Quando se é uma criança na maioria das vezes os sentimentos podem ser aflorados, principalmente quando acusados de algo que não tenha feito ou que não acreditem em sua palavra.
[...]
Eu me lembro do acontecimento como se tivesse acontecido a pouco tempo, na época deveria ter um pouco mais de cinco anos.
Lembro de minha mãe me chamar logo após encerrar a chamada do telefone fixo de nossa casa, não sabia o que estava acontecendo na hora, porém, sua expressão me dizia que não era algo bom.
- Camille, a escola acabou de me ligar. A diretora me disse que seu filho viu você pegando materiais que pertencem a escola e colocando em sua mochila para trazer para casa.
Eu não entendia o porque dessa conversa, afinal eu não havia pego nada.
- Mãe, do que a senhora está falando? Eu não peguei nada da escola.
Minha mãe foi em direção a minha mochila à abrindo e retirando materiais que não deviam estar lá. Nesse momento só me perguntava como tudo aquilo foi parar em minha mochila.
- Então como isso estava na sua mochila Camille?
- Eu não sei mãe, eu juro para você que eu nunca peguei isso.
Minha mãe deu um longo suspiro, ela parecia acreditar em mim.
- Tudo bem minha filha, mas amanhã você vai levar isso de volta e mesmo não sendo você que tenha feito isso vai pedir desculpas, ouviu?
Eu não queria pedir desculpas por algo que não fiz, mas mesmo a contra gosto concordei com o pedido de minha mãe.
No dia seguinte como minha mãe havia pedido devolvi os objetos e pedi desculpas, tentei falar que não havia sido eu quem roubou aquelas coisas, mas eles não queriam me escutar, eles não me deram uma chance de me explicar.
Depois daquele ocorrido eles não tiraram mais os olhos de mim, com medo que eu furtasse algo que pertencesse a eles novamente.
Eu sabia que lá havia pessoas que não gostava de mim, por ser quem sou e como sou, mas não imaginei que fossem capazes de armarem para mim e me acusarem de roubo, afinal eu só tinha cinco anos.
Depois do ocorrido as coisas pareceram ficar tranquilas por um tempo, até a chegada do novo aluno.
Ele era um santo na frente dos professores, mas era só virarem as costas que ele aprontava e culpava os colegas de turma.
Certo dia durante uma das aulas destinadas a colorir ele pegou o lápis que usava e enfiou no meu dedo indicador, apesar de só a ponta do lápis ter ficado agarrada doeu bastante na época.
Eu criei coragem pela primeira vez e fui até a diretora da escola e relatei o que aconteceu, mas ela falou que era apenas coisa da minha cabeça e que eu provavelmente me machuquei sozinha.
Nesse dia eu aprendi que deveria aguentar sozinha e não falar mais nada a ninguém depois.
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Convivendo com o Bullying.
No Ficción"Eu nunca consegui ver mais de mim, tudo que eu enxergava era o que as pessoas diziam. Para os outros isso pode parecer uma situação simples, mas para mim nunca foi." "Se as pessoas soubessem o quanto essas brincadeiras machucam... É como se uma fle...