Capítulo 5

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Demorei mais tempo do que pretendia. Foi difícil entrar naquele banheiro fabuloso e ir diretamente para o box tomar banho. O banheiro era todo vermelho... Eu realmente deveria amar vermelho, ou algo assim. Após o relaxante banho foi difícil escolher algo simples em meio a tantas roupas e acessórios. O closet era do tamanho do meu quarto, que já era grande, no mínimo. Encontrei algo simples no meio das roupas, um vestido escondido no interior da gaveta de lingerie, um vestido azul escuro que ia até os joelhos. 

  — Espero não ter demorado. — Disse ofegante, e simplesmente corri até a sala de jantar. Perrie estava em pé em frente a uma das grandes janelas. Dois empregados estavam em frente a mesa esperando para poderem nos servir. 

Perrie virou-se sorrindo.

— Tudo bem, vamos comer agora. — A garota de belos cabelos loiros sentou na ponta da grande mesa de mogno em uma cadeira cor forrada com um veludo vermelho. Uma empregada aproximou-se dela com um sorriso de orelha a orelha. Senti algo emanar daquela empregada... Interesse em Perrie, no mínimo.

Outra empregada veio me servir, ao que tudo indicava que meu lugar era na outra ponta da mesa, bem longe de Perrie. Nossa, porque precisávamos ficar tão longe uma da outra? Levantei e chamei a empregada que me servia. Ela veio e cochichei no ouvido dela.

— Por favor, pegue essas coisas e leve a cadeira ao lado da senhora Edwards.  — Eu pedi, e ela me olhou com assombro. Acabou acatando ao meu pedido. Perrie ficou espantada quando caminhei até ela sorrindo, e sentei em uma cadeira próxima a sua.

— Melhor assim, não é? — Sorri, Perrie pareceu surpresa com a minha atitude, uma surpresa que pareceu deixá-la feliz. Fiquei em silêncio enquanto serviam a entrada.

O almoço foi um evento silencioso e constrangido de ambas partes. Eu tinha muitas perguntas para fazer com o pouco que descobri ao meu respeito, mas tinha receio de perguntar. Algo me dizia que Perrie era a última pessoa que deveria me dizer certas coisas. Mas se não fosse ela, quem mais diria?

  — Perrie, você estará ocupada após o almoço? — Perguntei sem querer ser inconveniente. 

— Infelizmente tenho que ir a empresa resolver um assunto. Prometo voltar antes do jantar.

— E você vai agora? 

— Sim. Perdão. — Perrie disse. Eu dei de ombros.

— Tudo bem Perrie. Eu vou ficar bem. A gente se fala a noite então. — Me despedi com uma certa tristeza, porque eu sabia que não me sentiria bem sem estando sem ela por perto.

Era estranho, tudo o que encontrei em meu quarto foram roupas, sapatos, bolsas, produtos de beleza... Nada de álbum de fotografias ou um diário que me ligasse a alguém. Uma palavra surgiu em minha cabeça enquanto eu olhava os objetos do meu quarto: insensível. Eu era insensível? Como pode alguém não ter nenhum pertence que não seja valioso, um pertence que mostra que você se importa com alguém?

Aquele quarto, apesar de muito bonito e espaçoso, era frio. Frio, porque a pessoa que o habitava parecia não ter apego a ninguém, exceto a objetos materiais e eu fui a moradora desse quarto. Enquanto caminhava distraída pelo quarto, olhei para a paisagem fora da parede de vidro que ladeava meu quarto. Uma paisagem bela cercada de flores e de... Piscina! Uma linda piscina. 

  — Nossa! Será que posso nadar? Pensei e não esperei para ter meu pensamento respondido. Graças a minha tarde, fuçando meus próprios pertences, eu sabia onde ficavam algumas peças de roupa no closet. Peguei um maiô preto, o mais discreto entre todas as peças vulgares que vi. Peguei também um roupão vermelho, que vesti por cima do maiô. Consegui driblar os funcionários e sair sem ser percebida, eu não queria uma platéia me observando. E felizmente todos estavam ocupados demais com os preparativos para o jantar. 

Eu não havia percebido que tinha escurecido, perdi tempo demais analisando cada parte do meu quarto. A noite estava fria, mas isso não me fez recuar. Ainda sim, sai pela porta lateral da casa que dava para garagem e, após passar por ela caminhei até a piscina.

  — Acho que dá tempo para um mergulho antes do jantar. — Pensei enquanto me aproximava da borda da piscina. Retirei o roupão deixando-o em uma cadeira. Estremeci com o frio. Aproximei-e e toquei a água com o pé, estava morna. Sorri. Caminhei em direção ao trampolim e dei pequenos saltos para ganhar altura. 

Um pulo.

Dois pulos.

Três pulos.

Eu saltei em consegui distância, afastando-me consideravelmente da borda e mergulhando. 

Ah, a água estava muito agradável! Era tão cristalina e as luzes ao fundo da piscina fazia com que tudo pudesse ser visível. Eu me permiti ficar um pouco no fundo, segundo eu diria então, tentei emergir... Tentei. Estranho, eu não tinha força nos pés para emergir. Fiz o possível mas notei então, tarde demais, que eu não sabia nadar. Eu não sabia nadar! Essa conclusão aterrorizante entrou em mim assim como a água que estava a minha volta. Eu nem poderia gritar, abrir a boca só faria a água entrar mais e mais nos meus pulmões.

Eu iria morrer. 

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⏰ Last updated: Dec 15, 2017 ⏰

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