Me olhei no espelho, e me senti como todos os outros dias. Só mais um outro qualquer. Tem sido assim desde que Marian me deixou. Ou melhor, eu descobri sua traição, e ela foi embora com seu amante. Durante cinco anos, eu fui o Tolo, que a presenteava com roupas, joias, e flores. E ela, a interesseira, que não se importou com o meu coração. Pois é, eu não tenho sorte com o amor. Todos que eu amo, vão embora, ou pedem para eu ir...
Me arrumei para o trabalho, peguei minhas chaves, e fui para o hospital. Eu sou médico, a propósito. Clínico geral, para ser mais específico. Meu nome é Robin. De Locksley. É o que vocês precisam saber até o momento.
Chegando em minha sala, avisto alguém em minha espera.
- O que você está fazendo aqui? - A mulher se vira.
- Eu precisava te ver. Seus amigos estão preocupados, sua irmã está preocupada. E eu também, Robin!
- Não tem porque se preocupar. Eu estou bem! - Altero meu tom, e ela se assusta.
- Eu tenho direito de me preocupar, e mais do que isso, tenho a obrigação. Afinal, eu sou sua mãe.
- E depois de trinta anos, você resolve agir como tal.
- Eu sempre dei tudo a você. Sempre fiquei do seu lado.
- Não. Você sempre ficou do lado do papai. E se minha vida está do jeito que está, é porque a senhora a fez assim.
- Eu não queria que você perdesse o seu futuro!
- E por isso resolver destruir o meu passado.
- Não foi minha culpa o que aconteceu. - Suspirei. Não gostava do rumo que está conversa estava levando.
- Estou bem, dona Victoria! Não era isso que a senhora queria saber? Pois bem. Estou ótimo!
- Eu só não quero que você se mutile, como... na última vez. - Ela abaixa o olhar. E logo arrependimento me atinge. Eu a abraço.
- Eu vou ficar bem, mãe! Era de se duvidar que Marian não era Flôr que se cheirasse. Eu não a amava, e a senhora sabe bem disso. Nenhuma outra mulher será capaz de me fazer amar, como eu já fiz uma vez.
- Eu só quero que você seja feliz.
- Eu serei, se a vida quiser que eu seja.
- Não fale assim.
- Eu tenho que trabalhar.
- Va nos visitar! Sentimos sua falta lá em casa, Mary principalmente.
- E como ela está?
- Bem. Namorando! - Ela revira os olhos, o que me faz rir.
- Tenho que conhecer esse cara.
- Ele é uma boa pessoa. - após alguns segundos de silêncio. Sigo dizendo:
- Eu vou visitar vocês. Mas agora eu preciso mesmo ir trabalhar. - Ela concorda com a cabeça. E me abraça novamente. E depois vai embora.
O resto do dia foi bem calmo. Algumas viroses. Alergias. Dores de cabeça, devido ao estresse. Nada demais. Nada que um bom remédio não cure. Mas sou sempre atencioso. Eu amo meu trabalho.
Como estava tudo bem parado, resolvi que iria para casa mais cedo. Me sentir inútil, em minha cama. Assistindo um filme de comédia qualquer, para tentar forçar um sorriso.
Você deve estar se perguntando porque estou tão destruído, se eu nem sequer a amava. Mas é porque a vida olha para a nossa felicidade, e ri da nossa cara. Não. Eu não a amava. Mas eu tinha esperança de que poderia ser feliz com ela. Ledo engano!
Respirei fundo. Era por volta das 20:00. Peguei minha maleta. Retirei meu jaleco e...
- Doutor Robin de Locksley, compareça à sala de emergência. - isto ao mesmo tempo em que meu bip vibrava. suspiro. Precisam de mim. - doutor Robin de Locksley, compareça à sala de emergência. - imediatamente eu já estava lá. Não negava socorro a ninguém. Como eu disse. Eu amo o que eu faço.
- O que aconteceu? - pergunto a enfermeira Emma.
- Acidente de carro. Ambos inconscientes. A mulher teve um ferimento superficial. Mas desmaiou com a batida. Já o homem, foi pego preso nas ferragens. Danos na perna, cabeça e abdômen. - Ela falou tudo muito rápido. Mas entendi a gravidade.
- Vou para a sala de cirurgia. Quanto a mulher, peça os cuidados de Dr. Whale. Por mais que o ferimento seja superficial, temos que ver como está o interno, se ela não bateu a cabeça, ou machucou algum músculo...
- Sim senhor! - E ela o fez de imediato. Assim como eu, que corri em direção ao rapaz.
Eu e minha equipe, seguimos alguns procedimentos, até concluirmos Edema cerebral. Hemorragia interna. Embolia pulmonar, e fratura no fêmur.
Após algumas horas de cirurgia, conseguimos conter alguns danos, no entanto, o homem não teve muita sorte.
- Ele está em estado de coma. - Eu dizia enquanto Killian fazia suas anotações. Eu estava tão concentrado que quase não percebi a movimentação a cima de nós. Não consegui ver muita coisa. Era uma mulher, e estava desmaiada.
- É a esposa dele! - Emma afirmou. Quando voltei minha cabeça em direção a cabine, ela já não estava mais lá.
Após algum tempo, tendo a certeza de que meu paciente estava sendo devidamente tratado, resolvi visitar sua mulher. Ela parecia aflita. E eu não a julgo. Seu marido não está nas melhores condições. Um pouco antes Emma me para.
- Daniel Colter, doutor! - senhorita Swan diz me entregando sua ficha, completamente preenchida. Levanto os olhos para ela prosseguir. - A mulher dele nos passou todas as informações. - Balanço a cabeça positivamente.
- E como ela está?
- Em estado de choque. Ela não teve a melhor visão de seu marido naquela sala. Estava perguntado dele a horas. Ela está desesperada por informações.
- E o ferimento?
- Já foi cuidado. Está tomando remédio para náusea e tontura.
- Vou conversar com ela. Qual o nome? - A loira olha novamente a ficha.
- Regina Mills. - Com as mãos trêmulas, pego sua ficha e vou em direção ao seu quarto. Não acreditando que estava mesmo lendo aquele nome. Após tantos anos...
Ia me aproximando do quarto, e a vi deitada, no entanto, estava com o rosto virado para o outro lado. Mas os cabelos, aqueles cabelos, que mesmo agora curtos, eu reconheceria em qualquer lugar. Era ela. Meu coração se apertou por um instante. Eu respirei fundo, e entrei. Observei seu pequeno corpo, coberto pelo lençol. Lentamente andei para o outro lado da cama, e fechei os olhos. Quando os abri, lá estava ela. Ainda desacordada. Mas sua expressão era tão suave. Involuntariamente, sorri. Há quanto tempo eu desejei esse momento, claro que não imaginava nessas circunstâncias, mas qualquer momento, em que eu a visse novamente, seria o melhor para mim. E de fato foi. Como eu senti sua falta...
Me sentei em uma poltrona ao seu lado, e a admirei por longos incontáveis minutos. Eu poderia fazê-lo para sempre.
Ela se movimentou na cama, e logo seus olhos se abriram. Pude ver aquela tempestade, já tão bem conhecida e jamais esquecida.
- Olhe quem resolveu acordar! - Digo sem pensar, e ela arregala os olhos. Será que se lembra de mim? Ela não poderia esquecer.
- Eu quero ver meu marido! - Ela diz e vira o rosto. Ok. Vou jogar esse jogo.
- Isso não é possível no momento. - Volta sua atenção a mim. - Preciso que se acalme. Precisa ser forte por você e por ele. Realizamos a cirurgia. Mas a batida prejudicou o cérebro. E seu marido entrou em estado de coma. - ela paralisou, como que se absorvesse toda a informação.
- O que isso significa? - ela parece tão frágil.
- Significa que seu marido pode acordar em um minuto, em um mês, ou...
- Nunca acordar. - suspirei.
- Sim!
- A vida é tão injusta.
- A vida não é injusta, Regina! - Faz um bom tempo que não digo seu nome em alto som. Seu nome em meus pensamentos. Eu não deveria me sentir assim.
- Será? Porque eu sofri um acidente. Meu livro não vai ser publicado. Meu marido está em coma. E eu não posso afirmar que minha vida tenha sido as das melhores. Agora estou aqui, presa em uma cama de hospital, conversando com... você! - Ela se lembra de mim. Abaixei os ombros. Só não parecia confortável com minha presença. Levantei, e pensei em ir embora. Deixá-la para trás, e esquecer de vez tudo isso. Mas como eu poderia? Já não o consegui fazer em dez anos. Então sem olhar para ela, eu disse
- MAKTUB - Ela me olhou confusa, e notei que tentava com todas as forças lutar com seus demônios internos. - você sabe o que significa.
- Não tem nada a ver.
- Será? - repeti sua pergunta de alguns segundos atras. - Porque eu poderia chamar isto de destino facilmente.
- O destino é traiçoeiro.- Algumas marcas simplesmente não se apagam.
- Pode ser. Mas foi o responsável por me dar os melhores momentos da minha vida. - eu não disse nenhuma mentira.
- Na minha foi responsável por tirá-los. - Isso realmente me machucou. E eu queria lhe dizer o quanto ela estava sendo egotista com essa afirmação. Ela já sofreu tanto. Mas eu também sofri. Alisei os cabelos. E dei meia volta.
- Vou deixá-la sozinha! - Eu não queria ir. Mas eu não poderia mais ficar.
- Não! Espere. - ela disse com urgência. E meus pensamentos foram bruscamente interrompidos. - Desculpa!
- Tudo bem! É compreensível tudo que está sentindo. - Tudo bem, senhor doutor! Seja menos.. doutor - Alguns dias são melhores que os outros.
- Esse com certeza não é o melhor.
- É um dos bons para mim. - É um dos melhores. Pensei. Cocei a Garganta. Afastando sentimentos - Desculpe, mas eu realmente preciso ir agora. No final da tarde, eu lhe dou permissão para ir ver seu marido. É bom não deixá-lo sozinho neste momento. - Não era fácil aceitar que ela agora estava casada, e que havia seguido a vida. Mas seria egoísmo, pois eu também segui. Ela sorriu para mim, e eu tive a certeza que meus olhos brilharam.
- Obrigada, mister L! - Ela se lembra. E eu dei o sorriso mais bobo por ter certeza disso. - Você não mudou nada. - Ela disse timidamente.
- Voce também não, Rê! - Eu só queria abraçá-la. Mas muitos assuntos teriam que ser resolvidos antes disso. Então eu simplesmente fui embora. Mas com uma promessa: eu iria voltar desta vez!
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MAKTUB- Escrito nas estrelas
RomanceRegina Mills, é escritora, e está prestes a lançar seu primeiro livro. No entanto, o destino pode ser traiçoeiro. E a mesma sofre um acidente. Este pode mudar a sua vida inteira. E trazer à tona alguém de seu passado. Fazendo-a reviver sentimentos q...