A morte da flor

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A Giovanna estava ardendo em febre, eu estava sozinha em casa, o Vicky tinha ido para faculdade , o pai e a Bárbara para o trabalho ,as crianças para a creche. Eu decidi pegar o Jipe e ir até a emergência.

Dirigi até uma das avenidas mais perigosas e movimentadas de Salvador, parei o carro na rotatória e esperei a sinaleira abrir , não havia absolutamente ninguém ,nenhum carro, era apenas eu e a Gio.

Estava um pouco nervosa ,peguei o celular e comecei a ligar para o Victor. De repente , uma pedra enorme fora jogada contra o vidro do motorista que partirasse em mil pedaços , em seguida fui atingida pela mesma. Estava tonta muito tonta e sem forças ,um homem colou as mãos por dentro do vidro quebrado, destravou as portas, tirou meu cinto e me jogou para o banco do carona , eu acabei desmaiando.

Quando acordei estava amarrada no meio de um matagal, enquanto isso o homem e seu companheiro de crime mexiam nos meus pertences , a Giovanna chorava e eu gritava e implorava para não fazerem nada com ela . Podiam levar tudo dinheiro, documentos, carro mas, não nos machucasse.

O homem veio até mim ,segurando uma faca e começou a rasgar minhas roupas.Naquela manhã eu fui estuprada inúmeras vezes por aqueles marginais , oito , nove vezes até que fechei os olhos e esperei que tudo aquilo acabasse . No fim eles levaram todos os meus pertences e largaram-me vazando em sangue e a Giovanna ao meu lado chorando .

Próximo ao matagal havia um prédio em construção , no almoço os trabalhadores ouviram o choro da Gio e chamaram a polícia.

Quando o Victor chegou ao hospital e soube o que me aconteceu, eu já estava morta ,não fisicamente, meu coração ainda batia e meu sistema nervoso ainda respondia meus comandos ,mas eu estava morta por dentro ,todos meus sentimentos e emoções tinham morrido naquele dia.

Fiz uma série de exames , descrições dos criminosos ,descobri que aquela não tinha sido a primeira vez que aqueles vagabundos haviam estuprado alguém . Nenhum daqueles exames, nenhum presídio ,nenhuma pena de morte poderia reverter o que havia acontecido, um celular , um carro pode ser roubado e depois de algum tempo com trabalho e suor é recuperado , agora uma vida ,um corpo jamais pode ser mudado o que lhe ocorreu.

O Victor não me abandonou em momento algum ,ele estava sempre me apoiando e cuidando de mim mais do que nunca , porém eu não conseguia socializar, sair de casa , nem mesmo abraçar meus filhos. Depois de duas semanas repetir todos os exames e fui diagnósticada com Sifles e gravidez , dentro do meu ventre estava uma projeção do mal ,de todo mal que havia sido me causado , eu queria abrir meu estômago e arrancar de dentro de mim.

O Victor me levou para as aplicações de benzetacil e me acompanhou durante todo o aborto , acho que o
amor que ele senti por mim era maior que tudo aquilo . O Vicky contratou uma terapeuta que ia a minha residência todas as quintas feiras , depois ele me levou a um grupo de alto ajuda.

No grupo havia casos de mulheres que haviam sido usadas por seus pais e irmãos durante anos , havia uma garota de 18 anos que fora estuprada durante 8 anos e engravidou do irmão .Eu fiquei um tanto assustada porém confortada pois eu tinha algo que nenhuma daquelas mulheres tinha, eu tinha alguém que lutava por mim, por mais que eu quisesse desistir de tudo o Victor estava ali me segurando .

Aos poucos eu conseguia beijar meus filhos e fazer tarefas simples, o Vicky era minha motivação para continuar , todos os dias ele me beijava e abraçava dizendo que me amava .

Em uma dessas noites, eu tentei fazer amor só que travei , acabei gritando e batendo no Vicky; quando vi o que tinha feito sentei no chão e comecei a chorar e pedir desculpa. O Victor se aproximou beijou minha testa e ficou ali me abraçando e dizendo que estava tudo bem.

Amor e ódio - Parte 1Onde histórias criam vida. Descubra agora