- Ela se chama Emily.
- Emily – repeti o nome, enfiando um bocado de pipoca na boa.
- É meio desmiolada – Dom continuou. – Não dá pra manter uma conversa de dez minutos, sabe? Não temos assunto.
- Hmm... Caramba! – quase gritei, olhando fixamente para a tela no momento em que a reviravolta do filme acontecia. – Eles são... a mulher e os filhos são...
- Os outros, isso. Mas então... nós ficamos sem assunto muito rápido.
- O que?
- Eu e Emily.
- Então, por que fica com ela?
- Por que eu não quero conversar. Nós fazemos coisas muito mais interessantes.
- Odeio detalhes – murmurei arrastadamente, revirando os olhos.
Dominik riu, e mesmo à pouca luz suas covinhas apareceram.
- Não me venha com isso, Ally.
- Não me chame assim – adverti pelo que parecia a milésima vez.
Ele parou de sorrir.
- Desculpe.
- Tá.
Voltei minha atenção para o filme. Estávamos no dormitório do Dom, dividindo a mesma cama e assistindo filmes, rodeados de comida. Como sempre foi. O colega de quarto dele havia saído com a namorada, então tínhamos o espaço só para nós. Quem visse, automaticamente pensaria que éramos um casal de namorados passando um tempo juntos.
A não ser, é claro, pelos detalhes que ele insistia em me dar sobre as diferentes garotas com quem ele saia. E claro, pelo fato de nós sempre nos tratarmos como irmãos separados no berço.
- Mas e você?
- Quer parar de atrapalhar meu filme?
- Não fuja do assunto!
- Eu estou bem.
- E os caras da universidade?
Automaticamente me lembrei dos caras da loja de conveniência. Homens podiam ser nojentos e inconvenientes.
- Não estou no clima pra isso.
- E por que não? Rejeita os garanhões da Verselton só pra passar as noites de sexta comigo?
Ele estava rindo de novo, as malditas covinhas aprofundando suas bochechas.
Joguei pipoca em seu rosto.
- Pare com isso.
- É por causa dele, né? – Dominik deu um peteleco numa pipoca que havia caído em seu abdômen.
Engoli com força. Ele.
- Não. Eu estou bem – repeti, mas meu coração de repente parecia inflamado e dolorido.
- Você nunca vai conseguir seguir em frente se não tentar deixa-lo para trás. Tente conhecer pessoas novas.
- Dominik – me virei pra ele, séria. – Não quero falar sobre isso.
Me senti, mais que nunca, arrependida de ter contado sobre Brud para o meu amigo. Talvez, só talvez, se ninguém soubesse sobre ele, as coisas fossem mais fáceis. Ou menos dolorosas.
- Hoje eu participei da aula - comentei, para mudar de assunto.
- Não vejo por que eles te proibiram de fazer isso.
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Doce Tormento - Os Mascarados Livro II
Azione(disponível até 1 de junho.) Sob as tardes tempestuosas da Universidade de Verselton, Ally tenta esquecer seu passado e viver sua nova identidade; uma estudante de psicologia chamada Kaila. Porém, quando a marca da Irmandade de Ferro aparece no camp...