Vítimas Inocentes?

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Sai da casa de Charlie, Lauren havia me dado um caixa com todas as coisas dele, seus quadrinhos, fotos, jogos, videogame, figures. Ele amava aquelas coisas. Algumas peças de roupas que me pertenciam e eu tinha esquecido completamente que estava com ele, me foram devolvidas também. Eu sabia que Charlie estava morto, mas foi ali com todas suas coisas em caixas que me caiu a ficha que ele nunca mais voltaria e que desejar que aquilo fosse um pesadelo não ia adiantar. Ele tinha partido e eu já não estava com raiva dele.

Meus pais seguiram para a delegacia, logo na esquina era possível ver os repórteres tomando conta da frente da delegacia. Logo nas escadas vi um senhor calvo e alto, muito magro, senhor Phillip Read, na teoria ele era meu advogado, mas eu o dispensei logo no primeiro dia. Não precisava daquilo, não precisava de orientação pra disfarçar fatos. Mas se ele estava ali, com certeza não era pelo depoimento, com certeza ele não perderia os cinco minutos de fama. Ele veio até o carro, abriu a porta pra mim.

- Não demore para sair, eles são urubus. - eu o encarava com raiva, o que ele estava fazendo ali afinal?

- Phillip já disse que não precisamos de seu serviço, Logan conseguiu se virar muito bem. - meu pai veio ao meu lado, me tomando das mãos magrelas do advogado.

Saímos andando as pressas, tentando desviar de tudo e qualquer jornalista intrometido, mas era quase impossível.

Não havia somente jornalistas locais, tinham muitos de outros estados.

Estava começando a ficar louco e sufocado, minha cabeça estava rodando, o tempo estava frio, com os céus cinzentos ameaçando uma chuva, mas meu corpo estava em chamas, eu suava feito louco. Quando finalmente chegamos na porta da delegacia, fomos arrastados para dentro por policiais que só agora afastavam os repórteres, até eles pareciam querer aparecer na TV, como se fosse por algum motivo bom.

Não havia alunos hoje, nem professores, talvez tivessem sido interrogados antes de mim e eu agradecia por isso. Não suportaria ainda mais olhares de desaprovação por hoje.

O delegado não demorou muito a aparecer, trocamos olhares silenciosos antes de entrar em sua sala, ele parecia mais arrumado e disposto. Precisaria estar em forma para a maratona de entrevistas que estava por vir, ele respirou fundo e em uma frase determinou o andamento da história que estava lhe contando.

- Me fale da festa e do dia do massacre. - era isso, sem rodeios Logan. Será que alguém havia lhe contado toda a história?

- "Charlie e eu estávamos aguentando as humilhações públicas, a falta de atenção que os professores e o diretor dava a isso, mesmo com nós implorando para que eles nos ajudassem, mas eram apenas brincadeiras segundo eles. Mesmo quando nos jogavam lixo, enfiavam nossa cabeça na privada, para eles, garotos eram garotos e aquelas coisas aconteciam. Eu estava suportando aquilo e achava que Charlie também estava, mas ele não estava. Já não havia motivo para nos escondermos, então andávamos de mãos dadas como qualquer outro casal, mas quando isso aconteceu, jogaram tinta na gente. Mas eu ainda tinha esperança que algo pudesse ser feito, que eles pudessem pagar pelo que estavam fazendo pela gente. No mesmo dia, um casal, hétero, foi pego transando atrás da arquibancada, mas advinha qual dos dois casais foi chamado a diretoria por 'Ato inadequado dentro dos parâmetros da escola'? Eu e Charlie fomos para a diretoria, cobertos por tinta rosa, e ele ainda assim nos deu um discurso de como a moral e ordem devia seguir dentro de uma escola. Fiquei revoltado e comecei a gritar com ele.

- Eles estavam transando atrás da arquibancada, para quem quisesse ver! Nós estávamos apenas de mãos dadas!

- Ora, isso é coisa de garoto, sabe como eles não se aguentam quando veem uma menina.

Meu Amigo CharlieOnde histórias criam vida. Descubra agora