Capítulo 1

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  — Então, devido a esse acidente ocorrido há dois meses, a senhora infelizmente... —  A voz de meu médico soava longe enquanto ele dizia o que eu já havia deduzido por mim mesma.

Isso mesmo, eu sofri um acidente de carro gravíssimo. Fiquei em coma por dois meses e agora finalmente havia acordado. Contrariando as expectativas pessimistas da equipe médica que cuidava de mim. Meu médico, um senhor chamado Luke, veio me examinar durante todo o dia juntamente com um grupo expressivo de quatro enfermeiras. Para me acalmar enquanto tentava explicar com termos técnicos o que havia acontecido, Luke aplicou um calmante forte o suficiente para que eu dormisse rapidamente. Meu primeiro dia havia sido assim e eu nem sabia qual era o meu primeiro nome. 

Pensei que,  após o baque de saber que eu não sabia quem era, o outro dia seria melhor. Estava enganada. Assim que abri meus olhos para uma nova manhã sendo alguém que eu não sabia quem era, notei que havia um buquê de rosas vermelhas em cima da cômoda direita de minha cama, e no meu dedo anular esquerdo, havia uma grossa aliança de ouro. Aquilo me deixou atordoada. Em algum lugar da minha mente havia informações preciosas, e rapidamente percebi que aquela aliança significava compromisso. Não havia ninguém no meu quarto.  Olhei o buquê com olhos clínicos fascinada com sua beleza. Pequei um cartão junto as flores e li, seu conteúdo deixou-me nervosa.

"Para quem sabe, um novo recomeço. Bem-vinda de volta! - P. Edwards"

Edwards? O mesmo sobrenome pelo qual o médico se referiu a mim. Devia ser um parente, ou algo assim. Acreditei que, lendo o cartão, olhando a caligrafia, eu poderia ter algum resquício de memória ativada, não ocorreu. Voltei a repousar na cama com o cartão em mãos. Uma leve batida na porta, uma enfermeira adentra.

— Bom dia senhora Edwards! Como se sente? — Perguntou enquanto vinha em minha direção e afofava os travesseiros. 

— Confusa...E faminta. 

— Ah, claro! Seu café da manhã está sendo providenciado, eu a ajudarei a se alimentar e a banhar-se. Como seu café da manhã ainda não está pronto nós iremos nos banhar primeiro. Tudo bem? — Perguntou. Sua simpatia animou um pouco o mal estar que estava sentindo por não saber quem eu era. Sorri de volta e tão logo a enfermeira ajudou-me a seguir para o banheiro e tomar um refrescante banho.

...

Limpa e alimentada, tive permissão para caminhar pelos jardins do hospital com a ajuda da mesma enfermeira que me auxiliou pela manhã. Soube então pela mesma que seu nome era Jessica Nelson, recentemente formada em enfermagem. Uma moça simpática, conversava comigo sobre futilidades. Devia imaginar que me sentia desconfortável em falar sobre mim sendo que nem sabia quem era. Foi bom sair de um ambiente hospitalar, admirar o lindo jardim que ficava ao lado do hospital. Não sentia muitas dores, constantemente recebia pequenas doses de morfina para não sentir dor. Tive vontade de perguntar a Jessica quem havia enviado o buquê, se ela sabia algo sobre mim, mas me acovardei.

Metade do dia foi com visitas esporádicas do médico fazendo perguntas ao meu respeito, na esperança de que minha memória voltasse. Uma esperança vã. Após o almoço tive de ficar em meu quarto por algum motivo. 

Eu estava sem informação desde que acordei e isso me enervava. Por fim o médico veio, não sei ao se certo se para saciar minha curiosidade ao meu respeito, mas eu fiz assim que ele passou pela porta.

  — Boa tarde senhora Edwards! Como está se sentindo hoje?

— Doutor, eu preciso saber de coisas ao meu respeito! Diga-me... Eu ficarei sem memória para sempre? Qual é o meu nome? Eu tenho amigos, familiares? — O médico caminhou para perto de mim, sentou-se em uma poltrona ao meu lado a mesma poltrona em que vi uma enfermeira no primeiro dia que abri meus olhos.

Just Remember Me - Lerrie versionWhere stories live. Discover now