Foi Ele

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Eu cheguei na frente da casa dos Parks, são oito da manhã, acho que eu deveria andar um pouco antes de vir aqui, talvez eles ainda estejam dormindo.

Eu decido ir na casa do meu irmão, Jorge Gabriel, o cara do sonho que tive hoje de manhã, ele mora duas ruas pra baixo da casa dos Parks

Eu chego na casa dele o chamo, ele aparece pelo corredorzinho que dá acesso ao portão

— Oh mike — ele disse com uma cara de quem tá felizão — Entre

Eu abro o portão e ando pelo corredor até chegar na porta da sua casa

— Eae Jorjao — falo esticando a mão para ele bater

— Eai mikao — Ele bate da minha mão

— Vejo que hoje não será só nós Jorge, temos mike de companhia — eu ouço alguém falar no canto do cozinha

Quando olho, é meu pai

— Não coloque meu nome nessa sua boca imunda! — digo ríspido
— Não briguem aqui — a mulher do meu irmão, Isabel, aparece na cozinha

— Eu já estou de saída — digo a ela mas olhando para aquele que eu insisto em chamar de pai

— Está com medo mike? — Ele vem andando até mim como uma ameaça

— Nem um pouco seu imundo — eu digo batendo o peito no dele

Nossos olhos se encontram em fúria, se deixarem nos mataremos aqui, hoje.

— NAO QUERO BRIGAS EM MINHA CASA, JA DISSE — A mulher do meu irmão gritou olhando para nós três — FAÇA ALGUMA COISA JORGE!

— Briguem lá fora por favor — meu irmão Diz apontando para a porta

— Pode pá que é essa fita mesmo — eu falo já procurando minha mochila

Meu pai desce o corredor resmungando, eu coloco minha mochila na costas e desço quase atrás dele, ele sai correndo, abre o portão e corre no meio da rua

Eu corro atrás dele até o portão do meu irmão e vejo ele correndo de mim

— Está fugindo? — eu grito pra ele — Volta aqui seu merda, qual é?

— Eu vou chamar a polícia pra você mike — ele grita correndo para longe

— Desgraçado — eu falo baixo enquanto olho ele correndo

Eu sou o caçula da família, somos em cinco, dois irmãos são apenas por parte de pai, Jussara e Juliano, não somos muito próximos, mas meus outros dois irmãos são dos mesmos pais, Vera e Jorge, nós crescemos juntos, um pelo outro, porque se fôssemos depender dos nossos pais

Desde o dia em que eu nasci eu via meu pai bater nos meus irmãos, na minha mãe, sempre via os dois bêbados, brigando, gastando todo dinheiro que tinham em bebidas, deixando nós três com fome em casa.

Minha mãe não era alguém ruim, ela era trabalhadora, ela fazia faxina em uma escola, mas sempre que chegava em casa via meu pai com diversas mulheres da cama, na cama deles, na cama dos filhos, e isso acabava com ela, até que ela decidiu ir para São Paulo, e ficou com a irmã dela, minha tia Joseane, e nas baladas da vida ela aprendeu a beber, a usar drogas, toda noite saia com um ou dois caras diferentes.

E quando voltou para nossa cidadezinha do interior, voltou assim, sabida da vida, mudada.

Quem causou isso foi ele, tudo foi ele, a saída dela de casa, a infelicidade da vida dos filhos, a morte da minha mãe, foi ele.

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