Capitulo I - A tempestade
A noite estava quente ....perfeita.
Eu e meu melhor amigo de sempre Leonardo tínhamos bebido muito, e estávamos caminhando pela beira do rio, conhecíamos cada pedacinho desse trecho da orla andávamos por aqui desde que nos conhecíamos por gente, crescemos juntos, estudávamos juntos, saíamos juntos, alguns achavam que éramos irmãos.
Só se fosse muito cego mesmo eu comecei a rir.
- Do que você está rindo Toro? - Ele me olhou com cara de tonto -.
- Nada, olha por onde anda. - segurei ele. -
Éramos diferentes como o dia e a noite, ele era loiro, alto, só não era mais alto que eu afinal eu já estava com 1.90, ele deveria ser uns 10 cm mais baixo, eu tinha o cabelo preto.
Só numa coisa éramos iguais, tínhamos a mesma idade 19. Enquanto ele era o menino mais bonito da faculdade, não tenho vergonha de admitir, eu era o mais casca grossa algumas pessoas falavam que eu era o guarda costas dele, e era verdade eu nunca deixaria nada acontecer com ele, apesar do Léo ser grande e forte eu era enorme, adorava academia e levantar peso, e ele de esportes, futebol, vôlei, basquete, em tudo ele era o melhor.
Eu não gostava de esportes em grupo era mais na minha e na real ninguém gostava de jogar comigo sempre saia alguém quebrado e nunca era eu.
Léo apesar de toda a popularidade nunca me deixava sozinho, então para que ele fosse as festas todos sabiam que eu tinha que ir junto. Eu achava isso engraçado, nas festas as meninas grudavam nele como um enxame de abelhas, na real era até bom sempre sobrava alguma para mim, não que eu fosse feio, acho que não, tô mais pra preguiçoso...comecei a rir de novo...mas geralmente as pessoas tinham medo de mim.
- Toro, acho que tô meio bebado. - Ele também não parava de rir esse tonto -
Na realidade meu nome é Guilherme, mas ele nunca me chamava assim a não ser pra me xingar, sempre disse que eu parecia um touro bravo, se ele me chamasse de Guilherme é porque eu tinha feito merda e das grandes.
- Meio Léo tu tá completamente bêbado, senta ai na pedra vamos descansar um pouco depois voltamos para casa.
Pra quem conhece Porto Alegre, moramos na Zona Sul, perto do Guaíba, estávamos caminhando na madruga pela orla do rio.
Todo mundo me achava mau encarado, meu rosto era quadrado, olhos pretos, sobrancelha grossa, cabelo curto cortado a máquina, lutava desde pequeno, até já tinha alguns troféus em competições, eu achava até legal não gostava de ninguém me encarando, logo partia pra cima, a única pessoa que me parava numa briga era o Léo.
Ficava olhando ele ao meu lado, sempre silencioso, ele era muito tímido, sempre foi, quando éramos mais novos acho que 14 ou 15 anos a mulherada já corria atrás dele, diziam que ele era o sonho de consumo de todas as gurias da escola, elas eram apaixonadas pelos olhos dele.
Azuis da cor do mar em dia de tempestade quando tava bravo e claros quando estava alegre, acho que eu já estava bêbado tambem, parecia uma menininha do colégio sonhando por ele.
- Toro por que ta rindo tanto cara?
- Das bobagens que a mulherada faz por tua causa, viu o que a Suélen fez para ficar do teu lado??
- Vi sim, coitada da Luana, por isso que fiquei a fim de vir embora.
Caímos na risada, a guria era tão louca por ele que deu um banho de cerveja na Luana para que ela não ficasse pendurada nele. Nesse momento ele pediu para que fossemos embora, larguei a menina que eu estava ficando, nem lembro o nome, ela não gostou muito, mas que se dane, o Léo estava precisando de mim e saímos juntos pra caminhar um pouco, avisamos nosso amigos e saímos.
Mia e Vitinho depois falo mais sobre eles, apesar de estarmos grudados sempre, cada uma tinha seu grupo o meu era o do Montanha e o do Bear esses eram meus colegas de grupo, pelo nome já viu né, lutamos juntos. Não que não andássemos juntos, mas era uma questão de afinidade mesmo.
Nos dirigimos pro nosso local de sossego, sempre no final das festas parávamos lá. Mesmo a noite, e já estava amanhecendo, o lugar era lindo uma pedra enorme na beira do rio gostávamos de subir lá e ficar olhando pro nada, a noite estava muito estrelada.
- Por que não quis ficar com a Luana ou a Suelen, Léo?
- Sei lá cara tô de saco cheio, sempre a mesma coisa um grude, depois parece que são tuas donas.
- Quem mandou ser o mais gostosão da escola Léo...
Isso tá ficando chato.... tô bêbado.
- Tá bom então, e você por que foi embora? - Achei ele meio estranho.
- Tu chamou, eu vim, não ia te deixar sair bêbado por ai. - Não ia mesmo. -
- Cara já sou grandinho, sei me virar, apesar de que ... tô bêbado mesmo.
Ele não parava de rir, tava bem bobo mesmo meu amigo.
Mesmo só com a claridade, estávamos tão juntos que conseguia ver os olhos dele, meu é foda o cara era realmente o cara, pensa num modelo desses de comercial. Cabelo loiro, olhos azuis boca vermelha, corpo sarado, eu fazia ele correr muito.
Sinto o olhar dele mudando, ele baixou a cabeça.
- Toro, por que me sinto tão triste? Não consigo ser como tu meu.
- Como eu cara?? - eu não gostava de ver ele assim, o Léo tinha essas coisas. -
- Sim .......todo confiante, todo mundo te quer na volta, não tem medo de nada. As gurias pagam o maior pau pra ti cara.
- Eu não to vendo nada disso Léo, - eu não conseguia para de rir -
- Deixa de ser bobo Léo, a mulherada te idolatra meu.
- Tu é foda meu, eu sinto uma dor tão grande Toro, não consigo saber o que eu tenho de errado.
Meu mano começou a chorar, eu abracei ele no mesmo instante, o Léo tinha dessas coisas, numa hora tava alegre e na outra ficava triste queria ficar sozinho, a mãe dele dizia que só eu conseguia tirar ele do quarto nessas horas.
Eu só conseguia ficar abraçado e esperar ele parar de soluçar.
Quando conheci o Léo nós tínhamos tipo 8 anos, ele tava bem assim, chorando nunca canto da praça perto de casa, quando vi aquele loirinho achei que alguém tinha batido nele. Fiquei lá confortando o guri, meu pai viu, maior merda, mas falo na sequência, o Léo nunca ficou sabendo.
- Não fica assim Léo, tô aqui cara.
Ficamos olhando o dia nascer, era muito lindo tudo aquilo.
Nessa hora ele me olhou e eu fiquei sem respirar, cara ele ficou me olhando e chegando mais perto, eu não conseguia entender o que tava acontecendo, senti os lábios dele em cima dos meus, e parece que tudo parou, a sensação daquela boca junto a minha, eu fiquei sem ação, mas alguma coisa dentro de mim fez eu agarrar ele pela nuca e colocar minha língua junto a dele, era quente e calmo, nunca tinha tido uma experiência com outro cara, não sabia o que sentir mas parecia certo......... era o Léo. Ficamos assim pelo que pareceu uma eternidade.
- Toro, eu gosto de ti cara, sempre gostei.
Quando ouvi isso, cara pirei, eu saí correndo só conseguia ouvir a voz do Léo me chamando eu não queria voltar eu só queria sair dali.
Cheguei em casa com o coração na mão, não tava entendendo nada, o Léo não podia ter feito isso comigo eu não sou viado cara eu não curto homem, o que os outro iam falar se soubessem, minha mãe, meu pai.
Meu pai ia me matar cara, tava muito assustado com tudo aquilo, sentia o gosto do Léo na minha boca, entrei em casa correndo ainda bem que minha mãe estava de plantão aquele dia, me atirei na cama sem banho mesmo, fiquei rolando na cama lembrando de tudo.
Merda meu, o Léo não podia ter feito isso!!! Não era certo meu!! Chorei pra caramba tinha perdido meu melhor amigo, merda de vida....
E
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Desencontros - O outro lado do amor
Non-FictionPode um amor superar tudo. A dor de uma separação e o incio de um grande amor. A vida as vezes nos da escolhas, depende de nós o caminho a ser percorrido. Dois garotos, que se conhecem. Dois homens que se amam. Quando as descobertas do amor podem se...