Destino

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Você pensou que fosse o fim? Eu também pensei. Mas podemos chamar de um novo começo. Estou viva. E vai ficar tudo bem.
Abri meus olhos, e a claridade os atingiu. Pisquei umas três vezes até me acostumar novamente. Olhei ao redor. E era tudo muito claro. Eu estava em um quarto, e poderia jurar que era um hospital. O que aconteceu? - pensei. Olhei para a janela, e notei o sol raiando forte. Significa que esta de manhã. Eu dormi todo este tempo. Oh não! Eu não poderia estar aqui. Comecei a me agitar na cama. E logo senti mãos me pararem. Era uma enfermeira. E afirmando a hipótese... Eu estava no hospital!
- O que aconteceu? - pergunto confusa.
- Calma senhora. Você sofreu um acidente, e feriu a cabeça. Precisa se acalmar, e ficar em repouso. - E como se pressionado um botão. Meu ferimento começou a doer. Não estava doendo até então.
- Acidente? - A enfermeira falava algumas coisas, mas a voz dela estava tão baixa. Tentei repassar tudo na minha cabeça, meu livro. O caminhão. Daniel. Daniel? - onde está meu marido? - Tentei me levantar. Tentativa falha.
- Teu marido está passando por uma cirurgia. Quando a ambulância chegou no local, a senhora já estava inconsciente e seu marido estava preso no banco. Ele bateu a cabeça muito forte, e seus ferimentos são graves.
- Eu preciso vê-lo!
- Fique calma. Não pode se levantar agora. Mas prometo que assim que o médico autorizar. Realizo o encontro dos dois. - Balancei a cabeça positivamente. Mas meu coração estava apertado. A enfermeira estava prestes a sair, mas a segurei pelo braço, e ela voltou em minha direção. Acho que ela pode me sentir com o olhar. Pois entortou a boca, e apertou a minha mão.
- Ele vai ficar bem? - perguntei finalmente.
- Estamos fazendo todo o possível. - Eu já ouvi esta frase antes. Calma!
- Eu posso dar um telefonema?
- Vou perguntar para o Doutor. Prometo que já volto. - Suspirei. Como estas coisas podem acontecer? Acidentes. Pois é, acontecem o tempo todo se querem saber.
Um tempo passou, e pareciam horas. Um médico veio me ver, e me fez milhares de perguntas. Quem eu era. Do que eu me lembrava. Como eu me sentia. Terminada a entrevista, consegui telefonar para minha irmã, e claro, ela entrou em desespero. Se ela pudesse, tenho certeza que poderia ter se teletransportado, mas consegui a acalmar. Ela não poderia abandonar o caso a esta altura, e eu estava bem. Garanti isto a ela. Mas amanhã ela irá me fazer uma visita. Avisei mamãe também. Mas ela fez pouco caso. Disse que Daniel era irresponsável, e nós poderíamos ter morrido. Perguntei a respeito do livro, e ela falou que não da segunda chances. Como se eu já não suspeitasse. Oh vida, porque você é tão injusta? Tudo poderia estar bem agora. Mas meu livro não vai ser publicado. Daniel está em uma cirurgia. E ninguém me dá notícias. E eu não estava mais aguentando ficar ali, fingindo não me importar também.

--------------"

- Regina? - Daniel me chamava já da escada.
- Já estou indo! - gritei em retorno. Depois de uma última olhada no espelho. Arrumei novamente o meu vestido - presente de Daniel - e desci. Ele sorriu para mim. E me conduziu até o carro. - Para onde vamos? - perguntei.
- Surpresa! - Franzi o cenho. Ele riu, e voltou a atenção para a estrada.
Depois de alguns minutos paramos em frente à um bistrô. Um dos meu preferidos " Perch". Olhei para ele desconfiada, e ele apenas sorriu em retorno. Saiu do carro e deu a volta, a tempo de abrir minha porta, e me ajudar gentilmente a descer. Tivemos um jantar agradável. Conversamos sobre o nosso dia. Rimos. Daniel me fazia rir muito. Nós já estávamos namorando a cinco meses.  Era um bom tempo pra mim. Comemos banoffee de sobremesa. Ele pagou a conta. E fomos embora. O caminho de volta foi silencioso. Eu gostei da surpresa. Eu realmente amava aquele bistrô. Eu e Zelena almoçávamos direto com papai lá - antes dele se separar da mamãe. E resolver que não está muito velho para conhecer o mundo inteiro. - Mas voltando... Daniel estacionou na frente da minha casa, eu o agradeci pelo jantar, e lhe ofertei um suave beijo nos lábios. Estava prestes a descer do carro quando ele me parou.
- Você acredita mesmo que a noite vai acabar assim? - Olhei para ele surpresa.
- você quer entrar? - E ele começou a rir.
- Não! - Levantei as sobrancelhas. - Eu quero conversar.
- Oh! Tudo bem. Vamos conversar.
- Regina! - Ele pegou em minha mão. - Eu nunca acreditei no amor. Sempre tive medo. E fugia disso. - Escutava atentamente. - Mas então eu conheci você. Quando eu te vi naquela mesa do escritório. Lendo " Comer, rezar e amar", com aquele vestido azul. E óculos quadrados. Eu soube que a minha vida mudaria para sempre. E eu não quero pensar na possibilidade de perder tudo isso. Eu quero fazer parte da sua vida para sempre, se você me permitir. - tenho certeza que meus olhos estavam arregalados. - Eu sei que não nos conhecemos a muito tempo. Mas eu não quero esperar mais. Eu tenho certeza do que eu quero, e eu quero você.
- O que isso significa? - Sério Regina?
- Significa que... - Suspiro. Não é o que estou pensando, é? - eu quero me casar com você! - Ele falou tão rápido, que eu achei que estava imaginando.
- O que?
- Espera. - Ele se ajeita no banco para pegar algo em seu bolso. Oh não! É o que eu estou pensando. - Casa comigo? - Ele repete a frase, e agora eu a escutei perfeitamente. Meus olhos pararam sobre a aliança. E eu perdi o ar. Era o que eu queria? Eu gosto dele, mas... isso é tão rápido. Ele percebeu meu silêncio e então começou a falar. - Você não precisa decidir agora. Pode pensar. Eu só precisava que você soubesse o que eu sinto. E o que eu quero com você.
- Daniel, eu sou um pacote cheio de problemas.
- Eu não me importo.
- Tenho marcas do meu passado, que ainda não cicatrizaram.
- Eu não ligo. Eu conheço você, Regina. Eu sei de tudo que você passou. E eu quero ser capaz de te fazer feliz. De te mostrar que a vida pode ser boa. Quero passar o resto da minha com você. Porque eu amo você! - Sinal vermelho, era a primeira vez que ele falava isso. Meus lábios abriam e fechavam incontáveis vezes. Eu não sabia o que pensar. Como agir. Então eu soltei a frase no ar.
- Eu aceito! - ele pareceu não acreditar.
- Você o que?
- Eu aceito, Daniel. Eu aceito me casar com você! - O que eu estava fazendo? Eu não sabia naquele momento. Eu só queria tentar ser feliz. E Daniel me deu a chance. Então eu resolvi abraçar. E foi uma boa escolha. Porque ele me fez muito feliz. Até agora.

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