Um dia como qualquer outro

70 15 9
                                    

Esta parecia se iniciar como uma manhã normal... me levantei e me arrumei para mais um dia qualquer de trabalho... Sai pontualmente as 7:30 e passei no café do Marphi para comprar duas rosquinhas e um expresso para viagem, como de costume. Cheguei ao departamento de Polícia as 8: 45. Tudo corria bem. Dei bom dia aos meus colegas de trabalho, alertei meu chefe de maneira cômica o excesso de peso, a final já está comendo fritura pela manhã novamente, mas ele deu de ombros. Me diriji a minha sala e me sentei diante de minha pilha de papéis não arrumados pondo as mãos na cabeça.
"Lá vamos nós novamente". Algumas horas de burocracia se passam até que meu parceiro Joe abre a porta abruptamente - vamos lá detetive, temos mais um pepino nas mãos - está sempre com um sorriso despreocupado em seu rosto, embora ainda possa demonstrar um certo desespero e até uma pitada de desânimo em sua voz rouca. " parece que terei de resolver estes papéis depois" . Me ergo da cadeira - e quando não temos em?!- no meu ramo temos que manter um certo bom humor para não enlouquecer, então nao se assuste com uma piada ou outra. Pego meu sobretudo, ponho meu chapel e sigo Joe que começa a me descrever o que teremos para hoje. Parece que uma jovem foi encontrada num beco da décima avenida.
Então entramos no carro e nos dirigimos ao local apressados. No meu mundo nao se pode perder tempo, o que é irônico... do ponto de vista de muita gente, meu departamento só age quando já é tarde demais.
Ao chegar no local me deparo com o esperado aglomerado de curiosos.
- hey Joe, isole a área por favor...
Joe rapidamente começa a afastar as pessoas para ampliar a área cercada pela fita amarela que a polícia já havia montado. Pode parecer um exagero, mas detesto curioso me tirando a atenção.
Ao chegar na triste cena sinto o amargo sabor de meu trabalho. Uma mulher bonita e de aparência saudável caída, longos cabelos ruivos espalhados e olhos verdes ainda abertos. Tive sorte, parece que desta vez os policiais não tocaram em nada. Começo a investigar o que parecia algo normal e a cada momento fico mais intrigado enquanto anoto as pistas . A jovem tem ainda todos os seus pertences. "Descarta-se agora a possibilidade de assalto". Não há como ser um estupro enquanto a jovem ainda está totalmente vestida e aparentemente não há marcas de violência... "o que aconteceu aqui...?". Espera! Duas marcas em seu pescoço... furos precisos. Não há sangue neles, não há sangue em parte alguma!
Embora seja estranho eu me mantenho frio para pegar qualquer possível pista do assassino e listo tudo que me chama a atenção: alguns fios de cabelo castanho claro,os estranhos furos no pescoço, falta de sangue.
Poderia notar algumas pegadas... mas prefiro não arriscar visando que muitos já posaram por aqui depois do suspeito.
Então envio o corpo para a perícia e Volto ao meu escritório. Depois de mais algumas horas eu retorno para meu apartamento e paro no caminho para comer alguma coisa. Chegando em casa me arrumo para dormir.
- Mais um dia Comum... mas um caso bem incomum-
Não consegui dormir aquela noite sem pensar na estranha expressão da jovem... parecia tão feliz!

Crônicas Da Meia Noite Onde histórias criam vida. Descubra agora