Felicidade!

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-Pés descalços, um vestido de linho branco e cabelos ao vento. Bem, essa sou eu! Me chamo Aurora, prazer! Tenho 17 anos e moro com meu pai no vilarejo de Claudio, uma cidadezinha minúscula no interior de Minas Gerais e que todo mundo se conhece.

Nós vivemos numa cabana na fazenda Belo Monte, meu pai trabalha lá, ele é responsável pela plantação de girassóis da fazenda e também ajuda na criação do gado. Os Belo Monte, são a família mais rica da cidade, na verdade eles fundaram a cidade e quase tudo aqui gira em torno deles. Seu Pedro, dono da fazenda mora sozinho com sua esposa a dona Diana, eles tem um o filho que mora em outro país, passou a vida toda estudando nas melhores escolas só para tomar conta dos negócios da família, pelos menos é isso que meu pai conta, eu nunca vi o filho deles, eles sempre vão lá visitar o rapaz, mas o rapaz nunca veio visitar eles.

Aqui em Claudio todo mundo se conhece desde sempre, e quando minha mãe morreu no parto na hora de me dar a luz, todos do vilarejo ajudaram meu pai a me criar, o que me faz ter uma ligação especial com todos eles.

Todos os dias é a mesma coisa; eu levanto antes do sol nascer, apronto o café de meu pai e vou no campo colher algumas flores para vender na cidade. É com esse dinheiro que eu ajudo meu pai aqui em casa, o que ganhamos não é grande coisa mas da para viver e muito bem.

- Já vai colher as flores, filha?
- Sim papai, dona Judith da mercearia fez uma encomenda grande e pediu para que eu entregasse logo cedo.
- Aurora, coloca um chinelo, filha.
-Eu gosto de sentir a terra, pai o senhor sabe disso. Adeus, e eu estarei de volta antes do almoço!
-Vai em paz, filha.

Ao sair de casa a primeira coisa que ganho de presente é um belo sorriso do sol que dança de uma forma majestosa com os girassóis. Elas já estão prontinhas para serem colhidas e logo mais teremos a festa da colheita. Todos aqui em Claudio se preparam para essa festa, ela acontece uma vez por ano sempre na época da colheita dos girassóis. Os Belo Monte fazem uma verdadeira festa para todos da cidade. É uma forma de retribuição para o povo que ajuda na hora da colheita.

- Pronto, flores colhidas agora eu vou entrega-las para dona Judith.
- SURPRESA!!
Júlio, o boiadeiro da fazenda e meu amigo de infância chega por trás sorrateiramente me pregando um susto.
- Júlio, quer me matar do coração? Eu brigo com ele dando uma leve risada tirando minha feição séria do rosto.
- Ninguém manda ficar por ai distraída. Ele ri para mim revelando os dentes alvos e bonitos que só ele tem.
Júlio é muito bonito, alto, costas largas devido a força usada para reger o gado, a sua pele é dourada devido ao sol e combinam perfeitamente com os seus olhos verdes e seu cabelo liso que mais parece seda.
- Quer ajuda para levar as flores até a cidade?
- Não precisa, eu vou andando devagarzinho. Sempre bom sentir um pouco do sol não é mesmo?
- Então eu te acompanho. Ele desce do seu cavalo negro de porte imponente e com uma beleza inigualável. - Não quero você andando por ai sozinha.
- E desde quando eu preciso de proteção? Deixa de besteira Júlio, não quero atrapalhar seu trabalho.
- Nada disso, vamos andando e conversando um pouco, é bom que aproveito para resolver algumas coisas na cidade. Alemdomais, é proibido agora acompanhar uma amiga?
- Claro que não! Então vamos. Aproveita e leva o cesto que as flores estão pesadas. Ele ri e toma o cesto de minha mão.

Aqui em Claudio tudo é muito perto e tanto as casas como os estabelecimentos tem um aspecto mais rústico o que da todo um toque especial. A mercearia da dona Judith é a coisa mais linda de ver; as paredes são todas de tijolo de argila que combinam perfeitamente com o telhado de cerâmica, a fachada é toda em verniz e as portas de madeira antiga que dão o toque final ao lugar.
- Dona Judith, cheguei com as flores.
- Oi minha filha, entre. Estou aqui na cozinha terminando de aprontar o almoço que daqui a pouco os peões estão por aqui.
- Senti o cheirinho bom la de longe. Eu elogio a senhora mais simpática de Claudio.
- Senta um pouco minha filha, venha conversar um pouco com sua velha.
- Gostaria muito, mas agora não posso dona Judith, o Júlio veio me acompanhando e ainda preciso aprontar o almoço do meu pai.
- Tudo bem minha filha, mande lembranças a seu pai e ao seu futuro marido. Ela brinca insinuando que eu irei me casar com Júlio. Se dependesse de dona Judith eu e Júlio já estaríamos casados há muito tempo, mas eu não o vejo como homem, apenas como o meu amigo e acho que ele me vê da mesma forma.
- A senhora sabe que eu e Júlio somos apenas bons amigos. Eu a respondo de forma carinhosa. - tchau dona Judith!
- Tchau minha filha!

No caminho de volta para casa...

- Aurora, posso lhe fazer uma pergunta? Júlio dispara com um tom de receio em sua voz.
-Claro Júlio, sabe que pode me perguntar o que quiser não é?
- Já nos conhecemos a tanto tempo que nem lembramos mais não é verdade?
- Sim!
- E em todo esse tempo você nunca me disse nada em relação a gostar de alguém.
- É porque eu nunca conheci ninguém que fizesse meu coração disparar ou criou borboletas em meu estômago.
- É isso que você sente quando ama alguém? Júlio pergunta.
- Ah! Não sei mas eu acho que sim, pelo menos é isso que eu pretendo sentir quando me apaixonar. Porque esse assunto agora Júlio? Você ta gostando de alguém?
- Não, não. Ele responde meio sem jeito. - É apenas curiosidade.
- Bom, pelo menos aqui na cidade eu ainda não vi ninguém que pudesse me apaixonar, mas você bem que poderia investir na Isabel não é verdade?
- Eca! Não mesmo. Isabel não faz meu tipo. Ele diz meio divertido.
Isabel é nossa outra amiga de infância, ela é filha de tia Maria, a secretaria de dona Diana. Assim como eu e Júlio, Isabel cresceu na fazenda.
Ela é uma das mulheres mais lindas da cidade, pele negra, cabelo cacheado cheio de vida com os olhos castanhos e lábios fartos muito sensuais, não tinha um homem na cidade que não caísse de quatro por ela.
- Bem senhorita, está entregue sã e salva.
- Como se eu precisasse de guarda-costas. Eu respondo em tom de brincadeira. - Júlio venha almoçar aqui hoje e depois podíamos ir tomar banho no rio o que você acha?
- Não precisa nem pedir novamente. Ele responde sorrindo e me dando um beijo na testa.

...

- O almoço estava maravilhoso, filha.
- Obrigada, pai. Não quer descansar um pouco antes de voltar ao trabalho?
- Não posso meu amor, a fazenda está a mil com os preparativos para a festa da colheita. Segundo doutor Pedro o seu filho virá para a festa desse ano.
- Olha que milagre, então iremos conhecer o tão famoso herdeiro da fazenda Belo Monte. Eu zombo enquanto retiro a mesa do almoço.
- Esse ano a festa vai ser grande, os patrões não pouparam dinheiro, tudo isso para apresentar o filho a cidade. Júlio diz em tom de fofoca.
- E quando ele chega de viajem? Eu pergunto meio que curiosa.
- Essa semana ainda. Meu pai responde.
- Bom, enquanto o Príncipe não chega eu vou tomar um banho de rio. Vai me acompanhar ou não, Júlio? Eu digo em um tom descontraído.
-AURORA! AURORA! Isabel chega em minha casa gritando.
- O que foi menina, para que todo esse alarde?
- Você não sabe quem chegou a cidade.
- Pelo desespero que você apareceu aqui só pode ser o papa. Eu digo rindo.
- Não! Melhor que o papa. O filho da dona Diana. Ela diz se derretendo toda quase não conseguindo ficar em pé.
- Isso tudo só porque o herdeiro apareceu? Me poupe Bel. Eu digo revirando o olho. Estamos indo tomar banho de rio, nos acompanha?
- Não posso, preciso ajudar minha mãe com os compromissos da dona Diana.
- Tudo bem, então mais tarde nos falamos. Eu a respondo saindo de casa e indo em direção ao rio com Júlio.

...

Já era noite quando voltei do rio com Júlio, nos divertimos muito. E a muito tempo que não ficamos juntos assim só brincando e jogando conversa fora. Óbvio que faltou a Bel para ficar perfeito, mas já estava valendo.
É, eu sou muito feliz aqui em Claudio, não tenho do que reclamar e espero que isso nunca acabe!

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