Dollhouse

Capítulo 3

Eu não sabia ao certo o que estava sentindo era um misto de orgulho e tristeza. Orgulho por finalmente conseguir olha-lo nos olhos e dizer o que estava pensando, para muitas pessoas esse é um gesto pequeno, mas para mim foi gigantesco eu nunca falo o que penso, nunca olho ninguém nos olhos, sempre concordo, sempre faço o que pedem e tristeza por ter toda a certeza que meus sentimentos jamais seriam correspondidos. Agora a pena em seu olhar foi substituída por espanto.

- Obrigada por me acompanhar.

Não esperei por uma resposta, me virei e fui até a minha casa toquei a maçaneta da porta

-Hinata.

Ouvi Naruto me chamar havia algo em sua voz que não consegui identificar, um tom de suplica talvez, durante alguns segundos fiquei ali parada segurando a maçaneta com tanta força que os nós dos meus dedos ficaram brancos eu não sabia o que fazer eu só tinha certeza de uma coisa naquele momento, em alguns dias eu estaria casada e não seria por amor e seja lá o que fosse que Naruto quisesse falar não ajudaria em nada então respirei fundo e abri a porta e não olhei para trás. A sala estava escura e silenciosa andei até o meu quarto a porta estava entreaberta e a luz acesa meu pai estava sentado na cama olhando o vazio seus longos cabelos negros estavam soltos e caíam sobre os ombros sua expressão era de puro cansaço e tristeza, durante um tempo ele não percebeu a minha presença estava perdido em seus pensamentos, será que estava se sentindo culpado por fazer uma de suas filhas sacrificar sua liberdade pelo bem do clã? Lógico que não, ele nunca me viu como igual, nunca me achou digna o suficiente para pertencer ao ramo principal esse casamento era a forma dele se livrar de mim. Quando finalmente notou minha presença sua tristeza e cansaço se transformaram na indiferença habitual com a qual ele sempre me olhou.

- O que faz aqui pai? -

Ele respirou fundo e desviou o olhar de mim como sempre vazia, como se olhar para mim fosse doloroso, acho que toda vez que me olhava só conseguia ver os meus fracassos, a vergonha que eu causava a ele.

- Amanhã a noite será a festa de apresentação dos seus pretendentes, Ayumi escolheu algo para você vestir esta no seu armário.

- Amanhã?

Ele respondeu apenas com um aceno, sabia que seria tudo bem rápido mas não estava preparada para isso, não imaginei que seria amanhã, eu suspeitei que esse negocio de casamento não tinha sido pensado da noite para o dia, eles já haviam planejado tudo isso fazia algum tempo era impossível reunir os herdeiros de outros clãs, planejar uma festa e todo o resto em apenas algumas horas, eles nem sequer pensaram que eu fosse me opor a isso.

- Pai a quanto tempo você e o Conselho planejam esse casamento?

Seu olhar foi duro mas não tanto quanto às suas palavras.

- Desde o dia que percebemos que você não era digna de assumir o clã. Apenas um casamento poderia fazer com que a vergonha de sua fraqueza fosse menor já que você é incapaz de liderar pelo menos serviria para isso. Esperávamos que pudesse fazer isso por si só mas vimos que não então ha um mês tudo foi arranjado.

- E só hoje vocês me consultaram?

- Não precisamos da sua opinião Hinata. Apenas não envergonhe mais o nome Hyuuga.

Assim que falou isso ele se levantou e foi embora, definitivamente esse não era um bom dia para mim, meu coração tinha sido partido por duas vezes e pelas pessoas que mais amava. Mas o que fazer quando o seu melhor não é o suficiente? Eu tentei de todas as formas ficar mais forte treinei até não ter mais forças para ficar de pé, até minhas mãos sangrarem, fiquei noites e mais noites tentando, lutando contra o cansaço até ser boa o bastante para ele mas foi tudo em vão nada que eu fizesse faria ele ter orgulho de mim esse casamento era a minha última chance de me redimir e eu faria isso mesmo que significasse abrir mão de mim mesma.

Eu estava muito cansada, foi um dia longo e cansativo de todas as coisa que eu já tinha feito na minha vida essa era a mais difícil, me joguei na cama exausta nem me preocupei em tomar banho ou trocar de roupa, joguei a coberta sobre mim e me encolhi deixei o cansaço e o sono me levarem.