Harry Potter e um saquinho de Doritos.

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Então ele sorriu de novo - eu diria "Daniel, para de sorrir assim." mas o sorriso dele é a 8 maravilha do mundo -, e entrou dentro de sua casa, subindo as pequenas escadas de madeira que ficavam na parte da frente da casa.

- Ah, não liga para a bagunça que está essa sala, tudo é isso é culpa dos meus gatos. - Hm, Daniel cria gatos? Mais uma informação para minha senpai shrine. E 'pra falar a verdade, a sala não estava nem um pouquinho bagunçada​, no meu ponto de vista.

- Você também cria gatos? - E foi esse momento que eu descobri que, eu precisaria arrumar um gato.

- Sim! - Animou-se, socorro, esse garoto gosta mesmo de gatos. - Vem, vou te mostrar todos eles.

Eu estava comparando ele com uma velhinha, aquelas que criam 15 gatos dentro de casa. Eu não ficaria surpreso em abrir a porta do quarto dele e me deparar com posters enormes de gatos e várias daquelas casinhas, e um monte de caixas de papelão com filhotinhos dentro.

Mas não foi isso que aconteceu, na verdade, o quarto dele era mais normal do que eu imaginava que seria. Não haviam tantos gatinhos, nem um frigobar com estoque infinito de barras de chocolate, ou um closet exclusivo pra jaquetas xadrez e moletons. Era apenas um quarto com paredes brancas - exceto uma, que era pintada de preto, e havia alguns discos do 5 seconds of summer, Green Day e Gorillaz pregados ali -, uma televisão um pouquinho menor que a da sala, alguns quadros pelas paredes - pinturas em aquarela preta e um do Michael Jackson -. A cama - que seria minha, eventualmente, há -, estava desarrumada, visto que ele tinha acordado acabado para ir para a escola hoje. Ele estava com olheiras, me disse que ficou a noite assistindo séries, seria esse o futuro da nossa geração?

Ah, não, eu ainda não aprendi a conversar com ele nesse caminho todo. Acho que ele percebeu que eu sou "tímido" na frente dele, porque sempre que eu consigo completar uma frase, ou ela sai num tom robótico, ou ela simplesmente não sai, e eu respondo com "hm" "ata".

- Sinta-se livre para fazer o que quiser. - Disse, me jogando uma latinha de Coca-Cola, que eu peguei com meu ótimo reflexo. Ele se sentou na pontinha da cama, e eu continuei em pé ali, olhando para meus pés, eu ainda estava com vergonha - é claro, não é? -, é minha paixãozinha que está falando comigo! - Senta aqui, Seongwoo! Pare de ser tão tímido, eu não mordo.

Mas bem que podia, viu?

Me sentei do lado dele, e abri a latinha de coca-cola, e só agora percebi que ele tinha também um quadro de Harry Potter no quarto dele. Ele tirou de algum lugar um saquinho de doritos, e o colocou entre nossas pernas. E nós dois ficamos ali por um bom tempo, só curtindo aquele Doritos, o refrigerante e o grande Harry pendurado na parede do quarto dele.

Como o saquinho era pequeno, às vezes nós éramos meio sincronizados na hora de pegarmos o conteúdo, o que resultava num leve roçar de mãos inusitado. E só aquele simples toquinho de peles, conseguiu me deixar vermelho, é impossível que esse garoto mexa tanto comigo assim!

Até perceber que no guarda roupa dele havia uma mala enorme, com zíper aberto, e algumas blusas caindo para fora; enquanto encima, haviam alguns moletons, e poucas regatas brancas, e pretas.

- Por que suas roupas estão separadas? - Perguntei. Alguma hora um de nois dois teria de puxar assunto, não é?

- Uh, aquelas roupas ali na mala são todas as roupas que o Justin me deu, barra comprou pra mim. - Deu uma pausa para morder um Doritos, e tomar um gole do refrigerante. - Eu não quero as misturar com as minhas normais.

- Por quê? - Eu me interessei no assunto, afinal, era meu amorzinho que estava falando, e qualquer coisa que ele falava parecia interessante. Eu poderia mandar ele ler o hino nacional 4 vezes só pra observar a boca vermelhinha dele se mexendo.

- Não me sinto muito confortável sendo quem eu não sou. - Disse de cabeça baixa. - Mas se eu precisar mudar para finalmente ser reconhecido como um aluno ali, eu terei de fazer isso, não é?

- Eu não acho que você deveria mudar. - Disse, pela primeira vez falando sem me perder nas palavras. - Mas se você se sente confortável agora com essa popularidade, e com todas essas garotas rondando você...

- Ah, essas garotas me deixam irritado. Eu não gosto de garotas no geral, e essas só me fazem perder a vontade de ter uma namorada. - Disse, amassando o saquinho de doritos vazio e o jogando numa lata de lixo ao lado de sua cama. - E os amigos, eu eventualmente vou perder eles caso deixe de fazer toda essa produção.

Nessa nossa pequena conversa, descobri duas coisas:

* Daniel é gay - e é o gay mais disfarçado que eu já vi na vida. Olha pra cara desse garoto, você não vê um Kleber Bambam de Busan? -.
* Eu preciso urgentemente virar o melhor amigo dele.

Diário de um Babaca inseguro [TERMINADA]Where stories live. Discover now