Capítulo 9

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Gregório perdeu a noção do tempo.

Gritou por longo tempo até quase perder a voz. As cordas já começavam a machucar seus pulsos e tornozelos quando ele desistiu. Ninguém chegaria até ali para salvá-lo, pois não havia avisado a ninguém sobre seu destino. Pensou em quanto fora irresponsável ao não avisar à polícia sobre o sequestro de Bianca.

Bianca. O que seria dela? Aqueles malditos provavelmente a matariam. Sentiu um calafrio ao lembrar-se da ameaça do sequestrador ao telefone. Ao lembrar-se disso tentou soltar-se das amarras, porém quanto mais se debatia mais estas o apertavam. Não havia escapatória.

Como havia sido tolo ao se deixar seduzir por Ana. Deveria ter desconfiado! Como se arrependia por quase abandonar Bianca! Chorou ao lembrar-se de que chegou a considerar que não se importava mais com sua noiva.

Na sua mente uma miríade de imagens surgia. Será que era essa a sensação na hora da morte? Será que isso era o filme de toda a vida que diziam se passar em um segundo pela cabeça do moribundo? As imagens de sua vida passavam rapidamente, e ficou impressionado de como se lembrava de Bianca. Lembrou-se do dia em que a conheceu na repartição onde trabalhava. Como se encantou com o sorriso da loirinha! Apaixonara-se de imediato. A imagem do dia em que a pediu em casamento também surgiu radiante. Pouco depois, o sorriso de Bianca quando esta soube da premiação. Preparara-se tanto para este dia! E no final não pôde comparecer à sua própria premiação – e tudo por culpa dele, Gregório! Viu Bianca surgir esplendorosa em sua frente. Gregório, ante tal imagem, disse baixinho.

- Me perdoa Bianca, por tudo... Perdoe-me por ter estragado seu dia, sua premiação...

Ouviu a voz da moça dizendo claramente.

- Não se preocupe Gregório, não há problema.

Fechou os olhos. Como sua noiva era uma pessoa incrível! Agora sentia seus braços sendo puxados, soltos, livres, juntamente com suas pernas! Sentia braços recolhendo seu corpo. Será que eram os anjos buscando sua alma? Que sensação de leveza! E logo ele, que nunca acreditou muito em coisas espirituais.

Decidiu entregar-se à sensação de flutuar, abrindo os braços como se fosse levantar voo. Ouviu uma voz distante soar ecoando pelo espaço infinito.

- Ponham-no sobre este lençol! Ele está inconsciente!

**

Gregório acordou sentindo algo quente descer pela garganta. Gosto de álcool. Tossiu. Esfregou os olhos, que demoraram a tomar foco. Sentiu que alguém segurava sua cabeça em seu colo. Focalizou o olhar na pessoa. Reconheceu-a imediatamente.

Bianca.

Ao ver a noiva, Gregório não compreendeu o que se passava. Seria um sonho? Mas um sonho tão real! O gosto de vodka ainda ardia na garganta. Sentia cada vez mais os sentidos aguçarem-se. Não era sonho. Era real.

- Bianca? Mas como...?

Gregório disse isso se pondo de pé sendo imediatamente acompanhado por Bianca. Olhou fundo nos olhos da noiva. Porém jamais esperaria o que se sucedeu. Bianca acertou-lhe um doloroso tapa no rosto, disparando a falar com o dedo indicador enfiado na cara de Gregório.

- Seu traidor, crápula! Bastou um rabo-de-saia balançar pro seu lado pra você se engraçar! Pensa que eu não vi o beijo que você deu naquela piranha? Bem feito o que ela fez pra você! Foi é pouco!

Gregório enrubesceu imediatamente. Sentia-se culpado pelo ocorrido.

Bianca tinha razão em descontar toda sua mágoa.

O Templo da Magia (Reinos em Guerra - Livro 1)Where stories live. Discover now