O caso do beco na 46°

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Acordei ao som do despertador e a rotina se repetia... passando pelo café vi na TV a notícia de uma terrível tragédia e ao chegar no trabalho, pontualmente, estava aquela Grande confusão. Todos falavam do tal massacre da noite anterior, por sua brutalidade e repemtinidade. Faziam especulação sobre um possível serial killer, sobre um maníaco ou até uma besta selvagem. Tudo besteira na minha opinião... para mim era apenas mais um caso, no qual não queria mexer... já tinha meu próprio enigma em mente e não queria distração.

Fui direto a minha sala sem dar muita atenção aos outros e me pus a analisar as evidências que tinha... não era muita coisa, mas já podia começar a montar meu caso. Fico algum tempo montando ideias em minha cabeça e especulando possíveis cenários. Pelo menos até a hora de ir á perícia ver os resultados da análise do corpo. Joey entra na sala interrompendo meus pensamentos.
- tenho algo que talvez te interesse parceiro.

- se está falando do beco... até me desperta curiosidade, mas preciso me concentrar em um caso por vez.

Joey então sorri e cruza os braços com ironia em sua voz.
- mas talvez você pense bem sobre o caso do qual dizem ser impossível resolver...- ele sabe como me deixar interessado, mas eu não podia me desviar

- desembucha... já tenho um caso impossível em mãos... nenhuma evidência e um corpo sem sangue

- bem... talvez fosse uma boa ideia averiguar o beco. Não sei como você aguenta ficar tanto tempo aqui dentro.

- por que eu ?

- bem... tão falando que um dos corpos não tem sangue

Então eu ergo meu olhar para encarar Joey... ele está sorrindo. Sabe que me fisgou. Pego uns papeis deixados em minha mesa e passo a vista por eles rapidamente

- o massacre foi na 46°... a mulher foi

- a duas quadras dali- continua Joey

Me levanto rapidamente
- o que está esperando... vamos até o local.

Saímos apressados da sala, ponho meu chapéu e o sobretudo enquanto Joey me segue pegando as chaves do carro. Não sou de me preocupar tanto com o que os outros estão pensando, mas, como um observador, percebi que Joey estava um tanto quanto menos animado que o normal.
- está tudo bem cara... você me fez vir aqui.

- não se preocupe lu... eu estou passando por algumas situações em casa, mas nada que comprometa o trabalho- fico impressionado em como ele reage... "será que realmente me veem como uma máquina que só pensa em trabalho?"

- eu sei que não sou o mais próximo do mundo... mas já estamos juntos a um tempo no ramo... sabe que pode contar comigo...

- eu sei parceiro... eu sei, mas a Clarice está passando por esses problemas de saúde... não há muito que fazer. e com o salário que temos tem sido difícil arrumar remédios

- compreendo... sempre há momentos mais difíceis... mas como disse. Pode contar comigo para ajudar se quiser...- Não se falou muito depois disso. Via em seus olhos que o orgulho não o permitiria me pedir algo, mas para ser sincero não pensei muito nisso depois que me aproximei  do local... uma cena de crime sempre me põe no frenesi cego de investigação

No beco já haviam alguns policiais fazendo a contenção quanto aos curiosos. Mostro meu distintivo falando
- departamento de investigação

O policial acena com a cabeça e me abre passagem
- boa sorte detetive

A cena é terrível... havia de fato bastante sangue ali. Ponho minhas luvas e começo a analisar mais detalhadamente a carnificina. Me ponho inicialmente a contar... 1, 2, 3... há quatro corpos... todos eles estão pre disposto a partir de um ponto... um fora estripado por uma lâmina neste mesmo ponto. Um olhar mais atento e encontro a provável arma. Uma faca de açougue largada no chão. A coloco no saco de evidências e prossigo... os outros dois corpos estão em estado irreconhecível. Um a uns cinco metros na direita e outro a sete na esquerda -pela posição este tentou fugir...- olho as pegadas de sangue no chao- seja lá o que o atingiu, bateu com tremenda força na parede que a cabeça estourou completamente- o terceiro parece ter sido arremessado contra a parede e seus ossos da coluna foram partidos então um forte golpe em seu rosto desfigurou-lhe a face. O que realmente chama a Minha atenção... não há arma "talvez realmente tenha sido algum tipo de anima... não... concentre-se" . Então é no quarto que eu me interesso... apoiado tranquilamente na parede, olhar vazio e travado para sempre em uma expressão de angústia e medo, dois buracos no pescoço

- o que será que está solto por aí?

Então me ergo e volto me para Joey e ele já sabe o que fazer... passamos alguns minutos recolhendo amostras de sangue e evidências. Além da faca há uma barra de ferro, penso ser o instrumento que destruiu aqueles ossos ou pelo menos espero que tenha sido...

- olhe jo... achamos o motivo do nosso "animal" causar tanto estrago

Joey sorri com meu ceticismo
- sempre tão racional... pode ser mesmo o caso de um maníaco a final

- sim... veja essas marcas... Mande os nossos amigos policiais seguirem por aquele beco

- por que eles? Achei que estava se divertindo!

- é. Eu estou tentado aqui, mas não há tempo de caçar e o trabalho de prender é deles... vamos ao nosso outro caso que me parece bem mais parte deste agora

Quando terminamos me Volto novamente para os policiais na entrada do beco
- estes corpos devem ser levados a perícia imediatamente. quero acompanhamento imediato dos resultados... aliás, estamos de saída.

Indo em direção a perícia para buscar meus resultados eu fico pensando nas estranhas situações e casos nas quais tenho me metido e não percebo o tempo passar até que joey pare o carro
- chegamos

Chegando na sala e as probabilidades se mostram completamente contra a sanidade deste caso.

- como assim o corpo sumiu? - perguntei irritado e confuso ao legista

- ela simplesmente não está aqui... disseram que simplesmente levantou e saiu- ele falou ainda mais confuso. Cheguei a notar que a expressão preocupada estava em muitos rostos ali...

- e o que mais disseram?

- venha ver isso...

Sigo ele pelos corredores saindo até passar por uma sala que aparentemente teve a porta arrancada recentemente a mais a frente neste mesmo corredor a expressão de espanto provavelmente se estendeu a mim... uma parede onde acredito já ter tido uma janela e agora é um grande buraco que da vista para o trânsito a baixo

- e isso foi...

O homem apenas faz que sim com a cabeça... não havia muito a ser feito ali então me virei para sair,mas Joey me segurou e falou ao ouvido
- veja isso...

Apontando com uma certa incerteza descrente ele me mostrou em linha reta a grande confusão de gente... grande confusão de gente na quadragésima sexta Rua... em linha reta de onde viemos

"Coincidência?  Talvez... mas com certeza há algo muito grande  acontecendo aqui"

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