Capítulo 2 - O garoto sem paz

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  Ela sentou do lado dele e passou a mão por cima do seu ombro. – Não quero que fique triste, espero que nunca tente encontrar seu pai, sua mãe fez de tudo para não despertar esse desejo em você e não quero sentir que a trai contando isso. – Exclamou ela o dando um beijo aconchegante na testa.

  - Eu não estou triste, está tudo bem. – Ele falou mesmo não acreditando em suas próprias palavras.

 - Flames. – Gritou uma garotinha entrando na casa e abraçando as pernas dele, era Camyli, filha de Dammy, ela tinha cinco anos, suas bochechas eram rosadas e possuía pequenos cachos dourados que quando estavam soltos pareciam um arbusto amarelo cobrindo seu rosto. - Você ouviu? Tem gigantes em Obrehim. - Ela disse eufórica.

 - Gigantes? Do que está falando? - Perguntou Flames fazendo cócegas nela.

 - Doluvor o dono da peixaria espalhou por todo vilarejo que viu um gigante dormindo a beira de uma árvore quando foi pescar, ele jura que é verdade, mas todos sabem que ele adora inventar histórias, além do mais faz tanto tempo que não existem gigantes que eu até acho que são apenas lendas. - Disse Dammy, incrédula, era típico dela, era tão sem fé que não acreditaria mesmo se um deus aparecesse em sua frente.

 - Vivo dentro daquela mata e nunca vi gigante algum. - Disse Flames, de fato Doluvor era muito aluado.

 - Pelo menos as crianças gostam de ouvi-lo, deve ser bom para estimular a imaginação ou algo assim, bom, vou indo, depois passo para pegar a carne. – Dammy pegou Camyli nos braços. – Trate de tomar um banho, você ainda cheira a carne.

 Ele cheirou-se e viu que ela tinha razão.

  - Chau, Flames. - Gritou Camyli por cima do ombro da mãe exibindo um inocente sorriso banguelo.

  Ela deixou a casa, porém sabia que ele não desistiria de saber quem era seu pai assim tão fácil e esse pensamento pesava na cabeça dela.

...

  Flames andava pela vila com uma pequena bolsa de dinheiro que ele havia conseguido vendendo a pele e os chifres do alce e também um pouco de suas economias, isso lhe rendera seis moedas de prata e dezessete de cobre o que era uma boa quantia. Vinte moedas de bronze valiam o mesmo que uma moeda de prata, e dez moedas de prata valiam o mesmo que uma de ouro, normalmente um trabalhador comum faturava por mês de trabalho cerca de duas moedas de prata. O dia estava bastante iluminado pelo sol mesmo assim não fazia calor, o clima estava perfeito para uma tarde já que o sol costumava se esconder quase sempre por aquelas regiões. O destino de Flames era uma pequena loja de armas, pois a tempos ele desejava uma espada, ela era a única espada daquele modelo que havia naquela vila, ele a empunhou uma vez, era leve e firme, parecia obedecer aos comandos mais fácil que as outras e possuía uma beleza singular, adornadas com pedras brilhantes e feita com aço nobre por isso era tão valiosa, o tipo de arma que um cavaleiro carregava, conseguir aquela espada era o sonho dele e ele ansiava por empunhá-la e testá-la em qualquer uma de suas caçadas. 
 

 A rua onde ficava a loja de armas era um ponto comercial bastante conhecido, tinha todos os tipos de mercadorias e estava sempre cheia de pessoas, ao chegar na esquina dessa rua Flames viu uma correria, maior do que a costumeiramente acontecia, as pessoas abandonavam suas mercadorias e suas lojas em desespero correndo na direção oposta à que Flames ia formando uma cortina de poeira no chão de barro batido, Ele ficou assustado ao mesmo tempo que o desespero das outras pessoas o deixava ainda mais curioso para saber do que elas fugiam, mas ninguém parecia estar disposto a parar para explicar, Flames curioso ficou e foi olhar o que estava acontecendo, foi quando ele ouviu estrondos no portão principal da vila, as pancadas no grosso portão de madeira eram muito fortes a ponto de fazê-lo ceder aos poucos, revelando a ponta de um enorme aríete.

Flames Hodrison - O Ápice das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora