Flames Hodrison - O Ápice das Chamas

Capítulo 33 - O templo de Olaryam

- Nós sabemos que não possui sangue nobre, jamais traríamos alguém aqui por um mero título de nobreza em um reino distante. - Ele falava muito bem para um selvagem, talvez ele fosse algo a mais que isso. - Nós consideramos esse lugar um território sagrado, mas a algum tempo pessoas estranhas têm se aproximado daqui, cortam as plantas como se não fossem nada e matam os animais por pura maldade, basta apenas cruzarem seus caminhos, então tivemos que intervir, logo que chegamos lá em cima nós fomos atacados mesmo não tendo revelado o motivo de estarmos ali, foi ai que percebi o quão cruel era o inimigo, se não fossemos guerreiros teríamos sido aniquilados sem motivo algum, mas aquele não era o dia de sorte daqueles homens, eles haviam cruzado o caminho das pessoas erradas, rapidamente vencemos eles pois eram covardes e pelo que parecia só venciam se os números estivem ao seu favor, mas isso não foi uma surpresa para mim, quando entrei em um dos assentamentos deles eu vi algo que me aterrorizou e me encantou ao mesmo tempo, um garoto estava amarrado na parede, seu corpo estava coberto por hematomas e suas roupas encharcadas de sangue, ele não conseguia falar nada com nada apenas repetia "Eu não vou deixar." e não conseguiu responder nenhuma das minhas perguntas, estava à beira da morte, quase perdendo a consciência, o sangue jorrava de seus ferimentos pintando o chão de vermelho, no quarto ao lado nós vimos uma menina, ela também estava amarrada, mas não estava machucada, muito menos havia sido tocada, ela estava bem e muito consciente embora estivesse enormemente assustada, foi ai que eu percebi que aquele era o rapaz mais valente que eu já vi, pelo que entendi quem o torturou era um louco e tinha feito um acordo com o garoto, ele não tocaria na menina se ele pudesse aguentar toda a tortura, caso ele perdesse a consciência ou pedisse pra parar quem seria torturado em seu lugar seria a garota, ele aceitou o acordo e aguentou até o último minuto, pela quantidade de sangue e cortes em seu corpo ele estava sendo torturado a horas, uma pessoa normal teria perdido a consciência a tempos, força de vontade, orgulho, amor, eu não sei bem o que o manteve consciente por tanto tempo, mas sabia que ele tinha feito tudo isso para proteger aquela menina, por esse motivo eu o considerei digno de pisar na nossa cidade e pedi para nossos curandeiros gastarem seu tempo e dedicação tratando seus ferimentos, ele ainda está inconsciente, mas sua vida já não corre mais risco algum, a menina está dormindo em outra casa aqui perto, foi ela que me contou sobre você e seus poderes. – Concluiu Porã fazendo cair um silêncio sobre a sala.

 - Posso ver essa garota? – Perguntou Flames ao lembrar da única mulher que havia vindo até as terras desconhecidas.

Porã falou em sua língua com um dos homens que estavam lá, era uma língua diferente, bastante estranha por sinal, eles engrossavam a voz para pronunciar as palavras as fazendo parecerem ameaçadoras. Depois disso o homem se levantou e saiu.

- A garota que você fala possui minha confiança, se ela decidiu confiar em você eu farei o mesmo. – Falou Flames.

- Então vai me mostrar todo o seu poder? – Perguntou Porã ansioso.

- Não posso, não aqui, se eu usasse todo meu poder dentro dessa casa eu mataria vocês dois. – Explicou Flames, em seguida ele pôs uma das mãos em chamas a luz era tão intensa que as tochas na parede da casa pareciam não brilhar na presença daquelas chamas. – Esse é o meu poder, uma parte dele pelo menos.

O outro homem o olhava com uma expressão de admiração, tal como era a expressão de todos ao ver chamas tão intensas brotando da mão de um ser humano, no entanto Porã não pareceu admirado, exibia apenas um leve sorriso no canto do rosto, como se Flames tivesse passado no seu teste.

- Você é tão poderoso quanto eu esperava que fosse. – Comentou ele aproximando-se um pouco.

- Você não parece admirado. – Reparou Flames em voz alta. – Por que só você fala comigo? Os outros não falam minha língua? – Perguntou ele mudando de assunto, mas essa dúvida já martelava sua cabeça a um certo tempo.