PRÓLOGO

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Em algum dia de setembro de 2014

- Santo Deus, mãe de misericórdia! Você é realmente a garota mais louca que conheço. E sortuda.

Jenna ri, com sua risada gostosa. Ela é minha melhor amiga desde sempre, e me acompanha em todos os meus tombos e tropeços. Somos fieis e escudeiras uma à outra.

- O que? Acha que perderia a oportunidade de abocanhar ele?

Ela revira os olhos e continua a tomar seu milk-shake.

- Não sei como ele é, e é por isso que estamos aqui hoje. Vou jogar meus olhos de águia e desvendar todos os seus segredos, vou julgar se ele presta ou não.

Foi minha vez de rir. – Então você é a própria mãe Diná?

Ela faz um barulho ruidoso quando suga os últimos resquícios de seu sorvete com o canudinho. – Não, queridinha, sou sua amiga. Enxergo aquilo que você não vê, nublada por sua paixonite e pelo tesão do pau grande.

Engasgando com o sorvete, Jenna dá palmadas em minhas costas. Fortes demais para o meu gosto.

- Para uma virgem, você tem uma boca bem safada.

Ela dá de ombros e remexe em seu banco. – Posso ser inexperiente na prática, mas teórico tenho de sobra.

Rio. – Como se ler Cinquenta tons fosse te dar bastante teoria.

Ela me cutuca nas costelas, porque justamente nesse momento passava dois homens, lindos na verdade.

- Idiota. – sibila ela. Fico corada ao perceber que eles escutaram, já que estão rindo enquanto pedem seus pedidos no balcão da sorveteria.

- Desculpa. – sussurro. – Vou compensar isso, juro.

- BOM MESMO! – e ela começa a arrancar as pontas de seu cabelo. Reconheço esse gesto, e ela está nervosa ou se sentindo insegura.

Suspiro e me ajeito no banco de madeira. A música que tocava era uma das sensações do momento. Reviro os olhos e me volto para ela.

- Jen... Vou te contar o que aconteceu depois que ele me levou para o banheiro do avião.

Os cabelos escuros caem de sua mão e retomam para seu ombro. Sua mão está paralisada no local e sua boca abre. Seu rosto gira lentamente até o meu e seus olhos se arregalam.

- Sua puta desgraçada! Sabe como pedir desculpas! – ela faz uma careta e apoia seus cotovelos na mesa, sua cabeça vai para as mãos. – Estou ouvindo.

- Bom...

Alguns dias atrás...

O avião estava parado na pista ainda e começava a lotar pelos passageiros irritados pelo atraso, e procuravam seu lugar para sentar. Eu não era diferente, só queria voltar para casa. Papai me arrastou novamente para suas festas de caridade em uma outra cidade e com pessoas que não me sinto bem. Que seriam gente metida, podres de ricos, metidos, várias plásticas, etc e etc.

Quando acho meu lugar, praticamente me jogo nele. Não queria voltar no jato de papai, por mais confortável que ele seja. Arrumo meu travesseiro de pescoço e suspiro alto. Queria muito arrancar minhas sandálias, mas com a pressa, esqueci de pegar um sapato mais confortável. Então estava com uma blusa folgada preta, jeans e saltos. Um look que não combinava porcaria nenhuma, mas fazer o que.

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