É difícil descrever o turbilhão de sentimentos que transbordou em mim, quando eu o vi. Sempre foi complicado relatar essas sensações. Estas que eu achei que tivesse superado, que estivessem mortas. Mas nunca estiveram mais acessas. Tão vivas dentro de mim. Eu nunca o esqueci. E como eu poderia? Eu o amei, há dezesseis anos, com todo o meu coração. Mas não é algo que eu consiga explicar. Talvez vocês possam tirar suas conclusões, se eu lhes contar um pouco da nossa história...
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Era uma tarde de outono. Aula de história. Olhei para o relógio, 14:52. "Tic tac" o barulho ecoava em minha cabeça. Eu deveria estar prestando atenção em toda aquela lição sobre a Segunda Guerra. Mas naquele dia, naquele especial dia. Minha vida toda mudou. E começou com um esbarrão.
- Me perdoe, milady! - Ele dizia enquanto me ofertava sua mão, para me ajudar a levantar. Por um segundo, que pareceu minutos, me perdi no oceano azul, que eram seus olhos. Então sua voz rouca, me chamou atenção novamente. - você está bem? - Ele perguntou confuso. Então me dei conta que estava parada, caída no chão, provavelmente de boca aberta, enquanto o Mister bonitão me observava. Então aceitei sua ajuda de bom grado, e me levantei. Ele era realmente bonito. Loiro, olhos azuis, e mais alto que eu, o que não era difícil. Mas afastei o pensamento, pois eu estava furiosa.
- Você não olha por onde anda? - ele arregalou os olhos.
- Me desculpe. Mas quem não estava olhando era a senhorita.
- Você me derrubou.
- Não o fiz de propósito. - respirei fundo.
- Ok. Só me de licença. Eu realmente preciso ir. - me esquivei de sua direção, e estava prestes a seguir meu caminho. Quando ele delicadamente segurou meu pulso. E castanho e azul se encontraram novamente.
- Você não vai me dizer seu nome? - Involuntariamente, eu sorri com sua pergunta. Ele me soltou. E então eu revirei os olhos, e me afastei.
- Você terá que descobrir. - Ele me retribui o sorriso. E apaixonantes covinhas apareceram. Com essa imagem em mente, eu fui embora. No entanto, eu havia deixado algo para trás.----------------"
- Nac Nac. - Me ajeitei na cama quando eu o vi entrar.
- Você ainda faz isso!
- E sempre irei fazer.
- Não foi uma pergunta. - Robin riu, e se aproximou. Parando aos meus pés.
- Como está se sentindo?
- Bem. Os remédios me deixam muito sonolenta. Mas estou bem.
- Isso significa que logo alguém receberá alta. - Sorri fraco. E ele deve ter percebido o quão forçado era esse sorriso. Pois se aproximou mais ainda, ficando ao meu lado, e pegando em minha mão. Engoli seco, afastando a boa sensação que seu toque me trazia.
- Ele vai se recuperar. Então tudo ficará bem. - Encarei seus olhos por algum tempo, e então mordi o lábio.
- Você diz isso para todos. - Ele riu com a insinuação.
- Mas é a verdade. Ele não vai desistir fácil. E se você não desistir também. Se você permanecer do lado dele. Ele vai acordar. Vai se recuperar. E vocês ficarão juntos novamente. - Ele engoliu seco ao proferir a última frase. O que me fez pensar se ele ainda sentia alguma coisa por mim. Após todos esses anos. Mas eu estava sendo ridícula, e até mesmo egoísta. Depois de tudo que aconteceu... - Eu sempre quero acreditar que tudo ficará bem. - ele disse depois de um tempo.
- Você acreditar nisso, não faz com que aconteça. - disse ríspida. Os motivos já começavam a se misturar.
- Não estamos mais falando do Daniel... - Robin soltou a frase no ar, em uma afirmativa. Eu nada respondi. Ele soltou minha mão, que de tão confortável o toque, eu nem me incomodei que ainda estivesse ali. Levantou as mangas do jaleco, revelando seu braço como sempre musculoso. E foi em direção a janela, começando a observar o que parecia ser o nada. Ele apenas estava lá. Mas provavelmente, as imagens que surgiram em sua cabeça, não foi de uma cidade movimentada, com árvores a se moverem forte por conta do vento. Não. Ele voltou aquele dia. Aquele doloroso e inesquecível dia. - Eu ainda penso sobre aquela noite, todas as vezes que eu fecho meus olhos. - Eu estava certa.
- Eu não quero falar sobre isso. - Disse com a voz falha. Já com os olhos marejados. De Locksley alisou os cabelos. E algo nesse movimento me chamou a atenção. Me perguntei quantas vezes ele ainda seria capaz de acelerar meu coração.
- Você está certa. Este ainda não é o momento de falarmos sobre esse assunto.
- Nunca será o momento. - falei com a cabeça baixa. Depois de algum tempo, voltei meu olhar a Robin. Que entortou a boca, suspirou, e disse:
- Tudo bem! - Ele era sempre tão compreensível. Mas eu sabia que uma hora uma ou outra, nos teríamos que conversar. Eu só estava adiando o assunto que nos causa tanta dor. Ele estava prestes a se afastar, quando eu o segurei levemente, fazendo voltar sua atenção a mim. Ele deixou sua cabeça cair de lado, e sua testa franzir, como que quem espera uma resposta. Então eu delicadamente girei seu pulso. Revelando a tatuagem em seu ante braço.
- O que significa? - perguntei já sabendo a resposta. Olhando para o desenho ele respondeu.
- O leão é um símbolo solar e luminoso. É poderoso e majestoso. Traduz a sabedoria, justiça, domínio e segurança. - Então Mister L me olhou profundamente nos olhos, e continuou. - Mas para mim, tem um outro significado.
- Qual?
- MAKTUB.
- Você ainda acredita nisso? - Ele pareceu decepcionado com a pergunta. E devia estar, visto que ele desvinculou seu braço de minhas mãos, e se afastou em direção a saída.
- Eu acreditava... mas é uma tatuagem, não da para apagar.
- Então porque a fez?
- Fiz em um momento em que eu ainda tinha esperança.
- Esperança?
- De que você iria voltar. - Ele soltou a frase no ar, e partiu. Levando meu coração consigo.
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MAKTUB- Escrito nas estrelas
RomanceRegina Mills, é escritora, e está prestes a lançar seu primeiro livro. No entanto, o destino pode ser traiçoeiro. E a mesma sofre um acidente. Este pode mudar a sua vida inteira. E trazer à tona alguém de seu passado. Fazendo-a reviver sentimentos q...