Sobre sasaengs e passeios.

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Lá estava eu, plantado ao lado das grades do portão, esperando meu namorado - haha, não seja iludido, Ong. - Daniel. E mesmo que estivesse sendo praticamente espancado pelos garotos que passavam correndo para voltarem a suas casas, eu não estava me importando, estava ali para ver uma única e especial pessoa que me deixava desnorteado.

E lá estava ele, no meio de um bolinho de garotas, que fizeram um coro de "ah" assim que ele me viu, e veio caminhando até mim em meio a tantas pessoas. Assim que nós trocamos o famigerado contato visual, ele segurou meu pulso e me puxou para longe daquele monte de alunos desesperados. Até mesmo aquele simples aperto no meu pulso me fez ofegar.

Ele soltou meu pulso, e nós começamos a caminhar até a casa dele, eu não sabia aonde era, eu não sabia que simplesmente o seguia ou ficava com medo de ele me levar pra um cativeiro e me matar lá mesmo. Mas olha pra cara desse neném.

– Seongwoo?

Eu respondi com um "hm?".

– Por que está me encarando desse jeito, de novo?

Eu fiquei envergonhado, sério. Senti meu corpo todo esquentar, e foi como se eu congelasse novamente. Eu não iria parar de andar, mas minha vontade era de me sentar no chão, cavar um buraquinho e me enterrar. Eu não disse nada, continuei encarando o chão, não tive coragem de o encarar sabendo que ele percebia sim, meus olhares pra ele. Também, né? Quem não perceberia.

Talvez, mais da metade da escola saiba que eu sou apaixonado por ele. Quem é que, no dia dos namorados, tenta invadir o armário da pessoa e tentar tirar os cartões dali? Eu, obviamente. Mas o que eu poderia fazer? Eu precisava eliminar todos os meus rivais.

– Suas orelhas são legais.

Sério, Seongwoo? Quem é que elogia as orelhas de alguém? É a primeira vez na minha vida, que eu estou dirigindo uma palavra pro amor da minha vida, e eu elogio a orelha do menino?

– Oh. – Ele levou as duas mãos as orelhas, brincando com os brinquinhos. – É a primeira vez que você fala algo pra mim. – Disse, e continuou a andar, colocando suas mãos nos bolsos. – É um progresso, obrigado.

E sorriu, novamente, aquele sorrisinho mexendo com cada pedacinho meu. Sério, até meu pâncreas tremeu.

– Você é caladão assim por quê? A sua voz é bonita. – Perguntou, franzindo as sombrancelhas. – Confesso que eu também era caladão, mas Minki-hyung disse que era pra eu ser mais comunicativo se eu quisesse voltar a comer chocolate algum dia, ele também me ameaçou, mas isso não vem ao caso.

"Na verdade, eu não sou caladão, eu só sou assim com você, porque eu sou apaixonado por você desde que nós nos esbarramos aquela vez. Aliás, eu aposto que sou 10x mais comunicativo e engraçadão que você, otário."

– Ah, eu só não sei o que falar.

Não dava pra ser mais convincente, Ong?

– Vamos falar de algo que você goste, então. – "De você", pensei. – Você assiste séries?

E foi assim, que fomos o caminho inteiro conversando sobre The Walking Dead e sobre como Sense8 ter sido cancelada foi um saco.

                °

Eu não sei o que eu estava esperando, aliás. A casa dele é bem normalzinha, a mãe dele não estava em casa, e o pai dele não mora com ele - isso eu descobri só conversando com ele no caminho, ele parece ter entendido a frase "se solta" direitinho. A casa é simples, pequena, mas confortável até demais. Há uma escada lá em cima, possivelmente seu quarto, e tudo isso eu pude observar apenas na frente da porta.

– Obrigado por me acompanhar até aqui, Seongwoo. – Pareceu pensar um pouquinho, até me fazer uma próxima pergunta. – Oh, você vai querer entrar?

Eu não! Não seria tão invasivo assim, logo no primeiro encontro já tá me mostrando a casa que nós vamos morar? haha

– Sim.

Mas é claro que eu vou entrar.

Diário de um Babaca inseguro [TERMINADA]Where stories live. Discover now