Você tem claustrofobia?

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Eu não queria estragar tarde das meninas, com as novidades, então lá estavamos nós e o meninos sentados no cinema para assistir MINIONS. Nós estávamos sentados nessa ordem: Cody, Eu, Scott, Kiss, Kate e Chad. Durante todo o começo do filme, Scott ficou com a mão aberta sobre o braço da cadeira, esperando que eu segurasse sua mão, mas eu estava muito concentrada no Cody para prestar atenção nele (e no filme), eu estava levando a sério meu dever de casa, eu prestava atenção toda vez ele fazia um movimento diferente, eu tenho certeza que se ele não estivesse tão concentrado no filme ou se ele tivesse virado um pouquinho o rosto, ele me pegaria o encarando.

Depois de algum tempo do filme, ele se levantou para comprar pipoca. Eu esperei alguns minutos para ninguém suspeitar de nada, e me retirei para "ir ao banheiro". Quando cheguei lá, Cody estava comprando mais pipoca e enquanto esperava na fila começou a usar o celular, aquela era a minha chance, fui me aproximando dele como uma espiã, usei a multidão do cinema como vantagem para me misturar, porém o meu problema foi que eu não calculei muito bem o tempo, porque quando eu cheguei lá ele já tinha saído da fila. Ele estava indo em direção à nossa sala de cinema, então eu o segui, mas de repente ele mudou de direção bruscamente, ele entrou num corredor escuro cheio de elevadores, mas quando eu cheguei ele já tinha sumido, eu observei os elevadores e percebi que um deles ainda estava nesse andar, apertei o botão e entrei.

Quando eu entrei no elevador, alguém tapou minha boca e me jogou em uma das paredes, que eu presumi ter sido a dos botões, por que depois eu fiquei com vários números nas minhas costas.
-Ai!!- Eu gritei pro meu agressor
-Por que você estava me seguindo?- Ele perguntou me soltando meio decepcionado, acho que ele esperava que fosse algum tipo de ladrão ou bandido.
-Por que eu sai para o banheiro e me perdi da sala do filme, daí eu vi você e comecei a te seguir.- Menti enquanto passava as mãos nas minhas costas.
-Por que você simplesmente não perguntou o caminho?- Ele perguntou desconfiando da minha história.
-De qualquer jeito eu ainda precisaria te seguir para te alcançar! Né?- Falei com sarcasmo. Eu com certeza não iria deixar ele me intimidar.
-Tudo bem. Então vamos sair daqui.- Ele falou indo em direção à parede de botões.
Ele apertou o botão para as portas se abrirem, mas nada aconteceu, depois de um bom tempo tentando ele começou a apertar o botão com mais insistência, mas nada aconteceu.
-Deixa eu tentar.- Eu falei passando na frente dele, e comecei a apertar o botão feito uma louca.
-Deve ter quebrado quando você bateu as costas nos botões.-Ele alega.
-Quando EU bati as costas nos botões? Você quer dizer quando você me jogou na parede dos botões!- Eu exclamo e me sento no chão.
-Nossa eu pensei que você já tinha superado isso, eu já falei que eu pensava que  era alguém me seguindo.- Ele tenta se desculpar.
Ele começou a tentar puxar as portas do elevador, sem sucesso.
-Não adianta, essas portas são muito pesadas.- Falo e começo a enrolar o meu cabelo, uma mania que eu tenho quando fico entediada.
-Vou tentar ligar para os meninos.- Ele fala pegando o celular desesperadamente.
-Ninguém vai atender.- Eu falo e olho pro meu relógio de pulso.- Eles ainda estão no meio do filme com certeza estão com o celular desligado.
-Como você consegue ficar calma assim? Estamos presos num elevador, sem água e de comida só temos um balde de pipoca! E se eles não notarem nosso sumiço?- Ele fala e percebo que ele está realmente perturbado.
-Cody, calma.- Falo, me levanto e seguro seu braço.- Você tem claustrofobia?
- Talvez.- Ele fala meio constrangido.
-Calma, todo mundo tem medo de alguma coisa, eu por exemplo morro de medo de aranhas.- Falo para tentar acalma-lo e começar uma conversa (Eu tenho que tirar no mínimo algum proveito disso!!)
-Vamos conversar sobre outras coisas!- Eu falo para tentar distrai-lo do seu medo.
Ele assente  e se senta junto de mim.
-Você é daqui?- Pergunto
-Na verdade eu não sei, quando eu era pequeno meus pais me deixaram com meus avós.- Ele fala casualmente. 
-Você sabe o nome deles?- Eu pergunto  começando a realmente ficar interessada na conversa.
-Minha vó disse que não era bom eu ficar remoendo o passado, e na verdade eu nunca me importei com isso.-  Ele fala e olha para o relógio.
-E você ainda sente magoa deles?- Pergunto
-Não mais, no começo eu os culpava por  terem me deixado, mas depois eu pensei que talvez tivesse algum motivo para eles terem feito isso. Hoje em dia eu nem ligo muito para esse assunto,  eles me abandonaram e isso é fato, e eu acho que eu nunca teria tido uma vida melhor se  tivesse ficado com eles.- Ele fala um pouco despreocupado demais e percebo que talvez ainda haja alguma mágoa guardada.-E você?Seus pais vivem com você?- Ele completa.

-Sim, meu pai é contador e minha mãe é psicóloga.-Eu falo encarando a porta do quarto elevador.
-Porque quando você  olha para as pessoas, você olha elas bem nos olhos?- Ele muda de assunto de repente, e me dá um susto. A sorte é que nessa hora meu celular começa a tocar, salva pelo gongo!!Ops, pela Kiss.
-É a Kiss!!- Eu comemoro e coloco o celular no ouvido.
*Kiss*
-Cadê você? Você sabe onde tá o Cody? Porquê você não voltou.- Ela me enche de perguntas.
-Kiss, calma. Eu e o Cody estamos bem, a gente ficou preso em um dos elevadores, que tem no corredor perto da lojinha de guloseimas do cinema.-Eu falei as instruções do que ela devia fazer e esperei ela chegar. Poucos minutos depois ela conseguiu abrir a porta.
Assim que eu sai eu senti alguém pulando no meu pescoço.
-Meu Deus, estava muito preocupada com você!!- Kiss fala no meio de um abraço de urso.
-Kiss, calma, eu te conto no caminho para casa.-Eu falo para ela e a gente vai a caminho da saída.

Olhos da almaOnde histórias criam vida. Descubra agora