Capítulo 3

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Chego em casa ainda de baixo de chuva, muita chuva, largo minhas coisas em cima da mesa da cozinha e vou direto para o banho, tomo um banho quente e relaxante, e enquanto tomo banho a imagem daquele deus grego, não sai da minha mente, como alguém consegue ser tão absurdamente lindo, desse jeito? Termino meu banho, coloco um short e uma camisa larga, dou uma olhada na casa e nada do meu pai, das duas uma, ou ele está trabalhando, ou está se alcoolizando por aí, faço um lance rápido e sento para tentar salvar alguns dos trabalhos dos meus alunos. Salvo o máximo de trabalhos que dá, quando termino já são mais de cinco horas da tarde, minha vontade é ir andar de bicicleta, mas na chuva, não tem condições. Então vou procurar meu celular, que eu ainda não tirei da bolsa molhada, quando o pego está todo molhado e apagado, só me faltava essa. Praguejo um milhão de vezes, abro ele e tiro a bateria dele e começo a seca-lo com o secador de cabelo, seco durante um tempo e decido deixa-lo desligado. Por volta das setes da noite, meu pai ainda não tem voltado da rua e eu decido ir jantar, as coisas em casa já estão acabando, não está dando para me manter a casa sozinha, são muitos gastos, todo dinheiro do meu pai é somente para, manter o vício dele, isso quando ele não faz dividas nas barracas e eu que acabo pagando. Coloco minha janta e como com tristeza, minha vida está tão solitária, sem amigos, tudo bem agora tenho a Dani, meu pai que não faz nada para sair desse vicio e dessa tristeza, eu arcando com tudo, é Amanda para lá, Amanda pra cá, foi por esse motivo que o meu namoro com o Fagner não deu certo, foi um ano de exaustão, um ano ele reclamando comigo que eu não tinha que carregar o mundo nas costas, que eu tinha que deixar meu pai se virar sozinho, mas eu não posso, não sou assim, depois que eu finalmente me entreguei para ele, ele começou a ficar distante, começou a me deixar, e um mês depois ele me deixou, nossa como eu sofri, não por que eu o amava, mais por que, era o mais próximo de carinho que eu recebi, era seu contato, e ele depois que consegui o que tentara por onze meses, me deixou sem nenhuma compaixão, mas tive que ser forte, não dava para ficar com duas pessoas sobre o mesmo teto sofrendo, sofri calada, chorei noites e noites no meu travesseiro, mas um dia eu acordei e me sentir diferente, percebi que o carinho e o suposto amor que eu sentia por ele se acabou, foi embora junto com minhas ultimas lagrimas derramadas na noite anterior, desde desse dia, eu tenho sido fria, calculista, solitária, demorei meses para ficar novamente com outra pessoa, não intimamente, apenas uns beijos, mas eles nunca se contentavam só com isso, e eu sempre fugia de contato mais íntimo, mas hoje, me sinto diferente, é como se algo dentro de mim se acendesse, sinto como se borboletas estivessem em meu estomago, uma sensação desconhecida, mas gostosa, e quando fecho meus olhos, lembro do s.r. ranzinza, seu corpo, a eletricidade que passou dele para mim, não consigo mais comer. Largo meu prato de comida na pia e vou para meu quarto, entro no meu banheiro e escovo meus dentes e me deito na minha cama, fecho meus olhos e sou tomada por um cansaço tão grande, que logo sou tragada pelo sono. Sonho com chuvas, fim do mundo, e um s.r. muito gostoso, me tocando, me venerando e me chamando de bravinha, e eu me derreto toda com meu mais novo apelido. Ele me beija, me acaricia, mas um barulho ensurdecedor me arranca de meus devaneios. Dou um pulo da minha cama, quando chego na sala estou com o coração a mil, e apertado, quando minha visão finalmente foca em algo, vejo meu pai caído ao lado da porta resmungando. Olho ao seu lado e a mesinha com o jarro de flores que eu tanto amava, se encontra no chão quebrados. Vou para perto do meu pai e tento ajuda-lo.

— Vem pai, deixa eu ajudar o senhor a se levantar.

— Me-me deiiiixa... — Fala todo enrolado com as palavras.

— Pai, só quero te ajuda.

— Sai daqui, Amanda! Eu não aguento mais ficar te vendo, sempre a boa samaritana. — Fala me empurrando com as pernas, e isso me magoa profundamente. Saio de perto dele e volto para meu quarto, passo a chave na porta e caio no choro na minha cama, adormeço depois de tanto chorar.

Acordo muito cansada, os índices do meu sonho perfeito desapareceram, no mesmo instante em que as imagens do meu pai caído no chão e gritando comigo invadem a minha mente, levanto da cama sem nenhuma vontade de fazer nada, quando chego no banheiro e me olho, meu rosto está completamente inchado, meus olhos quase não se dá para ver, tiro a roupa e entro debaixo do chuveiro, tomo um banho morno, que me ajuda um pouco a relaxar, saio do banheiro me visto e vou para cozinha tomar café, não vejo meu pai, o canto perto da porta está arrumado, a bagunça da madrugada passada já não se encontra lá, assim que termino meu café, pego minhas coisas e vou para o ponto, a brisa fresca me acerta, acentuando ainda mais minha vontade de ficar em casa deitada, o ônibus que sempre demora, chega junto comigo, entro e fico em pé em um canto, fecho meus olhos me permitindo, esquecer toda a tristeza da noite anterior, meus pobres alunos não merecem isso, eu não mereço isso, as vezes me pergunto por que Deus foi tão injusto comigo, mesmo quando minha mãe e meu irmão eram vivos, minha vida não era tão diferente, sempre fui a faz tudo, a responsável da família desestruturada que eu sempre tive, meu pai que só bebia de vez em quando, passou a beber todos os dias, depois da morte deles. E sempre que está bêbado ele me culpa, e eu não sei por que, talvez seja por que sou igual a minha mãe, e isso deve aterroriza-lo. O ônibus para no ponto da escola e eu desço, dessa vez coloquei todos os trabalhos numa pasta, caso chova eles estarão protegidos. Assim que entro na escola vou direto para minha sala, um tempo depois meus alunos começam a entrar e se sentarem em seus lugares. E minha tristeza vai se adormecendo, pelo ao menos, por enquanto. Meus alunos vão preenchendo a sala e aquele vazio esmagador que me sondava, amenizou um pouco, com esses pimpolhos a diversão é certa, com eles não existe tempo ruim. Distribuo a folha com a tarefa deles, e eles logo se ocupam com atividade, e eu fico pensando na minha vida, em meu pai, em como será que ele está, nas suas palavras duras, toda vez é a mesma coisa, e para completar a situação um senhor moreno muito gostoso não sai da minha cabeça, fazendo minha calcinha ficar úmida, mais que raiva. Ele tem que ser tão gato assim? Continuo com meus devaneios até o sinal tocar, e assim foi a semana toda, o tempo não deu trégua também, um dia fazia sol e no outro um diluvio. Mas como dizem por aí, nada melhor do que um dia após o outro. Pois meu final de semana foi uma merda, meu pai estava tão bêbedo que ate me agrediu, ele nunca tinha chegado a esse ponto, ao ponto de agressão físicas, antes era apenas verbal. Meus braços ainda estão com as marcas de sua mão. O pior é ter que usar roupas para esconder as marcas deixadas por ele. 

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