Final

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— Isso é alguma brincadeira? — Ruby questionou, e quando James e John se entreolharam, uma gargalhada inconveniente escapou por seus lábios. Ela passou a mão pelos cabelos, encarando-os. — Vocês são realmente pai e filho?

— Qual o problema com isso? De onde vocês se conhecem? — James questionou, o cenho franzido enquanto a encarava confuso.

— Eu não o conheço em absoluto! Oh, meu Deus! — Ruby gemeu, a dimensão da descoberta caindo sobre ela. James e ela... Não podia pensar adiante disso... Não podia pensar que aquele homem a sua frente havia acabado com a vida de sua mãe, e agora voltava para acabar com a dela. — Deus! Saiam daqui vocês dois...

— Ruby, eu não entendo... — James deu um passo em direção dela, preocupado. Nunca a vira assim. Ruby sempre fora a personificação da força, da decisão, da coragem, da segurança. Vê-la trêmula, com a voz embargada, recusando-se a olha-lo... Se ela tivesse gritado com ele não o teria apavorado como seu comportamento frágil.

— Por favor... Por favor, apenas saiam... — ela implorou, e tão surpreendente quanto poderia ser, Ruby apressou-se rumo as escadas, quase correndo.

Estava aterrorizado agora. Ruby nunca implorava... Algo estava muito errado!

— O que está acontecendo aqui? — James virou-se para seu pai, exigente. Não importava o que John tinha feito com Ruby, teria que resolver isso com ele.

Ninguém a machucaria enquanto ele vivesse.

Sua consciência o lembrou do que acontecera da ultima vez que ele decidira protege-la, mas ele empurrou o pensamento para o lado. Mesmo que ela ainda não soubesse, ou que não o admitisse, Ruby lhe pertencia.  Ele daria sua vida pelo bem estar dela.

— Ela é a mulher sobre a qual conversamos mais cedo? — John questionou.

— Sim.

— Eis então o que aconteceu, James. — John murmurou, e parecia triste e abatido. — Sou o pai dela.

James o encarou, aturdido. Não poderia ser. Aquele homem tinha sido seu exemplo desde que se lembrava. O pai de Ruby era um canalha inescrupuloso.

— Não pode ser verdade.

— Mas é.

— O pai de Ruby abandonou a mãe dela grávida... Você... Você foi o melhor exemplo de homem que um garoto poderia ter... Não...

— Eu era um garoto tolo e sonhador quando conheci Ava. Participava de rodeios, e queria ganhar o mundo. Ava era linda, e me apaixonei no mesmo instante em que a vi. Nosso relacionamento foi curto e explosivo, e ela estava sob minha pele desde o inicio. Mas quando ela engravidou, a realidade pulou sobre mim como um leão feroz. Eu a amava, mas eu era jovem... Tão jovem e inexperiente. Nada é desculpa para como agi, para tê-las abandonado, mas eu não seria de grande ajuda ficando com elas também... Eu era um garoto egoísta que não sabia nada da vida. Então, uma noite eu bebi como nunca na vida eu bebera, e parti. Não sei quantos dias se passaram antes que eu ficasse sóbrio novamente, mas quando aconteceu, eu sabia que minha vida tinha acabado. A culpa rondou e rondou minha mente por cada dia, cada ano desde então. Até que conheci sua mãe. Seu pai havia morrido há um pouco mais de um ano, e havia você... Um lindo menino que precisava de um pai. A vida estava me dando uma segunda chance, uma oportunidade de fazer as coisas certas...

— E foi isso, então? Você simplesmente substituiu uma criança por outra? Não estava preparado para ser pai de sua filha, mas o estava para assumir a criança de outro homem? — havia desgosto e desprezo na voz e no olhar de James quando ele encarou o homem que fora seu pai em todos os sentidos que contavam.

Uma Mulher EspecialOnde histórias criam vida. Descubra agora