Hotel

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Luna
As coisas estavam claramente tensas entre Âmbar, Simon, Jazmim e Sebastian. Desde a competição e o beijo deles, percebi que Simon e Âmbar não conseguiam ficar em um mesmo ambiente sem ficarem se encarando por longos minutos.
Jazmim e Sebastian haviam percebido isso, e não estava nada bem entre eles, os quatros juntos em um mesmo local era uma enorme tenho. E era exatamente isso que estava acontecendo há algumas longas e estranhas horas.
   No avião ninguém falou nada, era um silêncio completo. Juliana tinha insistido que as duplas sentassem juntas, eu e Matteo, Delfi e Gaston e Simon e Âmbar. Sebastian e Jazmim acabaram juntos, já que eles eram os acompanhantes. Foi um completo inferno dentro do avião, sempre que eu olhava para Simon ele estava o mais longe possível dela, enquanto a loira estava com a cara socada na vista da janela. Sebastian não parava de encarar os dois, assim como Jazmim. E quando Simon levantava para ir ao banheiro, Jazmim o seguia e Sebastian voava para o assento vago ao lado de Âmbar, que ignorava o moreno friamente.
   Depois que embarcamos, o táxi levou as duplas. Simon e Âmbar imploraram para que eu e Matteo trocássemos com eles. E assim fizemos, eu fui com Simon enquanto Matteo foi com Âmbar. Não adiantava o tanto que eu perguntasse, Simon sempre dizia que tudo estava bem entre ele e Âmbar, mesmo sabendo que com toda a certeza os dois não estavam nem um pouco bem e aquilo me preocupava.
Âmbar havia mudado, Simon a havia mudado, ele a fez se tornar alguém verdadeiro, alguém que realmente se importava e vê-la, ver os dois, naquela situação, onde dois corações apaixonados não podiam ficar juntos me destruía. Eu queria ajudá-los, queria segurar os dois e gritar com eles, dizer que um amava o outro.
-...Luna. - A menção do meu nome me trouxe de volta a realidade.
Juliana deu o cartão do quarto para Nina, e continuou a falar os nomes, mas meus olhos viajaram para meu melhor amigo que encarava Âmbar, enquanto a loira conversava com um funcionário do hotel.
-Ficou com quem? - A voz de Matteo se fez presente ao meu lado e eu me virei para encara-lo. - Terra chamando Luna. - O argentino parou a minha frente e sorriu para mim que apenas retribui. - Ta pensando em que? - Suspirei e ele soube sobre o que eu pensava, ele estava na mesma situação que eu.
-Porque ela não termina com Sebastian? - A pergunta saiu de meus lábios antes que eu pudesse associa-lá. - Todos sabem que os dois vivem brigando. - Olhei novamente para Simon e agora o mexicano conversava com Gaston, enquanto Âmbar ia em direção ao elevador.
-Se ele terminasse com Jazmin, quem sabe os dois teriam uma chance. - Franzi o cenho e encarei Matteo novamente, do que ele estava falando? Simon havia terminado com Jazmin a quase um mês.
-Do que você tá falando? - Um sorriso de lado surgiu nos lábios de Matteo. - Ele terminou com ela a quase um mês. - O sorriso foi substituído por um cenho franzido.
-E Âmbar terminou com Sebastian a quase um mês e meio. - Minhas sobrancelhas se levantaram, então era isso, era essa maldita coisa que estava acontecendo entre os dois. Um achava que o outro ainda namorava.
Ah ótimo, os dois eram completos idiotas. O que custava conversarem por cinco minutos?
Revirei os olhos perante aquele pensamento.
-Eu não acredito nisso. - Resmunguei revirando os olhos.
-Eles acham que os dois ainda estão namorando. - Matteo completou e revirou os olhos assim como eu.
-Temos que fazer alguma coisa. - Tentei iniciar uma caminhada até Simon, mas os braços de Matteo me impediram.
-Sim... - Ele me olhou. - Mas devemos deixar que um conte ao outro. - Suspirei e olhei para Simon, que agora encarava Ambar adentrar o elevador.
   Matteo tinha razão, um devia contar ao outro, eles tinham a obrigação de conversarem.
Âmbar
   Parecia impossível encontrar meu quarto. Já havia andado pelo décimo quarto andar inteiro e ainda não havia encontrado o maldito quarto. Eu realmente agradecia a minha tia nesse momento por ter comprado um quarto do hotel apenas para ela, e agora eu sabia para onde ela vinha quando simplesmente sumia, visitar um dos mais renomados hospitais, mais um dos muitos hospitais que não conseguiram salvá-la.
Respirei fundo, tentando segurar as lagrimas que ameaçavam cair. Não podia voltar a chorar, não podia desabar agora, não depois de ter enterrado todo sentimento de tristeza e raiva e mágoa. Não podia fazer isso com a equipe, não podia fazer isso comigo. Não de novo.
Encostei minhas costas na parede, desistindo por um tempo de rodar o longo corredor atrás do quarto, era impossível encontrar alguma coisa naquele imenso prédio. Minha cabeça foi parar no frio e duro da parede e subi meu olhar para o teto branco, escutando apenas o silêncio e minha respiração.
-Mas que merda. - O xingamento deu mais ecoo do que a pessoa esperava e aquela voz adentrou meus ouvidos como um soco dado no estômago.
Não deu tempo de fazer nada, assim que olhei para o lado os olhos castanhos penetraram os meus e uma sensação - mesmo inconsciente - de alívio me dominou. Simon. Ele era o único que eu queria ver naquele momento, o único que me fazia respirar normalmente sem desabar em um choro, porque ele segurava o restante do mundo que eu conhecia.
-Oi - As palavras escaparam dos meus lábios antes que eu pudesse impedi-las.
-Oi. - Ele me analisou e pareceu notar que eu realmente não estava bem. - Tudo bem? - Sua aproximação fez minhas pernas fraquejarem.
  Apenas balancei a cabeça e sorri sem mostrar os dentes, o que fez o moreno deixar as malas de lado e se aproximar mais de mim, se encostando na parede ao meu lado.
-É o quarto né? - Como ele me conhecia tão bem? Suspirei e virei meu rosto para encara-lo, encontrando os olhos mais penetrantes que eu conhecia.
-É tudo... - Suspirei encarando a parede a minha frente. - A casa, as fotos, as lembranças... - Falar sobre aquilo me despedaçava cada vez mais. -...e agora isso... - Me desencostei da parede e olhei em volta. -...o quarto onde ela dormia... - Não queria pensar, não queria lembrar, não queria deixar que a dor me irrompessem. Mas parecia ser impossível. -...o quarto onde ela poderia ter morrido... - As lágrimas queimaram meu rosto, e levei minha mãos até meus cabelos. -...e eu estava preocupada demais com a minha popularidade, para prestar atenção que tinha algo errado. - A raiva preencheu meu peito, e as lágrimas transbordaram.
   E a única coisa que eu queria era que a dor sumisse, que aquela imensa estaca parasse de perfurar meu coração e destroçar minha alma. Os braços forte me envolveram, tentei empurra-lo, afastá-lo. Eu não queria que ele fosse minha salvação, não queria que ele fosse a única pessoa que conseguia tirar minha dor. Eu não queria amá-lo. Mas ele não se mexeu, ele continuou segurando meu mundo, continuou me segurando, mesmo com os socos que eu desferia em seu peitoral. Ele não havia me soltado, ele não havia me abandonado, e quando eu finalmente me acalmei eu o agarrei, eu o abracei com toda minha força e chorei em seu peito.
Simon
-Tenho certeza de que Luna e Nina adorariam te receber no quarto delas. - Insisto mais uma vez, antes que a loira pudesse abrir a porta do quarto.
-Eu vou ficar bem Simon. - Os olhos azuis ainda estava inchados por conta do choro, mas um sorriso fraco escapou de seus lábios.
-Âmbar... - Toquei seu ombro e me aproximei dela -...eu estou aqui... - Encarei os olhos extremamente azuis. -...para tudo que você precisar. - Eu queria, de algum jeito, arrancar tudo que a trazia dor, mas sabia que não seria possível.
-E eu agradeço por isso. - Ela suspirou, antes de se desvencilhar de minha mão e se virar destrancando a porta. - Mas acho que tenho que enfrentar isso sozinha. - Novamente se vira para me encarar e se aproxima de mim.
Antes que ela faça qualquer coisa, a puxo para mim, envolvendo sua pequena cintura com meus braços e colando nossos corpos. Os braços da loira envolvem minhas costas e ela afunda sua cabeça em meu peito, o peito que ela desabou em lágrimas.
-Qualquer coisa. - Saiu como um sussurro, assim que nos separamos, tão próximos que as respirações se tornaram uma.
O silêncio se instalou, apenas nós dois, as testas coladas, minhas mãos ainda em sua cintura, e seus braços ainda envolta de meu pescoço. Eu adoraria cuidar dela, adoraria entrar naquele quarto com ela e passar minha noite ao seu lado, apenas para que ela ficasse segura de alguma forma.
Não se passaram mais de cinco minutos, mais parecia que o tempo havia congelado ao nosso redor e quando os olhos azuis subiram para os meus, meu mundo tomou cor outra vez, e cada batida dentro do meu peito parecia sincronizada. Eu não queria larga-lá, não queria deixá-la entrar no quarto, não sozinha, mas precisava.
Minhas mãos saíram de sua cintura e seus braços saíram de meu pescoço. Um passo. Foi apenas o que eu dei, foi apenas o que consegui dar, os olhos azuis ainda estavam nos meus quando lhe lancei um sorriso, ela apenas retribuiu e adentrou o quarto, fechando a porta logo em seguida.
Me encostei na parede e respirei fundo. Como eu a amava! Não devia amá-la, não devia amar alguém que namora. Não devia. Mas não conseguia evitar meu bobo coração de acelerar perto dela, de meu corpo querer ficar grudado ao dela para sempre e de meus lábios se atraírem pelos dela e dos meus olhos sempre procurarem aqueles pares de azul familiar.
Eu estava apaixonado por alguém que não podia ser minha. Com certeza eu estava ferrado.

You € Me - Concluído [SOU LUNA]Onde histórias criam vida. Descubra agora