Toda vez é a mesma coisa, meu pai bebe até cair, no dia seguinte a sua farra particular ou doença, a casa se encontra nessa zona, não tenho tempo para arrumar nada, dormir muito mal a noite, e agora preciso ir trabalhar, olho mais uma vez para ele caído no sofá, e sei que quando ele se acordar, não se lembrará de nada do que aconteceu.
Estou cansada, queria que pelo ao menos, por uma fração de tempo eu pode-se ser uma mulher jovem normal, eu amadureci tão rápido depois da morte da mamãe e do meu irmão, que nem tive tempo para mim, faz anos que não sei o que é namorar, só tive um em toda a minha vida, nem casos por ai eu tenho, e com que tempo eu teria para isso, essa vida está me consumindo, mesmo quando minha mãe era viva eu tinha que trabalhar, lembro dela me dizendo, que eu tinha de ser independente deles financeiramente, e hoje no auge dos meus vinte e seis anos, é o meu pai que depende de mim. Sinceramente, minha vontade é de chutar o pau da barraca! Essa vida de Maria do bairro, é desgastante, meu Deus, me ilumina, desse jeito não dá para viver. Dou uma última olhada no meu pai e sigo para o ponto de ônibus, o caminho todo vou pensando em minha vida, em tudo o que já fiz para me divertir, sinto falta de sair, de ter amigos, todos me abandonaram depois que meu pai entrou nessa vida, aqueles que se diziam meus amigos, viraram as costas para mim, nunca me sentir tão sozinha, tão abandonada. Chego no ponto de ônibus e para minha sorte logo ele chega também, mas como sou azarada ele está mais lotado que o maracanã em dia de final de copa do mundo. Dentro do ônibus minha vontade é de chorar, pensar e repensar em tudo que já viver dói, como uma pessoa consegue nascer apenas uma vez, e ser assim, tão azarada? O pior de tudo é ter que me virar, por que se eu for esperar por eu pai, pobre de mim, sempre que está sóbrio ele nunca fala nada, não está mais no estágio de sofrimento é sim de autodestruição. E ficar noites em claros e noites mal dormidas, estão acabando comigo.
Duas longas horas depois estou no meu trabalho, mais suada do que pano de cuscuz. Assim que chego vou para a sala dos professores, e quando entro estão todos voltados para uma moça, a qual eu nunca tinha visto aqui na escola, quando percebem minha aproximação, eles me cumprimentam.
— Bom dia, Amanda. — Fala a professora de matemática, Luísa.
— Bom dia.
— Essa é a Daniele, professora de educação física. — Fala o vice-diretor, Rogério.
— Olá Amanda. — Fala ela me abraçando, e eu já simpatizei com ela.
— Olá Daniele. Sou Amanda, como já falaram. Seja bem-vinda. — Falo com um sorriso sincero, que em dias não aparecia.
— Muito obrigada, bom já vou indo, nos vemos na hora do almoço, pode ser? — Ela me pergunta.
— Claro! Até mais tarde. — Sigo também para minha sala, foco em meus alunos e nas lições que passei para eles, eu amo lecionar, essas crianças são minhas vidas, eles são mais que especiais para mim. São um dos motivos de continuar seguindo firme, todos os dias.
Como previsto na hora do almoço, Daniele veio se sentar comigo. Ela é toda carismática, uma pessoa divertida.
— Há quanto tempo você dá aulas aqui? — Ela me pergunta.
— Aqui foi meu primeiro estágio, desde então não sair mais daqui. Tem uns quatro anos, ou mais.
— Que legal, Amanda. Então todos aqui gostam muito de você! — Ela fala animada.
— Isso é, somos uma grande família. — Conversamos durante um bom tempo, quando o sinal bateu, ela foi para a quadra e eu para sala. A Dani, é uma pessoa muito simpática, acabei descobrindo que ela mora dois bairros antes de mim, se é coincidência eu não sei, mas, adorei saber. Ela é solteira e mora sozinha, saiu recentemente de um relacionamento que segundo ela, era igual uma montanha russa, ela é bem resolvida, isso se nota logo de cara. Espero poder firmar uma amizade longa com ela.
Quando o sinal toca e todos os alunos por fim, foram dispensados, eu pego minha bolsa e minha pasta e saio da sala de aula, quando estou passando perto da quadra vejo a Dani, vindo em minha direção.
— Amanda! — Ela grita, como se eu não a tivesse visto.
— Oie, Dani.
— Já vai para casa?
— Sim, estou cheia de coisas para fazer, como te disse meu pai é um alcoólatra, e com certeza deve ainda está apagado no sofá. Tenho uma casa para arrumar e outras coisas.
— Nossa, não sei como você aguenta tudo isso, eu já tinha pirado. Por isso escolhi viver sozinha. — Por um breve segundo, me permito imaginar como seria se eu morasse sozinha, mas isso logo foge da minha cabeça, quando me lembro da minha triste realidade.
— Eu não tenho escolhas, Dani. Ou eu faço, ou vivo no meio da porquice.
— Eu entendo. Bom vamos juntas para o ponto de ônibus? — Pergunta ela.
— Sim, vamos. — Seguimos juntas para o ponto, enquanto isso vamos conversando sobre seu primeiro dia de aula. — E o que você achou da sua turma?
—Eu adorei, antes dava aulas para o ensino médio. Mas prefiro o fundamental, os alunos são mais calmos. — Comenta ela e rimos, eu sei bem como é isso, já tive que dá aulas para o ensino médio no meu período de estágio. Eu odiava.
— Que bom, fico feliz, os alunos do fundamental são uns amores.
— Sim eles, são. — Chegamos no ponto e sentamos para esperar a condução. — Amanda, toda as tardes você faz as mesmas coisas?
— Sim. — Respondo, olhando para ela.
— Mas, você não tira um tempo só para você? Tipo para sair para tomar uma cerveja ou dançar com suas amigas? — Olho para ela, intrigada. Ela deve estar pensando que sou uma anormal.
— Eu não tenho amigas, todos me viraram as costas depois que souberam sobre meu pai. E eu não tenho tempo, nem me lembro quando foi a última vez que sai para dançar. — Penso triste.
— Você vai começar as fazer as coisas que tem vontade. Amanda você não pode só viver em prol do seu pai, se ele não se esforçar ela não vai sair dessa vida, isso é um vicio maldito que só destrói famílias, se ele te ama, ele tem que pensar em você. — As suas palavras me machucam, mas pelo fato de serem verdadeiras, meu pai tem que se esforçar, eu sempre digo isso para ele.
— Ele sabe disso, Dani. Eu mesma falo isso para ele. — Ela não fala mais nada e para nosso alivio o ônibus chega entramos e nos sentamos, seguimos em silencio até que ela se levanta para descer, ela mora dois bairros antes de mim.
— Até amanhã, Amanda. Você tem meu número, qualquer coisa que você precisar me ligue.
— Pode deixar, é você também. Até amanhã. — Ela desce e eu continuo sentada, olhando as ruas, as pessoas conversando animadamente, suas vidas aparentemente tão perfeitas, e quando dou por mim, já estou no meu ponto, levanto e desço do ônibus, e sigo caminhando durante mais dez minutos até chegar na minha casa.
Assim que entro percebo que meu pai nada fizera. Vou até meu quarto onde deixo minha bolsa e minha pasta e tiro as sapatinhas, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e volta para sala, para arrumar a casa. Começo juntando toda a roupa suja que está jogada pela sala, e retirando as capas dos sofás e almofadas, feito isso coloca em uma bacia, e começo a varrer a sala e juntando todo lixo, levo as roupas e coloca na máquina para ir lavando, volto para sala e tiro o pó dos moveis, logo após pego o balde com água e desinfetante e o rodo com um pano e começo a limpar todo o chão. Depois da sala toda limpa passo para os outros cômodos, quando por fim termino já passam das oito da noite, estou morta de cansada, mas também liguei toda a casa, ela está tão limpa. E toda a tarde, não tive um sinal de onde está meu pai. Espero que ele não chegue caindo pelas tabelas de bêbado, de novo.
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Meus amores, desculpem meu sumiço, porem como eu tinha avisado que estava com problemas com o note, já conseguir arrumar, agora é só encaixar os dias das postagens. Quero avisa-los que estou postando sem revisar, vou postando conforme vou escrevendo, quando o livro tiver concluído ai sim revisarei. Então peço que relevem os erros, desejo uma boa leitura, e não deixem de votar e comentar, isso me ajuda muito, e fiquem a vontade para compartilhar e convidarem seus amigos a conhecerem a historia.
Beijos enormes, e até o próximo capitulo.
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Meu Protetor RETIRADO PARA AMAZON! Alguns Capitulos Para Degustação!
Storie d'amoreObra registrada, todos os direitos autorais, pertencentes a autora. Plagio é crime! O que fazer quando a vida insiste em te golpear? Você se entrega as frustrações, ou ergue a cabeça e corre atrás dos seus objetivos? Mesmo depois de ter passado...