Ainda existr amor. Nunca deixou de existir!

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A próxima semana veio, e a outra seguinte a ela, e assim passaram-se seis meses. Então os cafés se tornaram mais divertidos, mais longos, e de mais difíceis despedidas.
Nesse meio tempo contei a Mister L sobre meu reencontro com Graham. Que foi o maior desastre.
Começando que ele me encontrou espatifada no chão, isso porque eu havia acabado de escorregar um lance de escadas, com oito degraus. Não me machuquei, mas minha bunda ficou doendo por uma semana.
Aconteceu, que depois de me ajudar a levantar do chão, Graham brilhou os olhos ao me
reconhecer, e depois de perguntar vinte vezes se eu estava realmente bem, me convenceu a tomar um café. Tentei negar, dizendo que havia um compromisso, mas Graham Humbert consegue ser extremante persuasivo quando quer.
Para resumir, tive que escutar durante uma hora inteira, o quão realizado profissionalmente ele estava. Quão grande era sua casa, e quantos zeros havia em sua conta bancária. Sem deixar de mencionar o quão magoado ficou, por eu ter trocado ele por Robin - o que é uma precipitação, visto que um beijo não nos tornou um casal, ou seja, não houve troca. - Eu estava revirando meus olhos por dentro. O que eu tinha na cabeça, quando resolvi selar meus lábios com os lábios do capitão do time?
Eu só fingia rir de seus comentários nada interessantes. E quando ele me pediu licença para ir ao banheiro, eu agarrei a oportunidade, e sai dali, deixando algumas notas na mesa, e a prece para nunca mais esbarrar com esse homem na minha vida.
Quando terminei a história do meu nem um pouco agradável "encontro". Robin gargalhava na cadeira.
- Eu não acredito que você fez isso! - Ele dizia, tentando recuperar o fôlego. Então ria novamente.
- Sim, eu fiz! - confirmei, escondendo o rosto entre as mãos, envergonhada.
- Você deixou o cara sozinho. Isso não se faz, Rê! - Ele afirmava enquanto tentava parecer sério.
- Então, Mister L, o que você está dizendo, é que eu deveria ter aguentado, por pelo menos mais uma hora, toda aquela ladainha. E no final do encontro, acabar ganhando um beijo no canto da boca, e por mais que ele tivesse sido um babaca, deveria me deixar levar pelo momento, e sei lá, acabar indo parar no quarto dele. - Ele parou a gargalhada imediatamente, e me olhou sério.
- Não! - exclamou com a sobrancelha levantada. - pensando bem, você fez o certo. - ele veio por concordar, e eu comecei a rir novamente, com seu momento de... ciúmes?

Nos outros encontros descobrimos o que cada um havia feito em todos esses anos. Contei a ele que depois que deixei Storybrook, fui morar no apartamento de Zelena, por pelo menos seis meses, até que mamãe me encontrasse. Hoje eu sei, que Dona Cora sabia onde eu estava o tempo todo, mas como uma boa mãe, pelo menos naquele momento, ela percebeu que eu precisava desse tempo para mim. Depois ela me deu de presente meu apartamento, e de brinde, um cargo em sua editora, recém expandida em Boston. A pergunta que você deve estar se fazendo é: Cora não era a bruxa má da história? Não se deixe enganar, ela é! Mas você não nasce sendo um vilão, a vida te torna um. E eu sinto em dizer, que quem transformou minha mãe, fui eu. Mas isso não é algo para ser detalhado neste momento. Chegara a hora, que vocês saberão de tudo. Eu prometo!
Continuei contando a Robin mais coisas sobre mim. Você também quer saber mais sobre mim? Bom...
Meu sonho de adolescente, não somente era ser uma escritora aclamada, mas uma pessoa. Eu gosto de escrever minhas próprias histórias. Mas também gosto de ter opinião, e expressá-la. Seguindo isso, minha primeira faculdade foi jornalismo. Dois anos depois, eu descobri que não era nada do que eu pensava, então eu parei, e mudei meu rumo. Começando assim, minha segunda faculdade, que também era minha segunda paixão, a fotografia. Mais Dois anos, e eu era uma recém formada na arte das lentes. Porque fotografia? Bem, você pode não saber, mas por detrás de uma simples foto, tem infinitas histórias.
Mas eu ainda não estava pronta. Me sentia incompleta. E com esse sentimento, rumei para minha terceira, e última faculdade, que era nada mais e nada menos, que letras. Quatro anos depois, e eu continha outro diploma em mãos.
Oito anos se passaram, para eu enfim perceber, que eu poderia ser o que eu quisesse, sem nenhum deles. Eu não precisava de um papel, para ser boa no eu gosto, eu só precisava de determinação. E então, determinada, comecei a escrever meu primeiro livro. Sim, aquele mesmo, que minha mãe não quis publicar, porque eu sofri um acidente. Pode rir comigo. Seria cômico, se não fosse trágico.
E o resto vocês já sabem. Bom, não é toda a história, mas é um bom resumo.
Mas você se lembra? eu estava tomando cafés semanais, e não estava sozinha. Tem outro alguém que você deve estar curioso para saber um pouco mais.
- Então, Robin De Locksley, acho que é a sua vez de me falar um pouco dos seus anos sem mim. - Perguntei descontraída. Eu não queria me colocar no meio, mas foi involuntário. Eu não estava com ele agora, mas já estive, então eu posso usar essa frase, não é mesmo? Como foi a vida dele sem mim? Claro que posso!
- Só fiz uma faculdade, me desculpa! - Ele disse rindo.
- Mas é claro. A sua única, durou o tempo das minhas três. - brinquei também. - Mas eu não quero saber no que você se formou. Sabia que você ia ser médico desde que nos conhecemos, lembra? E você não é igual eu, então não mudaria de ideia tão fácil.
- Então o que você quer saber, senhorita Mills?
- Você ainda não me falou nada da sua vida amorosa... - Não comente! Eu estava curiosa sobre isso desde o nosso primeiro café. É injusto ele saber que eu era casada. Que eu SOU casada. E ele nunca comentado ter ou não alguém.
- Você é tão curiosa... - Ele cantarolou em um tom divertido. E eu fiquei esperando o resto da frase, onde ele responderia não ter ninguém... ou ter. Mas ele só ficou me olhando, com aqueles seus azuis, que por tanto tempo foi meu mar, e minha calmaria.
- Você não vai responder?
- Se você quer saber se eu estou disponível, pergunte logo Mills. Assuma o seu interesse!
- Que interesse? - Então ele começou a gargalhar. E eu entendi. Ele estava brincando comigo. - Você é uma criança! - Me levantei da cadeira, indo em direção da saída, mas ele segurou meus braços delicadamente. Você conseguiu ver a carga elétrica? Esse toque...
- Me desculpa! Por favor, não vá. Eu responderei suas perguntas. - Ele disse mais sério, me fazendo retornar ao meu lugar. - Você fica tão linda quando está nervosa. - É possível? Ele me olhar do mesmo jeito, ter aquela mesma paixão nos olhos, mesmo depois de tantos anos?
- Não mude de assunto, Mister L! - adverti. E ele sorriu. E eu estou me afundando. Me ajuda!
- Eu tinha uma noiva! - Calma coração, ele disse "Tinha". - mas não deu certo. Marian e eu nos conhecemos na faculdade, no meu terceiro ano. Viramos grandes amigos, e uma coisa levou a outra...Resultado: cinco anos de namoro. Após a formatura, eu resolvi pedi-la em casamento. Ela disse sim. Então começamos a correr atrás de tudo, e resolvemos nos casar após um ano. Um mês antes do casamento, nós desistimos. percebemos que não ia dar certo. Mas ainda somos bem amigos. - O que?
- Vocês simplesmente desistiram de casar? Desculpe! Eu estou perdendo alguma coisa? - Robin suspirou.
- Nós somos grandes amigos. E naquela época, só tínhamos um ao outro. Misturamos solidão, com sentimento. Amizade, com namoro. E nos precipitamos. Mas no final, sempre foi somente isso. Uma grande amizade. - Robin sorriu. - Sorte termos percebido antes de subir ao altar. - Forcei uma risada. E logo depois o silêncio chegou. Depois de um tempo, Locksley começou a falar sobre sua época da faculdade, antes de conhecer a tal Marian. Acho que pelas minhas contas, ele conheceu a boca do local inteiro. É estranho, meu estômago embrulhar, só de imaginar ele beijando outra pessoa?
Dez anos, Regina. Se passaram dez anos. Eu ficava repetindo isso na minha cabeça, para tentar conter o sentimento que se fazia presente, cada vez que eu percebia que ele teve uma vida sem mim. E meu coração se apertou. Eu só queria ter feito parte disso. Mas foi minha escolha fugir. O que eu posso cobrar?
- É errado, eu me sentir um pouquinho feliz, por você não estar com ninguém agora? - A pergunta veio rápido, assim como o arrependimento. Que eu obviamente não deixei transparecer. Levantei minha cabeça, e demostrei minha falsa confiança em mim mesma.
- É errado, eu me sentir um pouquinho triste, por você ser casada? - ele respondeu. Mordi o lábio. E tentei não sorrir, eu deveria não sorrir. Eu deveria não sentir um terço do que estou sentindo agora. Mas Robin, é, foi e sempre será, minha força, minha luz, e minha segurança. Meu eterno Mister L. E é algo que eu não posso negar. Eu ainda o amo, como a primeira vez, ou até mais.
Depois do enorme silêncio que se estabeleceu, em seguida da nossa pequena confissão, nós fomos embora. E depois de seis meses, com longos cafés semanais, mensagens diárias de bom dia, e às vezes horas de conversas jogadas fora. Agora estamos há duas semanas sem nos falar.
Dor.
Saudade.
Arrependimento.
Medo.
Esses múltiplos sentimentos que estão tomando meus pensamentos.
Dez anos. Dez malditos anos, e eu ainda sou aquela mesma garota. Com umas rugas a mais, admito. Mas meu coração, ainda acelerará do mesmo modo. minhas mãos ainda tremem a cada toque. Meus lábios anseiam a cada segundo por qualquer beijo. E aquele amor puro e juvenil, ainda está aqui, lutando mil batalhas para não se deixar aparecer. Mas eu sei, que se eu ver aquele sorriso, e suas maravilhosas covinhas. E escutar aquele rouco sotaque, eu irei me perder naquele oceano. E o meu maior medo, misturado com um enorme desejo, é nunca mais fugir desse meu ponto fraco, que é Robin De Locksley.
Eu estava em minha sala, lendo um dos livros da enorme pilha em minha mesa. É incrível como tem tantos maravilhosos escritores espalhados mundo, só esperando uma chance, uma oportunidade, aquele pequeno empurrão. E eu sou aquela pequena ponte a se atravessar, até que o livro de algum desses prodígios, chegue até a Chefe. E então basta uma palavra de aprovação, e o mundo inteiro saberá seu nome. Incrível, não? Parece tão simples, tão fácil. E deveria ser ainda mais para a filha da chefe. Não! Esse mundo não é fácil. Você tem que fazer por merecer. Tem que lutar. Persistir. Não desistir. Escute o meu conselho, não desista dos seus sonhos. Nunca! Jamais! E ignore o fato de que eu, a conselheira, não segue o que diz.
Pego meu celular, apenas para ver qual o horário exato dessa noite, já tão escura. E para minha surpresa, logo abaixo daqueles números, havia um nome, e dentro do mesmo quadrado, uma mensagem:
" Boa Noite! Me desculpe pela demora. Nós estamos sendo infantis nos ignorando esse tempo todo.
Sobre o nosso último encontro, eu falar que queria que você não tivesse ninguém. É porque não tem como simplesmente apagar todo o nosso passado. Mas devemos conversar sobre isso. Não quero ter que me afastar de você, só pelo fato de não entendermos nossos sentimentos. Então por isso, Regina Mills, eu proponho um jantar. Em minha casa, hoje, as dez. Eu cozinho seu prato preferido: Lasanha! O que acha? Por favor, nos de essa chance.
De seu eterno Mister L.
E também melhor amigo. "
A curva que se formou nos meus lábios foi inevitável. Meu eterno Mister L. Sim, sim, sim.
Eu respondo:
" Tudo bem. Estarei aí. Só passarei em casa para trocar de roupa. Me desculpe também. Conversamos no nosso jantar. "
Eu poderia ter assinado assim como ele. Mas eu gosto de complicar as coisas. Se fosse fácil, não seria comigo.
" É perto daquele lugar de arco e flecha? " - Enviei em seguida, me recordando que não sabia onde ele morava. Ele comentou uma vez. Mas eu sou péssima com endereços.
" Isso! É um prédio vermelho. Apartamento 108. Eu já vou deixar avisado. " - Ele respondeu de imediato. Arrisco afirmar que ele estava com a janela de nossa conversa aberta, só esperando o momento que eu o respondesse.
" Até daqui a pouco, Mister L! " - Disse, e guardei meu celular no bolso.
Terminado minhas últimas anotações do dia. Fui para casa, tomei um demorado banho, e me arrumei. Falando assim, até parece que eu estou exalando calma. Mas não estou! Minhas borboletas estão atiçadas. Será que fico melhor de vestido vermelho, preto ou azul? Preto. Com certeza! Não tem como errar com um pretinho básico.
Não é um encontro! Não é um encontro! Não é um encontro! Quem eu estou querendo enganar? É um encontro! Na casa dele! Estaremos sozinhos! Porque sinto que isso é tão errado? Sim, porque é!
Daniel... eu estou pensando nele agora. Como eu sinto a falta dele. Não me julguem! Ele é meu marido. E por mais que esteja desacordado por seis meses, minha aliança ainda está no meu dedo, como memória do nosso compromisso e da nossa adoração.
Às vezes, eu só queria que tudo voltasse a ser como era antes.
Eu, Daniel, nossos planos. Sem Robin, sem acidente. Somente eu, feliz, e esquecida do meu passado.
Mas o destino é traiçoeiro, lembra?
Dez horas finalmente chega. E eu já estou estacionada em frente ao prédio vermelho, a pelo menos meia hora. Sem coragem para subir. Mas eu tenho que fazê-lo. Tenho que encarar seja lá o que estiver acontecendo comigo e com Robin.
Respire fundo, Regina. É só apertar a campainha. "Ding dong" se faz presente, e agora não tem como voltar atrás. Robin logo abre a porta, com seu sorriso iluminado. Eu me contive para não rir daquela cena, de ele com um shorts marrom, uma camiseta verde, de chinelo, e como acessório, um pano de prato nos ombros. Tão doméstico.
- Me desculpe, já era para eu ter terminado esse jantar, mas acabei me enrolando, e acabei de colocar a lasanha no forno. Mas você não vai se arrepender de esperar. Botei todos os meus dotes culinários na receita. Mas meu Deus, olha eu aqui falando que nem um louco. Entra, Rê! - ri do modo como ele falou tudo isso tão rápido. Ele me deu espaço, e eu adentrei seu apartamento nada pequeno, e nada desorganizado. Ele me acompanhou até o sofá, e disse para eu esperar ele por ali, enquanto ele ia trocar de camisa.
Não me contive em acompanhá-lo com o olhar até onde provavelmente seria o seu quarto. Quando a porta se fechou, voltei o meu olhar para o ambiente ao meu redor. O apartamento de Robin era completamente planejado. Todos seus móveis cinzas e brancos, eram planejados para cada área. Pelo menos as que eu estava tendo acesso. A minha esquerda a cozinha, separada apenas por uma mureta. A sala onde eu estava tinha um enorme sofá de camurça de cinco lugares, sendo este em formato de L. Na frente uma estante cheia de livros, de todos os tipos, e diversos sobre medicina. Uma televisão de plasma, posicionada ao meio, que devia ter as suas cinquenta polegadas, era quase maior do que eu. Tem também dois vasos altos em cada canto. A minha direita, fica a continuação das peças. Consigo ver quatro portas. Uma meio aberta, nota-se um banheiro. E as outras três. Que seria o quarto de Robin e dois de hóspedes, talvez.
A essa hora eu já estava em pé, andando pela sala, me aproximando ainda mais da estante. Pude notar mais as fotos, que antes não havia reparado. Tinha fotos do Robin sozinho. De sua formatura. Foto com seus pais. E uma foto, quase no fundo, perdida entre as outras, que me chamou atenção. Que era de Robin e uma mulher. Marian, eu pensei. Inevitavelmente, uma pintada de ciúmes se apossou de mim. Neste momento, Robin voltou para a sala. Cocei a garganta. E tentei umedecer meus lábios secos.
Mister L, agora usava uma calça jeans - consideravelmente apertada ( concentre-se Regina) - e uma camiseta polo branca. Ainda simples, mas arrumado. Seu cabelo agora estava perfeitamente no lugar. Me perguntei se ele havia tomado banho nesse meio tempo. Mas foram poucos minutos de tour pela casa. Deve ter apenas passado um gel, pensei. Mas seu cheiro, maravilhosamente agradável. E o calor evidente que saia do seu quarto, me fizeram concluir que ele havia tomado um banho em tempo recorde. Novamente meus pensamentos foram para o outro lado, ao imaginar Robin tomando banho. ( Respire fundo )
Algumas horas se passaram depois disso. E pela primeira vez, provei algo que Robin cozinhou para mim. O fato de sua lasanha ter sido feito única e especialmente para mim, fez dela um prato ainda mais delicioso.
O jantar foi perfeito. Nós rimos, e conversamos. E eu me surpreendia pelo fato, de que ainda tivéssemos assuntos. Em nenhum momento o ambiente ficou em silêncio. Todo aquele sentimento, seja lá qual fosse ele, de duas semanas atras, havia passado. E finalmente estávamos nos entendendo. Era o que acreditava no momento, pelo menos. Ledo engano.
Depois da comida já ter se acertado no estômago. Robin levantou-se, e andou a passos lentos, até o rádio. Eu observei atentamente cada um de seus movimentos. Quando um som conhecido começou a ecoar pela sala, não contive um sorriso de canto de boca, enquanto o via se aproximar de mim, movimentando-se no ritmo da música. O que me fez gargalhar.
- Dança comigo, milady? - Robin perguntou esticando sua mão em minha direção.
- Eu não danço, você sabe disso! - E de fato ele sabia. Foi uma luta me fazer aceitar esse mesmo pedido, a treze anos atrás, no nosso baile de formatura, ao ritmo dessa mesma música.

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⏰ Última atualização: Feb 18, 2018 ⏰

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