MÚMIAS E SEUS PITBULLS

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Bem no segundo que fechei meu pacto com a súcubos sinuosa, consegui matar três coelhos com uma paulada só. Consegui o caso que me ia tirar do buraco,
ia resolver o caso que aqueles incompetentes do departamento não tinham culhões pra solucionar e me fodi de verde e amarelo. É, Foi um dia produtivo aquele.

No dia que sucedeu a entrada de Alma na minha vida, já eram quase onze da manhã quando uma potente vontade de urinar me arrancou da cama. Os curtos passos que separavam aquele ninho de pulgas que eu chamo de cama da minha ferruginosa privada se tornaram uma longa estrada. O perfume de alma ainda possuía o escritório. Ele me atirou em uma corrente de pensamentos que por sua vez me causaram um certo enrijecimento que fudeu com a minha mijada matinal.

Depois de mijar metade do banheiro e de colocar as cabeças no lugar, comecei a montar meu plano de ação. Primeiramente fui até a boa e velha Norma, aquele panetone velho e suado tem o peso e a memória de um elefante e passe livre por todo o arquivo criminal. Pela promessa de algum favor sexual ela me passou os arquivos do caso mais rápido que um China escondendo carne de cachorro em dia de fiscalização.

Peguei aquela papelada e fui direto pro Biriba's, lá eu ia poder tentar entender essa zona e tomar uma gelada. Acabei chegando muito cedo, praticamente ajudei o Zé a abrir a pocilga. De brinde a primeira foi por conta, tava gelada igual uma estaca de ferrovia no sol de janeiro. Tomar aquele purgante foi até bom, me acordou.

Eu já estava começando tudo errado, tinha aberto a pasta da alma, fotos da cena, olhado o relatório. Isso tudo ia me levar para o mesmo caminho que aqueles Paspalhões da homicídios. Enquanto eu tentava engolir aquele mijo de iaque que o Zé me deu, me peguei olhando o grande mistério, o verdadeiro mistério.
Bem ali na pasta uma foto do velho sorrindo na frente do cofre, e naquele sorriso pimpão eu formei às duas primeiras e mais importantes perguntas.

- Quem é você velho safado?

- Que diabos você escondia nesse cofre?

Fiquei segurando e olhando a foto do velho igual a uma adolescente namorando um postal do Valdique Soriano. Quando percebi, o Zé estava parado na minha frente com cara de macaco que prendeu a mão na cumbuca. Olhei bem para as fuças bigodudas que me encaravam com aquela risadinha pernóstica habitual. Fui sucinto.

- Porra Zé! Tá rindo do que, caralho? - Ele sem muitos rodeios soltou

- Sabia que o velho era metedor, mas que tu era chegado numa pelanca de saco é novidade pra mim. Nunca vi um cara deixar tanta viúva.

Nesse momento o Zé me fudeu. Como assim metedor? Até onde sei esse velho não tinha ninguém, vivia isolado a décadas. Tive que aperta o Zé, que não é lá uma missão muito impossível, visto que uma tapa na mesa ele entrega até mãe.

De acordo com o língua solta, o Cavendish quando chegou na cidade foi o terror das novinhas, amassou muita anágua. Fez uma barbárie nas filhas da alta roda. Como bom língua de trapo, seu Zé me passou o nome das amantes ainda vivas do bom velhinho. Peguei um conhaque para viajem e botei meu pé na estrada. O dia é curto e agora eu tenho que perguntar pra meia dúzia de matuzas sobre suas bimbadas no período cretácico. Tô vendo que hoje vou ter um dia daqueles!

Já era tardinha quando cheguei na parte nobre da costa. Um aglomerado de casinhas brancas que mais me lembrava uma versão de luxo da vila do papai noel.
Se tratando do antigo pitel do homem mais rico que caminhou nesse asteroide bolorento chamado de terra, não foi difícil achar a casa da dita cuja.

Realmente não podia chamar aquilo de casa. Era algo entre um palacete e uma catedral, mas não qualquer catedral. Era a catedral da santa sacra nossa senhora da bufunfa. Quando vi aquele opulento desperdício de espaço liguei o nome à pessoa. Glória S. Demille, a escritora. A escritora não, a professora das escritoras, a matrona literária das meninas letradas. Pelos meus cálculos ela deve ser centenária, o último livro que ela publicou tem a minha idade, pelo menos.

Marfim NegroWhere stories live. Discover now