Capítulo Cinco

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- Oito adolescentes foram assassinados, há menos de um ano, em uma escola secundária - dizia o professor Joseph. - O autor das mortes é um adolescente de dezessete anos chamado Daniel Ole. Filho de um casal de policiais, ele roubou a arma do pai e matou os colegas. O artigo que escrevi sobre esse massacre deve estar na tela de seus notebooks agora. Lido e revisado, espero.

A sala concordou.

Estávamos no segundo caso sobre adolescentes que cometeram ataques à escolas, e os debates tinham se alongado durante a ultima hora. A noite já havia caído, e a lua crescente brilhava através das vidraças. A ultima aula da segunda-feira estava perto de acabar, mas meus dedos rígidos ainda faziam rápidas anotações em meu caderno.

Meus olhos ardiam de cansaço. Eu havia passado a tarde inteira na aula de Introdução a Psicologia, antes de sair correndo para a aula do professor Joseph.

Não tinha dormido bem na noite passada. Hunter havia voltado a assombrar meu sono, mas felizmente eu não lembrava do pesadelo. Acordei às 4 da manhã, suada e com seu nome em minha cabeça.

- O pai se matou no dia em que soube do ocorrido - uma garota disse, olhando ao redor. - O casamento não ia bem, e a mãe era ausente. É o contrário do que geralmente acontece com psicopatas, não é?

- Não é uma regra que a mãe seja dominante e que o pai seja ausente, mas é geralmente o que acontece - o professor concordou. Joseph parou em meio ao palanque do auditório, e suspirou ao empurrar os óculos pra cima. - No caso de Daniel, ele era próximo ao pai. A mãe tinha um amante...

- Até que ponto ela teve alguma coisa a ver com as atitudes do filho?

Todos olharam para mim. Empurrei uma mecha de cabelo para trás da orelha, me sentindo desconfortável, e ao mesmo tempo impelida a defender a mãe de Daniel. Odiava quando o peso dos pais parecia recair sobre os filhos e suas atitudes. Cada um tem sua própria índole, no fim das contas.

Pelo menos era no que eu gostava de acreditar.

- É por que ele pode ter nascido com tendências violentas - reconheci vagamente a voz que respondeu minha pergunta - ou essa tendência violenta pode ter ligação com traumas de infância. A família dele é um ponto chave pra descobrirmos isso.

- Ninguém vira assassino a partir de um trauma de infância - rebati. Algumas cadeiras abaixo de mim, o garoto da conveniência olhou para trás, encontrando meu olhar.

- Mas a maioria dos psicopatas tem traumas de infância - foi o que Oliver disse.

Me arrastei para a beira da cadeira.

- Você tem dados sobre isso? Além do mais, nem todos os psicopatas chegam a matar.

Ele se virou pra mim. Exibiu um sorriso afetado e nada discreto.

- Por que talvez alguns psicopatas não chegaram a desenvolver gatilhos que precedem de um trauma de infância. E aí, não surtam.

- Você é tão irritantemente sabe-tudo que poderia ser o meu gatilho pra surtar.

A sala inteira caiu na gargalhada, e meu coração batia forte no peito enquanto Oliver e eu nos encarávamos com um ar divertido. Ele era irritante. Mas isso era por que ele era insuportavelmente bonito e inteligente.

- Tudo bem, turma! Atenção, por favor.

Olhei para o professor, esperando uma expressão de reprovação. Porém, o que encontrei em seu rosto foi um olhar divertido.

- Acho que isso nos leva aos resultados dos exames mentais do Daniel.

No exato momento em que o professor voltava a ler os registros de Daniel em voz alta, meu celular vibrou com uma mensagem. Através da barra de notificações, li:

Doce Tormento - Os Mascarados Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora