Capítulo XXIII

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Lembro de acordar no hospital, a dor voltou, a mãe do Toro tava ali, as pessoas falavam comigo eu não ouvia nada, queria voltar para aquele local sem dor, ás vezes acho que melhorava, via meu quarto, tudo ali me lembrava ele, apagava, hospital.

A mãe do Toro me olhava e chorava, lembro de perguntar como ele estava, se estava bem, ela me respondia que sim, que ele ia voltar.

Eu fiquei rezando muito pra ele voltar, mesmo que não me olhasse mais, eu precisava saber que ele estava bem, rezei pedi perdão pelo que tinha feito, sabia que era errado, mas a dor ia e voltava, tomei remédios, os médicos falaram que eu tinha depressão profunda, que era uma doença, que precisava de remédios para melhorar, melhorar pra que se ele não estava ali comigo.

Por fim veio a solidão. Ela era escura, mas lá não havia dor.

Não sei quanto tempo depois, ouvi alguém me chamar, eu conhecia aquela voz, era a Mia, ela colocava a mão no meu rosto e não dizia nada, ficou ali sentada do meu, lado, nunca falou nem me julgou, só ficava ali, a sensação de solidão passava, quando eu acordava a Mia estava li, sentada as vezes lendo, as vezes só me olhava, me dava os remédios e eu chorava, ela nunca disse nada, ela sabia o que eu tinha feito, nunca me julgou ou quis saber por que?

Um dia estava ela e o Vito, ficavam conversando, a Mia sempre com a mão na minha, não estava mais sozinho, conversavam sobre tudo eu só ficava ouvindo.

Os dias passavam. Não lembro quando, mas a Mia me falou.

- Léo combinei de irmos pra casa do teu avô, vamos ficar lá um tempo.

Lembro de sair de casa e encontrar, o Monte e o Bear me esperando, eles não falaram nada só me abraçaram. Lembro de uma frase do Monte.

- Sempre estaremos aqui por ti, não esquece.

Ninguém falava dele. Acho que dormi a viagem toda, acordei uma hora e eu estava enrolado no colo do Bear, que passava a mão no meu cabelo, eles conversavam, dormi de novo.

Acordei com minha vó me trazendo comida, a Mia estava sentada perto da janela, meu avô sentado ao lado dela, a Mia estava encostada no ombro dele, ela estava tão linda.

Um dia meu vô me pegou pelo braço com todo carinho e me levou pra sala, a Mia não estava tinha voltado pra casa, fiquei sentado com a cabeça no colo dele, tive a sensação de segurança novamente, o sol estava brilhando lá fora, outro dia passava.

Minha vó foi andando comigo, caminhávamos pelos estábulos, fiquei olhando os cavalos quis montar, meu avô saiu comigo, nunca ninguém tentou falar comigo, só estavam ali, eu melhorei. Mais um dia, tentava viver um dia de cada vez. A noite a escuridão. Era tão bom.

Vocês já apagaram uma luz? Tantas vezes não é, já pensaram em como ela se sente? Eu me sentia assim sem o Toro, eu tinha apagado, eu existia, mais não brilhava mais.

Andava pela fazenda, comia, a Rosa procurava fazer tudo que eu gostava, eu não queria falar sobre o Toro, sobre o que eu fiz, eles sempre me respeitaram, ficaram só ali, por mim.

Acordei, mais um dia, desci para a cozinha a Mia e minha mãe estavam lá, meu dia melhorou, conversamos, tomamos café, eu não sabia o que fazer as aulas iriam recomeçar, eu tinha perdido o semestre a Mia me disse, não sabia a quanto tempo eu estava na fazenda não me preocupava com isso.

Me levaram para a sala sentaram ao meu lado eu sabia que algo tinha acontecido, a dor voltou, Toro o que tinha acontecido com ele??

- O que aconteceu Mia??

- Nada Léo,

Ela estava mentindo, eu sabia.

- Vim para conversar contigo, sobre as aulas tu precisa voltar.

Desencontros - O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora