Capítulo 11

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O claque dos saltos batia contra o chão de mármore logo abaixo dos pés da enfermeira com um batom extremamente avermelhado em sua boca fina. A cada passo, parecia que todos que estavam no corredor estremeciam com a mulher assustadora logo à frente deles. Todos provavelmente sabiam quem era ela, apenas pelos olhares assustados de cada paciente. Ela me lembrava muito bem alguém que eu conheci. Eu não fazia ideia de que ano que era, mas isso me assustava.

Uma enfermeira foi em sua direção rapidamente. Ela aparentava ter apenas uns 20 anos pela falta de rugas e expressões marcadas. A mesma usava apenas uma camada de rímel bem fina em seus olhos verdes.

- Sra. Jane, os pacientes 1254 e o 762 brigaram novamente entre eles. Os dois se encontram na sua sala. Já estão devidamente dopados. - vejo um sorriso crescer nos lábios avermelhados da mulher mais velha. Eu não queria segui-la, queria encontrar aquele garoto mas algo me dizia que aquilo deveria ser visto.

Após passarmos pelos vários corredores do hospício, percebo como aquele lugar tinha uma cor gélida e não havia emoções boas. Era tudo apenas rancor, dor, angústia e tristeza. Obviamente tudo por causa dos velhos tratamentos que usavam para 'ajudar' os pacientes com problemas mentais. Lembro-me que meus parentes sempre diziam sobre como eu deveria estudar pra aprender um pouco de psiquiatria, para que seguissem seus passos. Eu acabei por nunca entender o que queriam dizer pois eu nunca soube exatamente onde trabalhavam. E quanto mais tudo isso acontecia em minha vida, mais eu ficava certa de que tudo que eles fizeram não foram boa coisa.

Adentro o grande escritório com uma cor mais acizentada, o que me dava calafrios. Havia dois garotos sentados de costas a nós. Um tinha o cabelo mais escuro, parecia um preto, e o outro tinha o cabelo castanho, acabei logo por reconhecer. Era o garoto que sempre aparecia durante todos as minhas visões.

- Edward e Javadd estão brigando novamente? Eu já não havia lhes dito que haveria punição da próxima vez? - os dois com olhares tristes assentiram devagar. - Os dois irão passar dois dias na solitária, sem comida, sem ver a luz do sol. Aliás, nenhuma luz. Espero que gostem do cheiro de mofo e aprendam com isso que vocês devem parar de criar desavenças. Isso pode repercutir entre os outros pacientes. - o garoto de olhos verdes, olha fixamente para um ponto, sem prestar atenção em nada. E era pra mim. Ele estava olhando pra mim.

Sinto sendo puxada pela janela logo atrás de mim, fazendo com que eu acabasse tropeçando e quebrando a janela que aparentava ser inquebrável. Sinto o chão cada vez mais perto, fazendo com que meus olhos se fechassem instantemente. Assim que os abro, me vejo num refeitório, ele ainda estava vazio. Assisto pessoas de roupas brancas andando de lá pra cá enquanto o tempo passava. Alguns murmúrios passava por mim mas eu não estava prestando atenção.

Eu sabia onde estava, mas aquele lugar se parecia mais velho, com a tintura mais gasta, e tudo parecia mais triste que antes. Consigo ver os primeiros pacientes entrando na sala, com guardas ao seu lado e com expressões fechadas ou tristes. Meu coração para ao ver Harry entrando pelo local. Ele estava sorrindo, era o único a sorrir em todo o local. Ele estava mais novo que hoje em dia mas seu cabelo estava um pouco menor. Acabo reparando em alguns hematomas em seus braços, provavelmente feito pelos enfermeiros. Paro por uns instantes ao ver Zayn entrando pelo mesmo lugar que Harry. O que estava acontecendo?

Eles se sentam frente à frente e acabo por me sentar ao lado dos dois que não conseguiam me ver. Os dois estavam planejando algo, era tudo que eu conseguia entender pela expressões deles.

- Iremos hoje, chega disso. Dez anos já nos fazem aprender muita coisa. - fico a olhar para eles. Era isso, iriam fugir. - Uma das enfermeiras realmente adora se apaixonar pelo seus pacientes. No turno dela, próximo às 3:00 da manhã, iremos fugir às pressas e poderemos finalmente ter nossa vida de volta. - ele fala com uma voz mais esperançosa do que nunca. Eu nunca havia visto ele desse jeito. Isso me deixava... triste. Por tudo que ele era e agora daquele jeito instável e bipolar foi apenas pela sua história de vida que o fez assim. Eu realmente só queria ajudá-lo.

Zayn arruma seu cabelo freneticamente, parecendo de algum modo um pouco nervoso com tudo isso. Eu até entendo, quem não ficaria por fazer algo que pra maioria seria errado?

Um tic tac de algum relógio começa a tocar sem parar, fazendo todos se movimentarem rapidamente, sem a possibilidade de meus olhos acompanharem todos os passos deles. Coloco as mãos em meus olhos, pela agonia de ver apenas vultos passando e passando por todos os arredores do gélido refeitório. Tiro as mãos e vejo que estou em um corredor, correndo junto à Zayn e Harry, que estão com roupas de enfermeiros. Olho pra trás rapidamente, vendo a enfermeira observando os dois indo embora. Provavelmente ela estava cega de amor pelo garoto dos olhos incrivelmente verdes que enfeitiçavam qualquer um. Um pequena porta aparece após vários minutos com apenas as respirações ofegantes dos dois e o escuro restava no corredor macabro atras dos mesmos.

Um clique faz a porta se abrir em um instante e a luz da lua ilumina o grande gramado até um grande muro acinzentado e sem graça a uns quatro metros de distância. Em um instante, tudo que parecia ser uma vitória para eles, mas no outro acaba com a tão esperada e inegável morte.

Tudo para. O vento cessa, os tiros que ecoavam na sombra deixam de fazer aquele som oco. Resta apenas os dois caídos no chão, sangrando e provavelmente sem vida, soltando seus últimos suspiros. Sinto uma dor intensa. Era isso que havia ocorrido? Foi assim que tudo acabou pra eles? Meus olhos se lacrimejam sem parar. Aquela cena havia sido horrível. Os dois só queriam a liberdade e resultou em morte. Eu sei que a morte é algo sem volta, por mais que tente fugir da mesma, ela sempre irá te encontrar. Mas para eles aquilo realmente não era a hora.

Olho para trás sem saber ao certo o que havia ouvido. Aquela mulher de boca avermelhada estava novamente com aquele sorriso diabólico nos lábios. Ela estava segurando uma arma em mãos, já sem balas dentro da mesma. Mas isso não era o que me assustava, o que me assustava era o crachá no canto esquerdo do seu grande uniforme branco. Catarina J. Young - presidente geral da instituição para tratamentos psicológicos.

Era isso. Tudo fazia sentido para mim agora. Minha bisavó havia criado tudo isso com fins lucrativos, sem saber ao certo o quão errado aquilo era.

+

- Adeen? - os olhos verdes me encaram com expressão de preocupação. Meus olhos começam a lacrimejar ao lembrar de tudo que havia acontecido dentro da visão e o abraço sem me importar se ele iria me soltar alguns segundos depois.

Mas não foi isso que aconteceu. Ele me abraçou com toda sua gratidão possível e me fez se sentir segura por pelo menos uma vez na minha vida. E foi assim que eu soube que tanto eu quanto ele já havíamos nos perdoado por tudo.

***

Hey genteee!!
Acabei de terminar esse capítulo que fiz com tanto carinho pra vocês. Ele está bem mais amorzinho no final do que esperava, mas é assim que eu posso fazer Harry e Adeen se aproximarem.

Espero que tenham gostado e até o próximo capítulo gente nanan

/Moon

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