CAPÍTULO II

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 Dor, dor, dor e mais dor.

Um vazio horrível. Um rasgo no coração.

Orgulho ferido.

Choros e... Eca, catarro.

Mas era tudo isso e mais um pouco depois que você descobre que está sendo traída, e tem um tempo. O sentimento de tristeza, raiva e dor estavam se remexendo em meu interior.

Mas, adorei dar uma surra no casal, e não foi das pequenas não. Tinha certeza que eles teriam que passar em algum dentista.

Jenna estava chorando comigo e bebendo vinho. Na verdade, estávamos fazendo isso a madrugada inteira, e ela até avisou que não poderia participar da leitura na biblioteca municipal para as crianças hoje, que no caso já era sábado pela hora marcada no relógio da cozinha.

- Ai amiga... – ela respira fundo e o barulho inconfundível de uma pessoa "chupando cana" ecoou pela nossa sala. – Esse mundo é tão injusto! Eu nem consigo respirar direito!! – e começa a chorar.

O nosso 'cobertor da dor' estava ao nosso redor. Jenna tem esse hábito esquisito de batizar os objetos para denominadas funções e gestos. E acabei me acostumando.

- Eu sabia que aquela sua madastra era uma piranha!

Meus olhos estavam tão inchados que minha visão estava toda embaçada. Tinha certeza que tem um nome pra definir isso, mas não me lembro. Não agora.

- ESPERO QUE ELES PEGUEM UMA DST! – e chora um pouco mais. Essa é minha amiga, sensível igual um papel de seda.

- Se é que já não pegaram. – e começo a rir e que logo se transforma em choro.

- A gente podia contratar uns estripers pra gente, né? Nossa, eu ia adorar, nossa tristeza ia embora e todo mundo ia ficar feliz.

Rindo depois de tentar limpar a bagunça do meu rosto, concordo. – Tem que contratar uns DEZ!

2017

Mais um dia em meu emprego. Queria dizer que o consegui por mérito próprio, por meus esforços na faculdade e por minhas notas e competência. Mas quando me vejo entrando na Clínica Campbell... Bom, isso foi a única concessão que fiz para meu pai.

Não quis fazer medicina, e sim enfermagem. Me especializei na área e aqui estou. Claro que para César Campbell foi um ultraje. Ser um dos mais renomados cirurgiões do país e um dos homens mais ricos e desejados, mesmo aos 50 e poucos, dizer não a sua palavra foi um grande desafio.

Meu primeiro passo foi sair da mansão Campbell, em um dos bairros mais ricos da cidade. Era como os bairros da família Grayson da série Revenge. Vamos dizer que eu sou de uma família podre de rica.

Meu segundo passo foi começar a trabalhar para custear minha faculdade. Claro que penei muito para estudar e trabalhar, mas consegui uma vaga na melhor faculdade de enfermagem, e é claro que todos ali, incluindo meus professores, conheciam meu pai. E juro que minhas notas excelentes não foram por meu nome, e sim por todas as noites em claro e todas as lágrimas derramadas que consegui o meu diploma.

Não ter minha mãe ao meu lado foi um dos grandes desafios também. Ela morreu quando tinha 6 anos, suicídio. Isso surgiu uma repercussão negativa para o nome de meu pai, foi acusado de matá-la. Mas tudo foi provado que ela se matou por uma overdose com seus remédios controlados.

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