Cap 4- E finalmente, a piscina!

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     Não vou negar, até que a excursão foi bacana. Nossa, bacana? Sério Sofia? Enfim, depois da mistura de chororô e risadas que eu vi no calçadão, nós fomos ao Pão de Açúcar e na Praça Mauá. Eu até cogitei a possibilidade de tentar convencer o moço da van de nos levar na Biblioteca Parque, no centro da cidade, mas algumas coisas me impediam. Como o fato de que já eram quase oito da noite, e de que nem todo mundo na van devia ser lá muito culto (a palavra mais bonita que eu encontrei pra não ter que dizer "doido por leitura") pra estar disposto a passar a noite de domingo numa biblioteca. 

   O chato do meu irmão veio o caminho inteiro reclamando que queria ficar bronzeado, mas na verdade ficou todo queimado. Meu pai dormiu encostado na janela da van, e minha mãe estava no celular tentando mandar as 125 fotos que tiramos pro grupo da família. Por força do hábito eu meti a mão na bolsa, onde eu provavelmente encontraria um livro de romance ou algo do tipo. Mas aí lembrei da ordem da minha mãe e fiquei meio desanimada. Não seria nada fácil passar aquelas férias sem nenhum livro. 

***

     Chegamos no hotel e eu e o Felipe saímos correndo pra disputar o banheiro. Minha mãe veio gritando atrás de nós pra não corrermos, mas eu precisava de um banho urgentemente! O Felipe acabou tropeçando e eu cheguei primeiro. Ele ficou repetindo "Isso não é justo" como uma criança de 5 anos enquanto eu pegava minhas coisas. 

  "Regras são regras, maninho. Eu cheguei primeiro!"

    Tomei um banho quente, mesmo estando calor, só pra relaxar um pouco. Eu estava muito cansada! 

  Assim que saí do banho, meu irmão praticamente voou pra cima da porta do banheiro e eu desviei, quase quebrando o abajur no canto do quarto. Foi por pouco! Enquanto secava meu cabelo, ouvi o Felipe ligando o chuveiro e, logo depois, gritando. 

  "SOFIA!!!! VOCÊ QUER QUE EU MORRA QUEIMADO???"

Ops, esqueci de mudar a temperatura da água de quente pra fria...

***

     Acordei na manhã seguinte me sentindo bem mais descansada. E dessa vez ninguém me arrancou pra fora da cama. Na verdade, já eram 9 horas e meus pais ainda não tinham aparecido. Decidi ir no quarto deles. Eles disseram que estavam muito cansados pra sair hoje, e que eu e meu irmão podíamos aproveitar o dia, contanto que ficássemos dentro do hotel. Eu disse que então iria na piscina. Finalmente, a piscina! Já estava achando que não iria nunca lá. Fui para o meu quarto, coloquei meu biquíni de bolinhas e parti rumo à parte externa do hotel. 

  Decidi sentar em uma mesa e passar filtro solar antes de mergulhar. Passei bastante, inclusive. Não queria ficar queimada também. Depois de uns 10 minutos, eu mergulhei. A água estava gelada, e tinha pouca gente lá dentro, apesar de a parte infantil estar cheia. Depois de uma meia hora nadando, cansei e fiquei parada, dentro da piscina mesmo, olhando o movimento. De repente, uma menininha começou a gritar. Ela parecia ter caído do buraco de sua boia rosa pink e estava prestes a se afogar, quando o Lucas, o menino da varanda, chegou e levantou ela da água. Fiquei sem entender de onde ele surgiu, até que lembrei que ele era o salva-vidas e que devia estar lá esse tempo todo. 

  Obviamente a menininha se chamava Ana, já que uma moça, que aparentava uns 30 anos, veio correndo desesperada gritando esse nome. Depois de responder os cinquenta "Muito obrigada mesmo" da mãe da Ana, o Lucas veio nadando até mim. 

"Ei, Sofia! Finalmente veio dar uns mergulhos?"

"É, pois é... A água tá uma delícia!" Eu respondi. "Foi muito legal o que você fez agora há pouco."

"Ah, bem, é o meu dever como salva-vidas, não foi nada demais." Ele disse, um pouco sem graça.

  Ficamos um tempo olhando um grupo de meninos fazendo uma pequena competição de nado, até que o Lucas pareceu lembrar de algo.

"Na sexta vai ter uma festa aqui no hotel. Um luau, na verdade." Ele disse como se fosse a coisa mais empolgante do mundo. "Pode vir se quiser. É pra jovens de 14 à 17 anos. Você deve ter uns 16, né?"

"Na verdade, tenho 15. E você?"

"15 também. Fiz mês passado." E voltando à empolgação, ele disse: "E aí, você vem?"

"Vou pensar."

   Na verdade, ao invés de "vou pensar", minha  vontade era dizer "nem pensar". Fala sério né? Não quero que pensem que sou anti-social, ou algo assim. É só que eu não estava nem um pouco a fim de passar minha noite de sexta no meio de adolescentes que nunca se viram na vida. Esse tipo de programa não tem nada a ver comigo. Eu preferia ficar em casa (olha a novidade) lendo, ou atualizando uma das quatrocentas séries que eu assisto. Na real, eu nem queria estar ali, no Rio.

  O Lucas só fez uma cara de empolgação (sim, de novo) e disse que tinha que voltar ao trabalho. Saí da piscina logo depois, recolhi minhas coisas e fui me trocar pra poder almoçar. 

  Eu estava no buffet tentando me decidir entre lasanha ou macarrão, quando um papel surgiu na minha frente. Me afastei um pouco (tomando cuidado para o prato não cair) e tentei ler. Era um panfleto.

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                  LUAU DO HOTEL MAR CALMO 

Sexta, dia 10 de Dezembro, às 17h, na área externa do Mar Calmo. Esperamos você lá!

Idade: 14 à 17 anos

Traje: Praia

Favor levar um prato doce ou salgado.

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  Era o Felipe quem estava esfregando o panfleto na minha cara.

"E aí maninha, vamos?"

"Ah maninho, eu adoraria ir, pena que você faz 18 anos na quinta, né?" Falei, dando um leve empurrão nele para passar e pegar batata frita.

"Ah maninha, você se esqueceu que eu faço 17 anos, e não 18, né?" Ele disse me imitando. "Para de arranjar desculpa, mamãe disse que você tem que ser mais social. Eu vou com você."

"Ah, por favor né Felipe? Eu sei muito bem que você só quer que eu vá porque é o único jeito da mamãe deixar você ir, já que até pra ir na esquina ela confia mais em mim do que em você."

"Sofia, não tem porque ela não confiar em mim, é só uma festa no hotel. Eu quero que você vá pra se divertir."

E de novo, falei aquele meu "vou pensar".


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Olá galerinha! Me empolguei e esse capítulo acabou ficando grandinho haha

Não se esqueçam de votar caso gostem <3

Até quarta!

Beijão



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