ATENÇÃO!
ESTE CONTO NÃO SE ENCONTRA CORRIGIDO E IRÁ SOFRER ALTERAÇÕES!
AQUI SERÁ PUBLICADO APENAS O RASCUNHO DO CONTO
BOAS LEITURAS
***
Dor.
Isso é a primeira coisa que sinto assim que começo a despertar, e mais! É como se tivesse todo o meu corpo perro, como se estivesse estado uma eternidade sem me mover. Começo lentamente por esticar o meu corpo o que faz com que os meus ossos estalem.
Crocante, nada mau.
Bocejo ao mesmo tempo que começo abrir os meus olhos. Dou um imenso sorriso quando vejo aqueles maravilhosos olhos verdes a encararem-me e fecho de novo os meus olhos. Estes parecem pesados e ardem-me ligeiramente. Com a mão livre esfrego os olhos na tentativa vã de aliviar a impressão que sinto.
- Não devias de fazer isso. – Oiço dizer. Um tom de voz forte, grave e suave.
- Espreguiçar-me? – Ronrono. Ou tento, já que a minha voz saiu igual a um guincho de uma gralha que tem as penas do traseiro presas.
- E coçar os olhos. – Informa de novo a voz e abro um olho para o encarar, mas apenas me perco no verde profundo e torno a fechar o olho.
- Estás muito sério hoje. – Resmungo enquanto tento recuperar a voz. – Que raio me fizeste? – Questiono ao mesmo tempo que tento mexer-me, mas cada movimento é cada pontada de dor.
- Lyan, que dia é hoje?
- Não vamos ter essa conversa de novo, pois não? – Bufo de impaciência. – Eu já percebi, deixaste isso ontem bem claro. Eu perdi a memória, e isto não é um sonho. Ok.
Mais silêncio.
E confesso que este silêncio começa a irritar-me profundamente.
- Trevor? – Chamo ao mesmo tempo que abro os meus olhos. – Que foi?
- Lyan... o meu nome é Tomás Ramos. – Diz cautelosamente. – Sou médico, neurologista.
Pestanejo diversas vezes e olho em redor. As paredes azuis clarinhas, mostram-me que realmente não estou em casa. E a mão que sentia presa está na verdade com um cateter e o soro corre do frasco para a minha veia.
- Que aconteceu? – Questiono confusa.
- Não te lembras?
- Eu... Caramba. – Suspiro. – Eu estava em casa contigo, quer dizer com o Trevor. – Corrijo. - Estávamos a ver um filme e adormeci.
- Entendo... e podes dizer-me a que dia é que estamos?
- Sinceramente não me recordo, mas sei que estamos em 2016.
Ele olha-me demoradamente e de seguida anota no dossier que está nas suas mãos, para de seguida soltar um suspiro.
- Lyan, não te recordas do dia de ontem? Aqui?
- Aqui? – Dou um sorriso sem qualquer humor. – Acho que quem está confuso é o Dr. – Digo. – Com todo o devido respeito mas você está completamente chéché da cachimónia.
Ele arqueia o sobrolho e dá um pequeno sorriso de lado, para logo de seguida ficar sério. Agora que realmente o vejo bem, ele é exatamente igual a Trevor, sem tirar nem por o que me faz franzir o rosto em confusão. Pode ser possível dois homens serem tão idênticos?
-Lyan, tu sofreste uma queda... em casa.
-Queda?– Interrompo. Nada do que ele diz me faz qualquer sentido.
- Bem, estiveste uns três dias ligeiramente... - Faço cara feia enquanto o médico parece procurar uma palavra que faça mais sentido seja lá para o que for. – Desorientada.
- Como? – Questiono e não consigo evitar o tom amargo da minha voz.
- Sim, quando acordavas não dizias coisa com coisa, e dava a impressão de que estavas num outro local e num outro país.
- Noutro país? Como por exemplo?
- Algum de língua Inglesa. – Responde prontamente e torno a fazer uma careta. É ai nesse instante que percebo. Estou a falar em Português e não a Inglês.
-Então... - faço uma pequena pausa enquanto olho em redor. – Eu não estou em Nova Orleans?
- Não. Estás em Portugal, mais concretamente no Hospital Santa Maria.
-Mas... - Pestanejo estupidamente. – Foi tudo um sonho?
-Basicamente.
- Mas o Trevor...você é igualzinho a ele. – Insisto.
- Deduzo se o Trevor seja eu, porque falou imenso comigo. – Sinto o meu rosto a entrar em combustão. – Muito embora não percebesse nem metade do que dizias. – Solto um suspiro de puro alivio.
- Então..tudo o que vi, disse, fiz e senti...
- Um sonho seria o mais correto de se pensar. A tua queda foi muito grave, bateste com a cabeça...
- Eu nunca caio.
- Desta vez caíste. – Insiste e cerro os meus dentes. – Escorregaste no corredor das tua casa.
- O quê? – Guincho indignada.
- Verdade, graças a Deus não foi nada pior e mais grave, mas o suficiente para vires delirante.
Desisto. Não abro a boca para dizer absolutamente nada. O Dr. Tomás continua a tagarelar e tudo mais, no entanto a minha mente foge para algo totalmente diferente.
Um sonho, bem, poderia ser pior. É obvio... eu sempre tive razão, uma parte de mim realmente sabia que tudo aquilo não fazia qualquer sentido. Mas caramba ter um Trevor na vida real é um crime.
Será de todo impossível conseguir viver a minha vidinha e saber que a cada dia que passa o homem dos meus sonhos – literalmente – existe e que é o meu médico, neste momento.
Que vergonha.
Como é que irei sobreviver depois disto? Pior, como é que poderei encarar ele depois do que fiz...bem, foi um sonho, mas o homem do sonho tem o rosto dele, não é? Oh céus.
- Lyan, sentes-te bem? – Solto um gemido sofrido e recuso-me a encara-lo, limitando-me simplesmente acena com a cabeça. – Vou deixar-te descasar e mais logo virei ver como estas.
Quando fico finalmente sozinha, levanto o meu rosto e encaro a porta por onde aquele pedaço de mau caminho saiu.
Isto não vai correr bem.
The End
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Conto - Meu Crush Literário
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