobrir o machado de porra. Pensei que eu seria um Ed Gein melhorado. Bonito, inteligente, não um doente mental velho e fodido. Eu era incrível.

Preciso de mais.


IgnorânciaOnde histórias criam vida. Descubra agora