O Violino...

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Sem ele, era um só.

Nada de adjetivos, nada de eloquência,

nada de nada, apenas ele.

E ele, quem era?

Ninguém sabia ainda,

Apenas eu.

Mas eu sabia melhor ainda quem era ele, quando via os dois juntos.

Ele sentava e o segurava com maestria.

Talvez uma respiração profunda surgisse,

não pelo medo de errar, mas pelo desejo de trazer o céu em suas mãos.

Não para ele sozinho, e sim para uma grande multidão.

Delicadamente punha cada uma das mãos a repousar em seu devido lugar,

uma ficava nas cordas e a outra no arco.

Inclinava a cabeça e olhava com atenção para a partitura,

e então deixava que o encanto começasse.

Das suas mãos , brancas e pálidas mãos,

saia a tradução perfeita que convertia notas em sentimentos.

Sentimentos que passavam a morar em almas.

Seus olhos fixos se importavam apenas com a execução apurada

de cada pentagrama.

O arco ia para cima e para baixo incontáveis vezes, e os dedos faziam um vibrato.

Nunca vou saber se me encantava mais com o som ou com quem o fazia nascer.

Depois quando encerrava-se a melodia, aquela parte celeste o deixava,

então voltava a ser ele com seus sonhos e pesadelos, realidade e devaneio,

anjos e demônios.

Os olhos deixavam a seriedade um pouco de lado

e davam lugar há algo sombrio e belo

equando eu os olhava sabia que eram a chave para seu coração.   

A flor sensível da AntártidaOnde histórias criam vida. Descubra agora