Dói tanto em mim. Dói tanto. De uma maneira que eu não consigo explicar. Meu Deus, o quê é esse treco que cresce aqui dentro? Essa angústia que não sai, que dilacera, arranca todas as energias? Meu Deus, pra quê essa fossa? Pra quê tudo isso? O que eu fiz? Por favor, eu preciso que alguém escute os meus gritos internos. Eu preciso de ajuda e não tem ninguém. Nenhuma alma pra me tirar daqui e me levar pra um lugar seguro. Mas sou eu, entende? O problema não é o ambiente… é dentro, bem no fundinho do meu ser que está o inferno. Nunca vai passar? Eu olho pra cima e imploro por trégua, por qualquer coisa, qualquer sinal de vida. Não tem. Eu devo estar morta, e isso é um pouco confortante. Eu queria estar morta. É melhor do que sentir todos os dias como eu me sinto. Eu sou um lixo, dá pra entender? Eu sou a pior pessoa do mundo. Eu sou uma porcaria, e não consigo fugir. Eu estou tentando me machucar e machucar todos que estão ao meu lado, mas o pior castigo é continuar aqui. Do mesmo jeito. Continuar doendo, continuar sofrendo, continuar morrendo, mesmo que eu respire. Porque? Onde foi que eu errei? Eu preciso de ajuda. Eu quero gritar pros quatro cantos desse mundo: ‘Eu estou á beira do abismo, e sinto que vou cair. Eu estou tentando voltar, estou lutando e implorando misericórdia, mas está doendo, está queimando, está rasgando. Me tirem daqui!’ E mesmo assim, continuo sussurrando pras paredes do quarto e abafando o choro desenfreado e os gritos de desespero com o travesseiro. Eu quero nunca ter existido. Eu quero ir parar aonde eu não precise sentir isso, onde não precise sentir absolutamente nada.