CAPÍTULO IV

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Não era a Luna, claro, mas uma mulher incrivelmente parecida a ela. Como isso era possível?

Fiz todos os movimentos que esse homem, Bruno, me pedia. Não entendia o motivo de todo essa... balburdia, mas estava tão atônito com tudo o que via.

Que lugar era esse?

Porque estava aqui?

Onde estavam todos?

Alexander não parava de gritar com uma mulher baixinha de cabelos negros, nunca o tinha visto tão desalinhado, tão... despreparado. Ela o atacava e ele respondia de igual maneira. Se a situação não estivesse tão desesperadora, eu riria.

- Olá, senhor Bogdan, como está? Já fizemos todo o procedimento padrão, agora terá que esperar seu médico para os exames mais profundos, se seu coma não deixou sequelas mais profundos.

A Luna, que não era a Luna, conversava comigo com sua voz tranquila e firme, não deixando brechas para contradizê-la.

- Entendo que o senhor e seu irmão passaram por alguma coisa – ela folheava alguma coisa, seria pergaminhos brancos? Tão lisos e... perfeitos. Estranho. – Mas precisamos de mais dados. Suas fichas estão estranhamente incompletas, não sabemos de ninguém que veio procurar por vocês. Senhor Bogdan, lembra-se de alguém que podemos entrar em contato? Algum parente, amigos...

Suspiro. Noto que Alexander me encarava, seus olhos lançando dardos em minha direção. Não poderia culpa-lo.

- Meus pais estão mortos.

Seu rosto não mostra espanto. – Oh, bom... Entendo. Alguém mais?

Faço que não com a cabeça. Ela assente e rabisca o pergaminho com alguma vareta transparente, com um tubinho em seu interior.

- Assim fica difícil ajuda-lo. Não podemos liberar vocês até termos certeza que estão em perfeitas condições físicas e mentais. Até lá, poderá permanecer aqui conosco, no hospital.

- Hospital? O que é isso? – a palavra soava estranha em minha boca, nunca tinha escutado. Ela fica um pouco confusa e seu rosto mostra preocupação.

- Lu? – a mulher morena para ao lado da mulher-não-Luna, agora sei seu nome. Lu. Um nome tão curto. Parece mais um apelido. Concentro-me em captar tudo ao meu redor enquanto as duas conversam em sussurros rápidos e nervosos, Alexander fazia o mesmo que eu, absorvia o máximo que podia do lugar. A chuva era a única coisa familiar para mim, e me reconfortava. Um pouco, somente.

Pelo canto do olho, observo um senhor com vestes brancas e algo pendurado em seu pescoço passar pelo mesmo portal que Lu passou a poucos minutos. Primeiro ele parou na cama de Alexander, e se apresentou.

- Vejo que está muito bem, Alexander. Sou o Doutor Luiz, responsável pelos cuidados de você e seu irmão. Acredito que possa estar um pouco confuso, e isso é normal. Vejo que já conheceu o resto de minha equipe, eles me ajudarão com alguns procedimentos. Se quiser que paremos, é só nos avisar.

Alexander dá um aceno rápido com a cabeça e o senhor grisalho volta a tagarelar.

Volto a atenção para as mulheres em minha frente e noto com espanto que elas me analisavam com seus olhares.

- Você não surtou como seu irmão. – diz a morena, e escuto Alex grunhir. – Gostei mais de você. – e sorri.

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