O primeiro não

7.5K 802 555
                                    

JongIn arrumou o sobretudo de seu uniforme, respirando fundo e pondo um sorriso em seus lábios cheios.

Atravessou a porta de madeira da sala de ciências avançada da escola e olhou ao redor, vendo lá no fundo a pessoa que procurava. Aumentou seu sorriso e andou até ele, sentando-se ao seu lado direito e virando-se para o mesmo.

- Annyeong, Kyungsoo! - disse, animado.

- Por que falou informalmente comigo? - perguntou o outro, sem nem se dar o trabalho de virar-se para ele e continuou concentrado no livro que lia.

- Porque somos amigos e não precisamos de coisas fúteis como essa.

Na verdade, eles não eram amigos. JongIn que tentava se convencer disso, já que eles estavam mais pra "aminimigos".

Desde que JongIn havia chegado na escola, eles não se davam bem. Kyungsoo sempre teve uma implicância com o mais novo, apenas por ele ter "ocultado" uma certa verdade sobre algo que o Do não fez, acabando por ter colocado acidentalmente a culpa no mais baixo. Claro, Kyungsoo achava que JongIn deveria ter contado a verdade e dito que ele não havia feito nada de errado, já que ele tinha presenciando, mas ele não o fez. E nem era algo tão feio e completamente sem escrúpulos ao ver do Kim, porque pra ele, ele não fez nada de errado.

Mas isso não impedia o de pele leitosa de sentir um certo rancor do mesmo, como se ele tivesse feito de propósito. JongIn nem tinha chegado na escola direito na época e já tinha arrumado encrenca pra cima de si, afinal.

- Aliás, você já almoçou? - o Kim perguntou, inocente e calmo.

Kyungsoo revirou os olhos, totalmente irritado com a insistência do mais novo.

'Eu só quero ler meu livro em paz!', pensou.

- Não. - respondeu, curto e grosso. Não que o Kim se preocupasse ou ficasse triste, já estava acostumado.

- Então... - constrangido, passou a canhota pelos cabelos descoloridos. - Que tal ir almoçar comigo? Eu pago! - sorriu, muito envergonhado.

O mais velho estreitou os olhos, tentando achar algum sinal de que ele estava brincando com sua cara. No final, achou apenas um JongIn corado e - talvez pela pressão de estar fazendo o convite - suado.

- Está me chamando para sair? - Kyungsoo perguntou, meio em transe que até esqueceu estar no meio de uma sala de aula - essa que estava uma zona, já que o professor já tinha se retirado.

- Sair? O quê?! - riu, nervoso. - Não, não, não. Eu apenas estava... Chamando meu colega pra almoçar comigo, já que ele ainda não comeu. - deu um sorriso forçado. - Nada de mais.

Kyungsoo ficou olhando para o mais novo por longos três segundos, esses que fizeram o Kim quase ter um infarto.

- Não obrigada, eu não almoço. - disse por fim, escutando o sinal e recolhendo suas coisas.

Kyungsoo levantou e saiu porta a fora, saindo do campo de visão do mais alto. Vendo ele se afastar e desaparecer no meio daqueles adolescentes todos, JongIn deixou-se finalmente respirar.

Ele havia lhe dado um fora? E o Kim não tinha nem lhe chamando pra sair, era só um almoço caramba.

- Aish... - fez um biquinho, guardando seus matérias apressado e se levantando, saindo em seguida da sala.

O Do por outro lado, logo depois de ter saido da sala, saiu correndo em direção as escadas. Segurando sua bolsa no ombro direito, ele parou para respirar após a corrida. É, talvez ele seja alguém meio sedentário.

- O quê houve, Soo? - escutou a voz melodiosa de seu melhor amigo, Baekhyun, soar atrás de si.

Virou-se para ele, vendo que estava acompanhado de Chanyeol e seu cabelo vermelho sangue chamativo, esse que era primo do Do, por parte de pai.

Quando Kyungsoo abriu a boca para responder, foi interrompido pelo Park.

- Ah, não fale! Não fale! - gritou, assustando os dois. - Eu vou adivinhar, com meu poder de telecinesia. Veja só.

E, como o bom idiota que Chanyeol era - palavras de Kyungsoo -, ele pôs os dedos indicador e do meio da mão destra na testa, fingindo captar algo. Fez uma "pose de Professor Xavier" e espremeu os olhos.

- Oh! Algo me diz que-

- JongIn foi falar com você? - Baekhyun interrompeu o mais alto, não ligando para a cara indignada do outro após o ato. - Por que ele vive atrás de você?

- Ya! Eu iria descobrir isso sozinho, baixinho! - resmungou o ruivo, cruzando os braços longos e fortes.

- Acertou! Ele não para de me seguir por ai, fingindo ser uma pessoa do bem. - exclamou Soo, com um biquinho nos lábios cheios, ignorando a fala do Park. - Ridículo.

- Vocês vão acabar sabe aonde? - disse Chanyeol, indicando que os dois se aproximassem, como se fosse algo confidencial. Os dois chegaram mais perto, prestando atenção no mais alto. - Na cama dele, depois de uma transa selvagem. - gargalhou.

- AISH, SEU- - Kyungsoo gritou, e teria pulado em cima do mais novo se Baekhyun não tivesse intervido.

- Concordo. Mas isso não vem ao caso, o quê ele falou dessa vez? - curioso, perguntou.

- Se eu queria almoçar com ele. - murmurou, esquecendo da brincadeira do ruivo e a primeira frase de seu melhor amigo.

- E o que você disse? - dessa vez foi o mais alto dos três quem perguntou.

- Não, claro. - deu de ombros, revirando os olhos logo em seguida. - Também disse que não almoço.

- Como não? Não vai almoçar com a gente hoje, então? - o Byun disse, confuso.

- Aigoo, seu burro! Foi só pra não precisar ir com ele, claro que vou almoçar com vocês! - riu.

Pegou no braço do Byun e na mão do Park, puxando eles escada abaixo, rindo de algo bobo que o ruivo havia feito e abraçando mais ainda Baekhyun.

Ainda lá em cima, JongIn observava tudo.

Sim, era feio escutar a conversa alheia, mas tinha seu nome no meio, então ele parou para escutar. E não gostou nem um pouco do que ouviu.

O Kim e sentiu seus olhos arderem, mas se recusou a deixar as lágrimas caírem. Fungou e arrumou o sobretudo, de novo. Deu um sorriso galanteador para as garotas tímidas que passavam ao seu lado - essas que riram contidas e saíram correndo - e desceu os degraus devagar e calmo, fingindo que nada havia acontecido.

Essa foi a primeira vez que Kyungsoo disse um não para JongIn, e a primeira pista que o coração do loiro deu pro mesmo sobre seus sentimentos pelo baixinho.

Toda vez que você me diz um nãoOnde histórias criam vida. Descubra agora