Capítulo 4

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  — Nossa! Essa é realmente a nossa casa? — Perguntei enquanto olhava freneticamente para o local. Tinha um sorriso gigantesco no rosto. O terreno era enorme, arborizado, repleto de pássaros, borboletas, flores aqui e ali. Um jardim magnífico contornava toda a casa, o prédio principal parecia mais um palácio pelo tamanho, tinha uns quatro andares e era bem extenso. sua arquitetura era coloquial, uma restauração perfeita. Um pequeno palácio branco, um sonho! Perrie guiou o carro para lateral da casa, havia uma garagem lá. Entrou lentamente na garagem, totalmente iluminada pelas paredes serem de vidro.

  — Essa casa é enorme! Quem mora aqui além de nós duas? Perguntei a Perrie olhando as lindas máquinas que estavam paradas no amplo estacionamento.

— Bem, moram os empregados responsáveis pela propriedade. — Perrie estacionou ao lado de um carro preto, incrível! Eu não reconheci as marcas, mas sabia que deveriam ser caros.

— Que carro é esse que você dirige? — Perguntei enquanto desafivelava meu sinto, assim como Perrie.

— Um volvo prateado, eu uso para ir ao trabalho. — Saímos do carro e um empregado veio nos recepcionar. 

— Senhora Edwards, bem-vinda! — Disse sorridente olhando para Perrie. Seu sorriso desmoronou um pouco quando me viu, parecia sorrir forçadamente. — Bem-vinda senhora Edwards, fico feliz em ver que está melhor. Soube que perdeu sua memória, uma lástima. — Falou em um tom falsamente pesaroso.

— Recolha os pertences da senhora Edwards. A propósito Leigh... — Perrie se pôs ao meu lado— Este é Jason, nosso mordomo. — Apontou para o homem diante de mim, devia ter uns trinta, trinta e cinco anos. Era alto, magro e meio calvo. Jason pegou minha bolsa e a caminhou para o interior grande da casa. Eu fiquei parada olhando para os outros carros do local.

  — E esse preto? É seu? — Apontei para um luxuoso carro ao lado do volvo. Perrie deu um meio sorriso.

— Sim, o carro é meu. É um Aston Martin. — Disse. O nome soou familiar e tardiamente me toquei de algo.

— Como é possível isso? Eu me lembro de lugares, comidas, objetos e tudo mais, porém não me lembro de pessoas. — Perrie olhava para seu Aston preto, vago.

  — O médico disse que você teve uma lesão cerebral em uma região do cérebro responsável pelo arquivamento de lembranças de pessoas, algo assim. Ele certamente explicará melhor à você a medida em que for sendo submetida ao tratamento. — Falou. Meus olhos vagaram para o espaço enquanto eu assentia em concordância com sua explicação. Vi um carro um pouco afastado do Aston Martin preto, era um conversível vermelho.

— Aquele conversível vermelho é seu? 

 — Não, ele é seu. — Ela disse com um meio sorriso. Andei cambaleante até o carro afastado alguns metros de nós. O que? Aquele carro incrivelmente lindo era meu?

  — Eu sei dirigir? — Perguntei mais a mim mesma do que para Perrie.

— Sim.

— No hospital me falaram que eu sofri um acidente de carro, com o meu carro e que foi perda total. Foi este carro aqui? — Perguntei enquanto tocava a lataria. A pintura de uma cor reluzente.

— Era igual a este. Infelizmente o carro ficou em pedaços, mas a seguradora cobriu o prejuízo com esse carro idêntico ao anterior. Aquela moto também é sua. — Perrie tocou meus ombros virando-me para o lado sul da garagem, havia uma moto linda da cor laranja no canto. 

— Nossa! Eu também sei dirigir motos? Legal! Essa moto é linda! — Falei admirada rumando para lá. A moto era fantástica, me perguntei se conseguiria me lembrar de como dirigir.

— Depois que tal passearmos pelo terreno? Assim vamos ver se você se lembra de como dirigir sua moto. — Perrie sugeriu sorrindo, eu sorri também. E então ficamos nos olhando, o silêncio era insuportável. Mas uma vez, eu vi algo nos olhos de Perrie, um brilho imprudente. Ela queria fazer algo, mas hesitava. 

— Então... — Murmurou — Vamos? Eu irei lhe mostrar a casa, ou pelo menos boa parte. — Passou a caminhar até uma porta larga que estava aberta desde a passagem do mordomo. Eu segui junto a ela, seguindo uma escada na cor marrom. Quando nos chegamos ao salão principal eu ofeguei. O lugar era lindo em seu interior, uma decoração antiga, com direito a pinturas, esculturas, móveis antigos de sofisticação invejável. Um punhado de empregados, sete do sexo masculino e sete do sexo feminino, estavam colocados um ao lado do outro vestindo uniformes tradicionais das cores branca e azul escuro.

— Sejam bem vindas senhoras. — Falaram num coro. O mordomo descia as escadas agora.

  — O quarto da senhora foi devidamente limpo e arrumado e o buque que a senhora comprou foi posto no local. — Jason disse. Eu estaquei. Meu quarto? Ah, claro. Claro que Perrie providenciaria para mim, seria muito estranho mas maravilhoso ao mesmo tempo ter que dormir com ela. 

  — Sirva o almoço, por favor. Leigh deve estar com fome, não é? — Perrie olhou para mim. Eu assenti.

— Eu gostaria de ir para o meu quarto para tomar um banho e trocar de roupa. Tomei banho apenas pela manhã, então...

— Tudo bem. — Perrie olhou para Jason. — Jason, leve-a até seu aposento. Eu tenho que dar alguns telefonemas e os farei antes do almoço. — Disse seguindo para outro lugar. Os empregados se dispensaram seguindo para seus afazeres. Segui o mordomo subindo a grande escadaria em forma de caracol. Eu me perdia com a grandeza daquele local. Subimos um lance de escadas para o segundo andar e mais um lance para o terceiro. Jason parou em frente a uma porto dupla de cor mogno, assim como as janelas da casa.

  — Este é o seu aposento senhora Edwards. —Ele anunciou abrindo a porta. Eu adentrei e fiquei muda.  O quarto era lindo, uma parede inteira de vidro com visão privilegiada para o jardim, uma cama king com cobertas vermelhas contrastando com a cor alva do quarto, os móveis vermelhos. Duas portas: uma devia ser o banheiro e a outra o closet, uma estante cheia de CDs e DVDs, uma tela enorme presa na parede com um DVD embutido na parede como a televisão. Era um quarto relativamente simples, mas sua simplicidade me impressionava.

  — Uau! Perrie preparou tudo isso para mim? —Comentei para mim mesma. Para minha surpresa Jason negou.

  — Não, esse quarto foi decorado pela senhora. —Virei e o olhei, ainda estava na porta.

  — Como assim? Eu sempre tive um quarto separado do de Perrie?

Sim senhora Edwards. A senhora nunca dividiu um quarto com ela...Aliás, dividiu por pouco tempo, mas depois exigiu um quarto só para si. Mas ora... O que estou dizendo! Pela sua expressão surpresa, minha senhora não disse nada sobre isso a você. — Jason disse confuso pela minha cara espantada. E eu estava espantada! Afinal, nós éramos casadas. Não deveríamos dormir juntas?! Tudo soava estranho, suspeito.

  — Bom, então eu desço logo para comer junto com a Perrie. Diga para ela me esperar, por favor. Eu não quero comer sozinha. Ao falar notei o assombro no rosto de Jason. —O que foi?

  — Bem senhora Leigh, não é comum você comer junto a senhora Perrie. Ela quase não faz suas refeições, e quando faz é em algum lugar da casa que não seja próximo a você.

 Novamente fiquei surpresa. Não era comum Perrie e eu comermos juntas? O olhei novamente espantada, tudo o que eu estava descobrindo não estava se encaixando no que eu pensava ser um casamento.

  — Vejo que a senhora Perrie falou muito pouco de sua antiga rotina, não é? Bem, não serei eu a contar. Perdoe-me por aborrece-la. Se precisar de algo, senhora Edwards, basta chamar algum dos empregados apertando essa campainha. — Jason apontou para um botão branco quase imperceptível próximo a porta. —Esta campainha está ligada a cozinha. Alguém virá para auxiliá-la. — Falou dando um sorriso incrivelmente falso e saindo.  Eu olhei desnorteada para tudo. Aquele era o meu quarto. Eu poderia saber as lembranças que me escapavam apenas vasculhando o lugar, mas antes... Corri pela porta e chamei por Jason que ainda caminhava pelo corredor.

  — Senhor Jason?

— Sim? — Ela virou-se.

— Diga a Perrie que eu vou descer rapidinho. Diga que eu gostaria que ela almoçasse comigo. — Assim sendo entrei no quarto. 


Just Remember Me - Lerrie versionWhere stories live. Discover now